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Por que o Volkswagen Gol vai sair de linha em 2022?

Atual geração do hatch terá produção encerrada em 2022, Modelo até poderá ressurgir como SUV, mas terá o primeiro hiato na produção em quatro décadas

Por Henrique Rodriguez Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO
Atualizado em 21 nov 2022, 16h12 - Publicado em 8 nov 2021, 14h42
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    Gol é o automático mais barato da Volkswagen (Christian Castanho/Quatro Rodas)

    O Volkswagen Gol como conhecemos deixará de existir no final de 2022. A informação foi dada pelo presidente da Volkswagen na América do Sul, Pablo Di Si, em coletiva de imprensa na última sexta-feira

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    “O Gol é um ícone como o Fusca ou a Kombi. Ele continuará a ser produzido em 2022, mas no futuro, esses veículos não vão atender a nova legislação. Está sendo processo assimilar, porque a legislação mudou e vai afetar o Gol. Continuaremos produzindo, mas nossa estratégia no futuro será a plataforma MQB.”, disse o executivo.

    Quem assumirá o posto de carro de entrada da Volkswagen a partir do início de 2023 será o Polo Track, versão com design diferenciado e alguma proposta aventureira que assumirá o lugar das versões de entrada (1.0 MPI e 1.6 MSI) do Polo.

    O que fica no ar é se um dos quatro novos carros compactos que a Volkswagen vai lançar na América do Sul entre 2022 e 2026 (sob um investimento de R$ 7 bilhões) será um substituto para o Gol ou mesmo uma nova geração dele. Contudo, são grandes as chances de este “novo Gol” ser, na verdade, um SUV de entrada.

    Por que o Volkswagen Gol vai sair de linha em 2022?
    Produção do Gol em Taubaté (SP), onde nova família de compactos será produzida (Divulgação/Volkswagen)
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    Fato é que será uma família de carros de entrada que contemplará uma picape compacta nacional (substituta da saveiro) e uma picape intermediária (derivada do conceito Tarok) a ser fabricada na Argentina.

    Mas por que o Volkswagen Gol que conhecemos sairia de linha após mais de 40 anos como um dos carros de maior sucesso do Brasil? Separamos cinco motivos que pesam para isso.

    1 – Projeto antigo

    O Volkswagen Gol vive a mesma geração desde 2008. Não surpreende, portanto, que sua plataforma (assim como a de Voyage e Saveiro) ainda seja a PQ24, lançada em 2002 com o Polo. Isso impõe limitações técnicas quanto a ergonomia, espaço interno e também limita as atualizações que poderiam ser feitas para enquadrar o Gol em novas legislações.

    VW Gol

    Inclusive o motor 1.6 8V de 104 cv deixará de ser fabricado ao fim de 2021 por causa das novas regras de emissões do Proconve L7.

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    A nova família de compactos será baseada em uma variação da plataforma modular MQB, mesma usada em todos os outros Volkswagen produzidos no Brasil atualmente.

    2 – Equipamentos de segurança

    A família Gol passou por atualização de sua eletrônica embarcada na reestilização lançada em 2012. Mas isso seria insuficiente para, por exemplo, adotar controle de estabilidade – um equipamento que será obrigatório em todos os carros novos a partir de janeiro de 2023. Hoje, nem mesmo as versões com câmbio automático de Gol e Voyage têm controle de estabilidade.

    VW Gol
    Painel até foi atualizado, mas estilo e ergonomia estão datados (Christian Castanho/Quatro Rodas)

    Não valeria a pena desenvolver controle de estabilidade para a linha Gol, pois um ano depois, em janeiro de 2024, proteção contra batidas laterais, faróis de rodagem diurnos e o aviso de não afivelamento de cintos de segurança se tornarão obrigatórios.

    3 – Carro compacto ficou caro

    Hoje, os preços do Volkswagen Gol variam entre os R$ 67.790 da versão 1.0 básica e os R$ 90.820 do Gol 1.6 16V automático completo. É caro, assim como ficou muito caro comprar qualquer carro zero quilômetro. Contudo, a concorrência do Gol é de carros mais novos, equipados e mais confortáveis. É difícil concorrer assim. 

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    2008: Gol geração 5, última grande evolução do modelo
    2008: Gol geração 5, última grande evolução do modelo (divulgação/Volkswagen)

    A Volkswagen sabe disso. “As novas legislações exigem carros cada vez mais seguros e com menor emissão de CO2”, afirmou Pablo Di Si. Ao mesmo tempo, o consumidor exige mais equipamentos de série dos carros novos, como uma central multimídia com tela maior, mais conectividade e equipamentos de segurança que vão além dos dois airbags dianteiros obrigatórios. Isso tem um custo, que é repassado ao valor final.

    4 – O brasileiro quer SUVs

    O Renault Kwid antecipou uma tendência quase mundial: a de que até mesmo os carros de entrada terão pegada aventureira típica dos SUVs. É uma suspensão mais alta para evitar raspões em rampa, uma moldura plástica nas caixas de roda que evitam danos maiores ao raspar em uma pilastra ou um rack no teto que na maior parte do tempo não serve para nada.

    CrossFox Urban White (6)
    Gol Track e Up! Track dão uma ideia de como pode ser o futuro dos hatches compactos (Henrique Rodriguez/Quatro Rodas)

    É por isso que o novo carro de entrada da Volkswagen será justamente um Polo Track. E também é por isso que a nova geração do Gol tende a ser um SUV menor que Nivus e T-Cross. Fato é que, mesmo que mantenha o nome, o novo carro só será lançado em 2024. Haverá um hiato na produção do Gol que nunca foi visto desde o seu lançamento, em 1980.

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    5 – Carro de locadora

    Após anos como coadjuvante entre os carros compactos, o Volkswagen Gol viu suas vendas dispararem em 2020. Foram 71.151 unidades emplacadas no ano, ocupando a quarta posição no ranking geral entre os automóveis. Mas foi o carro mais vendido do Brasil em vendas diretas, com 50.494 emplacamentos. 71% de todos os Gol vendidos em 2020 foram destinados a empresas.

    A tendência segue em 2021. De janeiro a outubro, dos 51.035 VW Gol emplacados, 34.500 foram para empresas, quase 68% do total. Isso tem explicação: quando a produção de carros com mais equipamentos eletrônicos parou, havia maior disponibilidade de produção do Gol, justamente por ser um projeto mais antigo. Não à toa, locadoras compraram grandes lotes do hatch.

    Vendas diretas não são as mais lucrativas para as fabricantes, que acabam lucrando pela quantidade. Em momentos normais, porém, ajudam a compor a demanda para manter o ritmo de produção ideal. Com a crise dos semicondutores, essa equação está cada vez mais inalcançável.

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