Nissan Sentra pode mudar produção do México para os EUA e prejudicar o Brasil
Produção pode ser transferida para evitar as tarifas nos EUA, porém vai passar a pagar 35% de imposto de importação para entrar no Brasil

As incertezas provocadas pelas novas tarifas de importação dos EUA sobre diversos países ainda estão provocando algumas reações nas fabricantes, principalmente naquelas que tinham alguns de seus principais produtos feitos fora do país. É o caso do Nissan Sentra, um dos modelos mais importantes da fabricante e que pode ter sua produção transferida do México para os EUA.
É o que revela o site Automotive News, que recebeu a informação de um fornecedor da Nissan. A ideia seria passar a fabricar o carro no Mississippi, uma fábrica que está utilizando apenas 50% de sua capacidade de produção.
Montar o sedã nos EUA ajudaria a evitar os 25% de tarifas aplicados sobre os produtos importados do México, algo importante considerando que o Sentra correspondeu a 20% das vendas da Nissan no mercado estadunidense em 2024. Se somar o Versa e o Kicks, esta participação pula para quase 1/3 das vendas.
Ainda é algo que a Nissan está estudando com cuidado. Evitar a tarifa pode ser bom, mas é necessário considerar as mudanças nos custos, como salário dos funcionários e uma possível troca nos fornecedores de peças. Há chances de que transferir a produção acabe não sendo vantajoso e provoque uma queda na lucratividade.

Oficialmente, a Nissan não confirma o fato, afirmando que não fez qualquer mudança nos planos e que sempre reavalia sua estratégia industrial de acordo com o mercado. Porém, o chairman da Nissan America, Christian Meunier, disse em abril que a possibilidade de mover a produção para os EUA existe e que vai depender de como vai ficar a situação das tarifas e de possíveis mudanças no acordo entre os dois países.
Se o Sentra for para os EUA, isso vai criar um grande problema para o Brasil. A Nissan aproveita o acordo industrial que temos com o México, com uma cota de veículos que podem ser importados sem serem taxados com o imposto de importação de 35%. Isto ajuda o sedã médio a ter um preço inicial de R$ 170.190, um valor que permite competir com o Toyota Corolla.
O sedã hoje é o modelo menos vendido da Nissan no Brasil, porém com um bom volume para o segmento. Emplacou 6.014 unidades em 2024, fazendo com que seja o segundo sedã médio mais vendido. Tem um papel importante neste momento por preencher uma lacuna no portfólio nacional como um veículo acima do Kicks, de maior porte e mais equipado – o único produto mais acima é a Frontier.