Tão importante quanto a pilotagem defensiva é estar bem equipado. O equipamento de proteção deve ser justo no corpo para trazer segurança. Roupas e capacetes folgados podem até mesmo piorar as consequências de um acidente.
Em um mundo ideal, luvas, botas e forro de capacete deveriam ser feitos sob medida – regalia reservada aos grandes pilotos profissionais. Nem sempre o uso adequado do aparato de segurança combina com conforto. Roupas e capacetes ajustados chegam a trazer desconforto – sensação recompensada pela segurança.
Apertadinho
Todos os equipamentos são importantes, mas o capacete é o mais crítico. Ao contrário dos braços, por exemplo, que um piloto treinado pode recolher junto ao peito para evitar danos e ainda proteger o tórax, a cabeça é vulnerável em caso de queda e está sujeita a movimentos descontrolados. É impossível segurála com os músculos do pescoço.
O tamanho externo dos capacetes e seu peso são importantes. Quanto maior sua área frontal – e consequente arrasto aerodinâmico -, maior a dificuldade em manter a cabeça firme em alta velocidade, o que causa fadiga.
Fabio Guardiano Lima, gerente da Arai no Brasil, aconselha: “O primeiro passo é medir a circunferência da cabeça com fita métrica, dois dedos acima das sobrancelhas”. Essa medida determina o tamanho do capacete: P (ou Small): 55/56 cm; M (Medium): 57/58 cm e G (Large): 59/60 cm. Há ainda a medida Extra G: 61/62 cm (Extra Large).
O capacete tem que passar pela cabeça com certa resistência e ser justo na região do crânio. Se entrar folgado, confortavelmente, sem amassar as orelhas, peça um menor. Segundo Lima, o ideal é que você sinta certa pressão nas bochechas – sem exagero – e que, depois de vestido, fique firme. “Segure o capacete com as mãos e tente girá-lo lateralmente. Mesmo com a torção, a bochecha não deve afastar-se da forração lateral. Depois, tente realizar movimentos verticais: a cinta jugular deve estar ajustada firmemente, mas sem incomodar. O capacete não deve se mexer mais que a cabeça, como um conjunto só.”
Os pilotos de motovelocidade, quando equipados, parecem meio esquisitos fora da moto. A postura forçada pelo macacão é curvada à frente, com os braços afastados da lateral do corpo e meio flexionados. As pernas também não ficam totalmente estendidas. Entretanto, sobre a moto, a posição volta a parecer normal.
Ricardo Asa, gerente da Alpinestars no Brasil, assegura que o macacão com reforços e proteções, além de proteger o piloto, deve deixá-lo confortável e com agilidade suficiente para os movimentos na pilotagem extrema. E deve ser bem ajustado ao corpo, para diminuir o arrasto aerodinâmico.
Para escolher uma jaqueta ou calça, por exemplo, de couro ou material sintético, o critério não deve ser meramente estético ou de conforto. Essas roupas devem ser justas e na medida. Ao prová- las, tente montar sobre uma moto e assumir a postura de tocada.
Número certo
Atente também às proteções internas rígidas: prefira os equipamentos que oferecem esses reforços. Elas não devem parecer soltas quando testadas em movimentos laterais e longitudinais com as mãos. Se isso acontecer, é provável que a calça ou jaqueta seja grande para você – em alguns modelos, há cintas para ajuste que podem ajudar.
Em uma queda, elas se movem se as proteções rígidas são frouxas, deixando o lugar que deveriam proteger, o que torna aquela área crítica vulnerável. Se, por outro lado, a jaqueta ficar muito pequena, pode limitar os movimentos, prejudicando a pilotagem.
Com as calças acontece a mesma coisa. A melhor escolha será por aquelas que têm proteções rígidas nos joelhos e no quadril. A calça tem que ser justa o suficiente para manter os reforços no lugar certo, sem ser desconfortável ou limitar os movimentos. Na dúvida, fique com a mais ajustada.
As luvas também devem ser bem justas. Prefira as que tenham reforços na palma – duas, até três camadas extras de material resistente -, plaquetas rígidas em cima das dobras dos dedos e bom sistema de fechamento.
Luvas muito justas podem ter costura ou elástico que incomoda. Luvas de couro precisam de algumas horas de uso para amaciar e sempre lasseiam um pouco. Portanto, nunca escolha as mais folgadas.
Os pés, mesmo bem protegidos, também precisam ter mobilidade para os pedais. Uma boa bota deve permitir a sensibilidade necessária para a correta aplicação de força no freio e câmbio.
Geralmente, as botas especiais para motociclismo são compradas um número acima daquele dos sapatos convencionais, mas experimentar é indispensável. Se a bota for muito grande, pode atrapalhar na pilotagem durante as mudanças de marcha – dando topadas involuntárias na alavanca, fazendo errar engates e até deixando o motor entrar em ponto morto indesejado – ou causar perda de precisão nas frenagens. Bota apertada é desconforto total: pode fazer um curto passeio parecer uma torturante eternidade.
De qualquer modo, é fundamental experimentar seu equipamento pessoal de segurança cuidadosamente e sem pressa, sabendo que o conforto, nesse caso, não é a principal das preocupações. Nas compras pela internet, talvez seja necessário fazer a prova do modelo pretendido em alguma loja física, para definir o tamanho, e só então fazer o pedido virtual. Para justificar o esforço, o preço deve valer a pena.
>> Confira aqui os equipamentos de proteção.