Os empregos dos sonhos para quem é apaixonado por carros
Fotógrafo, designer, piloto de testes, jornalista automotivo: as profissões que qualquer entusiasta gostaria de ter
Já que trabalhar é algo do qual a maioria de nós não tem como escapar, o ideal é escolher uma atividade que nos agrada. Nada melhor do que ser pago para fazer algo que traz satisfação. No setor automotivo não é diferente – e a área está cheia de entusiastas ou gearheads que escolheram esse ramo justamente para ficar próximo dos carros. É o caso de quem trabalha aqui na QUATRO RODAS, por exemplo.
Há diversas profissões ligadas à área que necessitam conhecimentos de exatas, humanas e artes. Mecânicos, engenheiros automotivos, fotógrafos, designers, pilotos, todos têm ocupação garantida, ainda que de forma limitada. Se você é um dos apaixonados que almeja ficar o mais próximo possível de sua paixão durante o horário do expediente, veja essa lista:
Piloto de testes
Possivelmente é um dos empregos mais desejados para quem gosta de carros. Pré-requisito: gostar de dirigir, ter aptidão para dirigir e sensibilidade para identificar e transmitir dados técnicos para os engenheiros. Ou seja: nesse caso, gosto e talento nem sempre andam juntos.
Treinamento é essencial. Há cursos de pilotagem esportiva, direção defensiva e mecânica que ensinam a técnicas e ajudam o aluno a aprimorar suas habilidades. Mas não se engane. Não pense que um piloto de testes dos fabricantes ou sistemistas passa o dia arrepiando o asfalto em alta velocidade.
Na verdade, a maioria dos testes são monótonos, repetitivos e requerem um sem-fim de relatórios e análises por computador que consomem mais tempo atrás do computador do que atrás do volante. Ainda assim, é sua chance de ganhar a vida fazendo o que mais gosta: guiando e ajudando a desenvolver automóveis.
Há pilotos lendários, como Valentino Balboni, que até teve seu nome estampado em uma série especial da Lamborghini. Ele, no entanto, é a exceção. O piloto de testes de fabricantes, no geral, faz um trabalho anônimo. Pode até haver momentos de empolgação. No dia a dia, porém, a rotina domina o clima.
Jornalista automotivo
Uma das atividades mais gratificantes desse profissional é a “tarefa” de conferir de perto os lançamentos de veículos, conhecer em primeira mão carros que ainda não tocaram o asfalto e guiar diferentes automóveis em pistas fechadas e até autódromos, muitas vezes trocando ideias e impressões com os responsáveis pelos projetos.
A emoção de fotografar um segredo (ou receber um por e-mail pelos leitores) não fica atrás, já que isso é a oportunidade para fazer uma grande matéria e mostrar ao mundo como será o aguardando futuro modelo.
Também há a oportunidade de visitar os maiores salões do automóvel do mundo em dias reservados à imprensa, sem o usual tumulto dos dias abertos ao público, e a possibilidade de dirigir em outros países.
Mas há também trabalho de escritório. Horas ao telefone para apurar informações e descobrir dados que, muitas vezes, não é do interesse das empresas divulgar. Fazer o teste de pista de um popular 1.0 com o ar-condicionado desligado e os vidros fechados – nosso padrão para testes de desempenho e consumo – também não é lá muito agradável.
Jornalista também não está entre as profissões mais bem pagas que existem, muito pelo contrário – se você soubesse dos carros que cada redator da QUATRO RODAS possui na garagem, ficaria com pena, e jamais nos acusaria de receber pagamentos das montadoras em troca de matérias favoráveis…
Mecânico
Esse profissional lida com graxa todo dia. E não tem como não sujar as mãos. Mas os mecânicos, para permanecer em dia com as últimas tecnologias, precisam passar muito tempo atrás do computador. Além de saber lidar com ferramentas “raiz”, é necessário estar em dia com eletrônica, informática e elétrica.
Cada vez mais o diagnóstico de defeitos ou falhas automotivas é realizado por scanners eletrônicos, o que exige do mecânico uma carga insana de conhecimento. Quanto mais sofisticados os carros, maior a especialização. Não é à toa que existem oficinas dedicadas a uma marca ou outra.
Essa profissão vai além do conhecimento técnico: não basta ser entendedor de virabrequim, pistões, cabeçote, válvulas, correias, etc. Tem que ter sensibilidade, saber ouvir cada ruído para encontrar soluções que muitas vezes não são óbvias.
