Lançar um modelo só na versão mais cara também tem seus riscos
As marcas costumam trazer para o Brasil só a versão topo de linha, cara e equipada, e só depois as intermediárias. A estratégia visa aumentar os lucros
Na vida, aprendemos desde cedo que devemos começar por baixo para evoluirmos com o tempo. Na indústria automobilística, porém, essa regra é desrespeitada. Cada vez mais modelos estreiam só na versão cara e, tempos depois, ganham configurações mais baratas.
O Kicks é um bom exemplo. Chegou em julho de 2016 na versão top, SL, seis meses mais tarde, em novembro, ganhou a versão intermediária e só em maio de 2017 chegou a versão mais barata.
Com a Frontier não foi diferente. A picape estreou a nova geração em março na configuração LE – a de entrada, SE, só veio em novembro.
O último caso aconteceu com o recém-chegado Equinox. O modelo estreou apenas na versão Premier, topo de linha e após dois meses ganhou a configuração LT mais barata.
A prática é pensada para que o carro seja oferecido com o que tem de melhor. Isso tem dois benefícios: cria uma boa imagem do modelo e maximiza os lucros, já que modelos mais caros trazem faturamento maior para o caixa da empresa.
Quando as versões mais baratas são lançadas, o modelo tem a chance de ser relembrado pelo público, além de ter suas vendas reforçadas.
O próprio Kicks, por exemplo, teve 146% emplacamentos a mais em outubro de 2017 em relação ao mesmo período do ano passado.
A estratégia, porém, traz riscos. Pode espantar clientes que não têm dinheiro para levar a versão top e acabam desistindo, optando por levar um automóvel da concorrência.
Quem acha muito caro o Equinox Premier, de R$ 149.900, pode acabar migrando para o Jeep Compass Flex, de R$ 134.990.
Ao consumidor, só resta esperar que os lançamentos sejam à moda antiga, com todas as versões juntas, ou que as mais em conta não demorem tanto a chegar. Isso não é raro em modelos de entrada ou compactos. No segmento de luxo ou de nicho, a tendência é que os primeiros compradores paguem mais.