Quando a McLaren criou uma versão de rua do seu GT4, certamente sabia que algum exemplar poderia ser destruído por pilotos de fim de semana. Mas o que aconteceu na Filipinas certamente não estava nos planos.
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Isso porque autoridades locais, combatendo o contrabando de produtos luxuosos, resolveram agir com firmeza, destruindo uma das poucas unidades do McLaren 620R, que havia ingressado ilegalmente no país. O V8 de 620 cv teve apenas 225 unidades produzidas; uma delas apreendida após entrar no país asiático “disfarçada” de Porsche Cayman.
Além disso, foram destruídos um Lotus Elise, um Bentley Flying Spur, um Porsche 911, um Mercedes-Benz SLK, Hyundai Genesis e um Toyota Solara. Em fevereiro, operação semelhante deu mesmo destino a 17 unidades, incluindo várias Toyota Land Cruiser.
A operação de hoje ocorreu no porto filipino de Cagayan de Oro, onde alguns dos produtos ingressaram no país sem pagar imposto, de acordo com o Board of Customs local (equivalente à alfândega da Receita Federal). Todos os carros foram importados entre 2018 e 2020 por diferentes proprietários.
Em agosto de 2020 o Board of Customs havia apreendido um Mclaren 620R que tentara entrar no país declarado como um Porsche Cayman — mais barato e, portanto, sujeito a taxas mais leves. Avaliado em R$ 3,3 milhões, o esportivo inglês deveria pagar exatos R$ 1.677.168,89 mas, com a declaração forjada, esse valor seria reduzido a menos de 9% do montante inicial.
Sem perdão
Ao contrário de países como o Brasil, onde apreensões do tipo costumam ir a leilão, nas Filipinas é comum a destruição pública de bens contrabandeados. A prática é incentivada pelo presidente Rodrigo Duterte, que, em 2017, assinou ordem executiva para facilitá-lo e “reiterar a necessidade de destruir carros contrabandeados e enviar mensagem firme de que o Governo é sério na luta contra o comércio ilegal”.
Para a execução da “pena de morte”, os veículos foram destruídos por um trator, em espetáculo armado e com direito a plateia e trilha sonora rock n’ roll. “Essa negligência tem que parar de uma vez por todas, assim como a aquisição de veículos contrabandeados pelos próprios contrabandistas, disfarçados em procedimentos legítimos de leilão. Somente assim teremos um jogo com regras justas para empresas legítimas e responsáveis”, disse o comissário do BOC Rey Leonardo B. Guerrero, que acompanhou a destruição.
Ainda que haja apoio da população, a destruição de veículos caros e com importância histórica gerou criticismo e apelos de que, na próxima vez, um leilão seja feito apenas para estrangeiros, destinando o dinheiro arrecadado a benfeitorias no país. O órgão alfandegário, entretanto, ressalta que segue ordens de cima.
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