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Ford diz que motores “não importam mais” para a maioria das pessoas

Declaração do vice-presidente financeiro reforça como a marca norte-americana está mudando seu modo de pensar

Por Cristiane Barreto
25 jun 2025, 14h03
RAM-1500
 (Fernando Pires/Quatro Rodas)
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A Ford anunciou uma mudança significativa na forma como encara um dos componentes mais tradicionais de seus veículos: o motor. Durante uma apresentação, o vice-presidente financeiro da empresa, John Lawler, afirmou que o preço, eficiência e tecnologia a bordo passaram a ser os principais motivadores na decisão de compra.

Motor do Focus Sedan, da Ford, automóvel testado pela Revista Quatro Rodas.
(Acervo/Quatro Rodas)

Ele deixou claro que “os consumidores não se importam mais com motores”. A declaração reflete a transformação que está acontecendo no setor automotivo, em que a engenharia de motores a combustão, que antes era símbolo de identidade e inovação das marcas, perdeu espaço para a terceirização e a crescente participação da indústria chinesa

O mercado global tem assistido a um movimento acelerado em direção à compra de motores, transmissões e powertrains completos de fornecedores externos. Fabricantes como Chery, Great Wall Motors e Geely já produzem essa peça que equipa modelos vendidos em mercados ocidentais, muitas vezes sem que o consumidor final saiba a origem das peças.

Chery Tiggo 7
(Divulgação/Chery)
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Essa mudança na cadeia produtiva não é apenas pelo custo, o desenvolvimento de novas famílias de motores a combustão tornou-se um processo caro e demorado, com prazos que podem ultrapassar cinco anos e investimentos bilionários — em paralelo aos ciclos de renovação que demandam agilidade. Diante desse cenário, a compra de motores prontos de fornecedores externos passou a ser vista como uma solução pragmática por diversas marcas.

O contexto industrial na China reforça essa tendência. Segundo um levantamento publicado pelo Financial Times há uma crescente, na China, das denominadas “fábricas zumbis”, unidades de produção de veículos a combustão que continuam operando —  mas com níveis de produção muito abaixo da capacidade instalada.

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Esse fenômeno é uma consequência direta da queda acelerada na demanda interna por modelos movidos a combustão — impulsionada pela rápida adoção de veículos elétricos no mercado chinês. Com excesso de capacidade e estoque acumulado, muitas dessas fábricas passaram a buscar alternativas no mercado externo.

Para não interromperem as operações, algumas empresas optam por direcionar sua produção a exportação, atendendo principalmente mercados onde a demanda por carros a combustão ainda é relevante, como Rússia e México. A estratégia permite que as fabricantes chinesas mantenham parte da atividade industrial, além de gerarem receita em meio à transformação do cenário do país. 

Ao mesmo tempo, as montadoras tradicionais enfrentam desafios técnicos e financeiros para manterem suas próprias linhas de desenvolvimento de motores. O custo e o tempo para projetar, testar e certificar novos motores, principalmente em regiões em que as regulamentações são mais rígidas, incentivam as fabricantes a terceirizar esse processo — focando seus investimentos em tecnologias digitais, conectividade e eletrificação.

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Ford Territory 2026
(Henrique Rodriguez/Quatro Rodas)

Essa mudança estratégica também está alinhada com o comportamento do consumidor. Algumas pesquisas indicaram que sistemas de assistência à condução, central multimídia e eficiência energética se tornaram prioridades para quem compra um veículo. E o motor, embora seja essencial, não é mais um fator decisivo na escolha do modelo.

Para a Ford, a fala de John Lawler sinaliza uma mudança de paradigma, que deve impactar toda a cadeia produtiva e alterar a forma como a marca se comunica com os consumidores. 

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