Se Leonardo Da Vinci tivesse feito um carro como ele seria? É algo difícil de se imaginar, já que o artista e cientista italiano morreu mais de trezentos anos antes da invenção do automóvel. Mas foi seguindo sua “mentoria” e unindo arte com tecnologia que Horacio Pagani, fundador e presidente da Pagani Automobili, desenvolveu o projeto C10, agora batizado de Pagani Utopia.
Além da inspiração em Da Vinci, Pagani também levou em consideração a opinião de quem mais interessa: os consumidores. A partir de relatos de donos dos seus modelos anteriores, a equipe chegou ao consenso de que se basearia nos pilares de simplicidade, leveza e prazer ao dirigir.
A união desses três pilares é bem nítida. Começando pelo motor, nada de sistemas híbridos ou elétricos super modernos e pesados. A Pagani resolveu ir pelo caminho mais simples e usou no Utopia um motor V12 biturbo da Mercedes-AMG, que desenvolve 863 cv e 112,17 kgfm, assim como no Huayra, modelo ao qual sucede. Apesar de ser um motor de combustão interna, a montadora teve cuidado com as emissões e confirma que ele está de acordo com as normas estabelecidas até pelo estado americano da Califórnia.
Para reforçar o quão tradicional é, a força chega às rodas traseiras coordenada pelo câmbio manual de sete marchas.
Para aqueles que abrem mão do prazer ao dirigir para ter mais conforto, o Utopia também tem a opção de transmissão automatizada de sete velocidades feita pela Xtrac. A Pagani não quis usar uma transmissão de dupla embreagem, mais comum em hipercarros, por ser mais pesada e afirma que estão usando a caixa de câmbio mais rápida do mercado.
Ainda para evitar peso desnecessário, foram desenvolvidos materiais especiais. O monocoque é feito de Carbo-Titanium HP62 G2 e Carbo-Triax HP62, dois materiais patenteados pela Pagani. Ainda há a utilização de liga de cromo no subchassi e fibra de carbono “Classe A”, que a montadora afirma ter 38% mais rigidez e a mesma rigidez que outras fibras. Com isso, o Utopia tem apenas 1.280 kg de peso seco.
Em relação ao design ele parece ser uma clara evolução do Huayra. A forma geral é semelhante, mas alguns detalhes foram modificados para trazer mais elegância e aerodinâmica.
A dianteira, se comparada ao antecessor, parece estar mais longa, com faróis mais horizontais e arredondados, além do novo para-choque que traz entradas de ar maiores nas extremidades. Enquanto na traseira o clássico escapamento quádruplo centralizado ainda chama muita atenção, mas o destaque está no grande aerofólio circular.
O interior é praticamente uma viagem no tempo. O Utopia é elegante e moderno, mas sem deixar de ser retrô. A Pagani o descreve como atemporal, muito dessa experiência deve-se ao fato de haver apenas uma pequena tela entre os mostradores analógicos do velocímetro e do conta-giros.
Na parte central há uma grande quantidade de botões, interruptores e seletores, todos analógicos. Não há central multimídia. Possivelmente, o Utopia será o pioneiro de uma nova tendência entre os carros, que busca diminuir a quantidade de telas e trazer os controles com mais resposta tátil de volta. Talvez esse seja o motivo do seu nome, que foi retirado do livro de Thomas More e significa algo ou lugar idealmente perfeito, mas que não existe.
O Pagani Utopia terá apenas 99 unidades produzidas, que serão feitas sem pressa, uma por semana na fábrica de San Cesario sul Panaro em Modena, na Itália. Porém, de acordo com Christopher Pagani, diretor de marketing da marca, todas elas já estão apalavradas com seus futuros donos e custaram 2,5 milhões de dólares cada, equivalente a R$ 12.750.000.
Os modelos de transmissão automatizada serão entregues primeiro, provavelmente, em meados de 2023, enquanto os manuais devem chegar um pouco depois.