Há também outro tipo de profissional: os preparadores. Gente especializada em extrair o máximo de veículos originais e fazer modificações que permitam ao dono atingir os objetivos que deseja. É um ofício que exige técnica, experiência, sensibilidade e capacidade de aprender com os próprios erros. Ou seja, mais suor do que romantismo.
Engenheiro de equipe de automobilismo
Esse é o mecânico ultra-especializado em determinados componentes (e de alto desempenho). Engenheiro de times de corridas não sabe de tudo sobre o carro, mas conhece cada milímetro de um sistema específico, como os freios ou a suspensão. É uma atividade extremamente complexa, desgastante, e que exige um nível estratosférico de conhecimento.
Não por menos essas posições são ocupadas com profissionais experientes, com formação além do curso superior. Não espere sair da faculdade e entrar nessa no primeiro escalão: é preciso comer muito feijão antes de ser aceito em uma equipe de alto desempenho.
Além de poder ouvir de perto o ronco dos bólidos de competição, a exemplo de modelos que competem na WEC (Campeonato Mundial de Endurance), Fórmula Indy e Fórmula 1, o engenheiro que trabalha em equipes de automobilismo pode atuar no desenvolvimento de chassis e de motores.
Trabalha-se com muita pressão, prazos apertados, e com pouquíssima margem de erro. Mas com muito glamour por tabela – principalmente as viagens, que podem se estender por todo o globo.
Funcionário de museu automotivo
Acordar cedo para ir trabalhar num museu automotivo não deve ser uma das tarefas mais árduas a se fazer no dia. Ter o privilégio de conviver diariamente ao lado de carros que marcaram época, ditaram tendências, das mais variadas carrocerias e cores é um prazer imensurável para um apaixonado por automóveis e, se essa pessoa for um antigomobilista, mais ainda.
Se você deseja arrumar um emprego num museu automotivo, desfrutará de momentos junto a modelos equipados com motores aircooled a propulsores V8 big block. Além disso, você será o responsável por fazer o check list em cada carro, conferindo a calibragem dos pneus, o nível do óleo do motor e mantê-los tão limpos como a cozinha de um restaurante de um hotel cinco estrelas.
Claro, poderá ligá-los de vez em quando para ouvi-los e manter a saúde do motor em dia, viajando na década que aquele antigo foi produzido. É possível que financeiramente esse trabalho não seja suficientemente compensador. No entanto, sem dúvidas, é altamente recompensador.
Designer automotivo
É comum que gearheads comecem sua carreira de entusiasta por meio de desenhos, ainda na infância. Depois, vêm os carrinhos na escala 1/64 – os famosos Hot Wheels. Mas pode acontecer de os rabiscos de criança evoluírem para projetos em CAD – um software de desenho industrial.
No caso, uma das principais ferramentas do designer automotivo. Embora atualmente haja tecnologia para desenvolver o design de um veículo por meio de softwares (capazes de mostrar até o produto em sua forma final), hoje o trabalho manual ainda é primordial e indispensável.
Afinal, o início de todo projeto nasce por meios de rabiscos numa folha de papel. O designer automotivo precisa dominar técnicas de desenho, ter conhecimento histórico das marcas, entender de mercado (para identificar necessidades dos clientes) e de ferramentas de criação digital.
Praticamente todas as marcas têm times de designers ao redor do mundo. E esse tipo de profissional é essencial para o desenvolvimento de qualquer tipo de bem de consumo. No ramo automotivo, há gente especializada em desenhar farois, painéis, pneus e até as chaves dos carros.
Fotógrafo ou cinegrafista de carros
O dom de eternizar um carro através de um clique é para poucos. Essa é uma missão de um fotógrafo automotivo, que tem a tarefa de mostrar as características de cada veículo da melhor forma possível. O fotógrafo ou cinegrafista precisa entender como as formas criadas pelos designers interagem com a luz e o ambiente.
Além disso, o fotógrafo automotivo tem que ter a sensibilidade de escolher a locação que mais se entrosa com o carro e a luz que melhor exalta as suas linhas. Uma mescla de paixão e dedicação que pode ser definida numa frase do fotógrafo Henri Cartier-Bresson. “Fotografar é colocar na mesma linha de mira a cabeça, o olho e o coração”.
Isso não é diferente para o cinegrafista. Seu trabalho demanda também aplicações de enquadramentos, com planos e ângulos diversos, bem como movimentos no quadro e câmera. Seja qual for sua escolha entre essas duas profissões, é garantida a oportunidade de conhecer o Brasil e o mundo de ponta a ponta, bem como momentos singulares na presença de carros luxuosos, esportivos e clássicos.