Nissan estaria próxima da falência e Honda pode ser sua salvação
Fontes confirmam que Nissan de "de 12 a 14 meses" para se recuperar e uma possível negociação entre Renault e Honda pode ser o que a montadora precisa
A situação da Nissan não anda muito fácil. Depois de entrar em “modo de emergência”, a montadora pode ter pouco mais de um ano para garantir sua sobrevivência. Mas para que isso aconteça, os japoneses precisam achar um novo investidor majoritário, uma vez que os negócios com a Renault se encaminham para o fim.
A informação vem do site Finnancial Times, que ouviu dois funcionários de alto escalão da Nissan, sem revelar seus nomes. Segundo uma das fontes, a Nissan tem “12 ou 14 meses para sobreviver” e que a situação é difícil. “No final, precisamos que o Japão e os EUA gerem caixa”, completou.
A Renault parece estar fora da jogada. Desde que os franceses tiraram a Nissan da falência em 1999, a montadora japonesa detinha grande parte das ações da Renault, o que levou a formação da Aliança junto da Mitsubishi. Mas a fatia que antes era de 46%, hoje está em 36%, de acordo com o Financial Times.
Com a Renault saindo da jogada, a Honda se torna uma provável acionista majoritária, o que os franceses veem com bons olhos. Segundo fontes ligadas à Renault ouvidas pelo Financial Times, a montadora estaria disposta a vender suas ações da Nissan aos rivais conterrâneos. “Só poderia ser algo positivo (para o grupo francês)”, disse a fonte.
Em agosto, Honda e Nissan fecharam uma joint venture e seguem negociando um projeto de co-desenvolvimento de veículos elétricos. O objetivo maior da união é frear o avanço das montadoras chinesas. Na época, a parceria até levou o ex-CEO da Nissan, Carlos Ghosn a fazer previsões sobre o futuro de sua ex-empresa.
“Não consigo imaginar por um momento como vai funcionar entre a Honda e a Nissan, a menos que seja uma aquisição pela Honda da Nissan e da Mitsubishi com a Honda no banco do motorista”, disse Ghosn. “Vai ser uma aquisição, uma aquisição disfarçada”, completou.
Mas a Honda parece ser um dos caminhos para a recuperação da Nissan. Além da rival, dois dos principais ativistas da Ásia. Trata-se do Effissimo Capital Management, com sede em Cingapura, e da Oasis Management, de Hong Kong, que já tiveram como alvo grandes empresas de outras áreas, como a Toshiba e a Nintendo.
Enquanto um investidor não coloca as propostas na mesa, a Nissan se vira como pode para tentar conter a sua crise. No início desse mês, a empresa anunciou publicamente que entrou no “modo de emergência” com o objetivo de cortar gastos.
As medidas tomadas incluem cortar 9.000 empregos, atrasar o lançamento de novos carros, cortar 20% da sua capacidade de produção global e vender parte de suas ações da Mitsubishi. Atualmente, a Nissan detém 34% da conterrânea, mas o objetivo é chegar nos 24%.
Sobre possíveis negociações, nem a Honda nem a Nissan comentaram diretamente sobre o assunto. A Nissan disse apenas que “a parceria com a Honda é estrategicamente muito importante e esperamos acelerar a realização dos resultados de nossas atividades por meio de progresso regular no nível de gestão de ambas as empresas”.
Já a Renault, mesmo não estando diretamente envolvida com as outras duas, pode estar disposta a entrar na colaboração, e afirmou em um comunicado que apoiava um acordo onde as duas partes (Honda e Nissan) saiam ganhando.
Por fim, a Mitsubishi também parece estar de olho em uma possível parceria tripla com as rivais, uma vez que a sua tecnologia híbrida pode ser de grande ajuda para todas as partes na briga contra os chineses. “Estamos atualmente explorando todas as possibilidades e estamos ansiosos para cooperar em áreas onde podemos alavancar nossos pontos fortes”, disse a empresa.