O mecânico especialista em restaurar caminhões militares
Fascinado pela história das Forças Armadas, Marcio Ferreira repara caminhões militares e os coloca para rodar o Brasil
O mecânico paulista Marcio Ferreira, 52 anos, não quer saber de vida mansa. O negócio dele é dirigir caminhão. De preferência aqueles rústicos dos anos 70, sem ar-condicionado nem direção hidráulica.
E isso nem é o pior: ele já chegou a percorrer 5.000 km ao volante de um desses brutamontes e conseguiu a façanha de trazer um modelo russo sem freios de Goiás até São Paulo. “Tive que ir bem devagar, só usando o freio motor e o freio de mão”, relembra Marcio.
Atualmente, ele tem sete caminhões militares e três jipes. “Faz 30 anos que tenho essa paixão. Meu pai era soldado e sempre adorei esse tipo de veículo. Juntei minha fascinação pelas Forças Armadas com meu encantamento por motores e pesados.”
Ele acabou de comprar um russo Ural 1979 6×6, que está na sua lista de preferidos ao lado de um caminhão americano Studebaker US6 1942.
“É um dos modelos mais raros que tenho. É por isso que sua restauração já está demorando mais de oito anos.” Entre os outros queridinhos também estão o americano Jeep Kaiser 1969 e o nacional Mercedes 1519 1977.
Por falar de restauração, ele gosta de dizer que faz questão de colocar a mão na massa na sua oficina. E, quando não encontra a peça original, ele mesmo fabrica o que precisa.
Além do prazer de ver esses caminhões antigos ganharem vida, Marcio adora dirigi-los em passeios com um grupo de amigos. Como todos compartilham a mesma paixão, decidiram criar a equipe Adventure Truck Brasil.
Ao lado deles, Marcio já fez diversas viagens em comboio, cujo recorde foi com 25 caminhões. “É maravilhoso ver todos aqueles pesados 6×6 passando pelos obstáculos da trilha”, diz.
Sua próxima expedição será a maior: 12.000 km na Transamazônica. “O desafio é grande, mas estamos a bordo de modelos aptos a ir à guerra. Nada pode ser mais desafiador do que isso”, diz o mecânico.
Dos dez veículos, só ele e outros dois vão rodando de São Paulo até o destino final. “O resto do grupo vai de avião e encontrará seus caminhões lá, no início da trilha. Mas eu prefiro enfrentar a viagem no lugar que mais gosto de estar: na boleia dos nossos militares de estimação”, brinca Ferreira.