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Entenda a verdade por trás dos ‘carros grávidos’ chineses

O calor pode sim causar bolhas em carros envelopados com vinil, mas será que elas chegam a ficar tão grandes como as da imagem?

Por João Vitor Ferreira
22 ago 2024, 11h31
Carro grávido na China
Na internet, vídeos e imagens de 'carros grávidos' viralizaram na internet (Reprodução/Internet)
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Se você está um pouco mais antenado nas redes sociais, em especial o X, deve ter visto uma cena inusitada nas últimas semanas: carros grávidos. Claro que o nome é apenas uma força de expressão, mas eles receberam esse apelido devido às grandes bolhas de ar que surgiram sob a camada de vinil usado no envelopamento da carroceria.

Envelopar o carro com vinil é uma alternativa mais barata e facilmente reversível para quem quer mudar a cor do carro sem repintar, mas tem suas desvantagens. Uma delas é que, em dias mais quentes, o material está sujeito à formação de bolhas de ar. Isso também pode ocorrer caso a aplicação tenha sido mal feita e, sob o sol forte, as bolhas tendem a aumentar.

Porém, as bolhas nos carros chineses estavam exageradamente grandes, mesmo considerando a forte onda de calor que passava pelo país e fazia as temperaturas subirem até os 40ºC.

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Vamos pensar um pouco: nós moramos em um país tropical e quente por natureza. Neste ano, Cuiabá registrou recorde de temperatura com 42ºC. No Rio de Janeiro, as temperaturas chegaram a 41,8ºC com sensação térmica de 59ºC. E ninguém viu nenhum carro envelopado “ficar grávido” no verão, certo?

Indo além de uma comparação entre países com altas temperaturas, o site Autopian tirou a limpo essa história. Utilizando fórmulas e cálculos, o engenheiro e escritor do artigo mostrou que, apesar do calor fazer sim o ar expandir as bolhas, uma temperatura de 40ºC não seria o suficiente para fazê-las crescer tanto.

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O engenheiro tomou como base uma bolha no vinil com aproximadamente 0,94 L de volume (ou um quarto no sistema imperial americano). Ela já é considerada bem grande e passível de mandar o responsável refazer o envelopamento, mas os números exagerados ajudam a ter uma noção melhor do exagero dos vídeos.

Ele assumiu que essa bolha foi feita a uma temperatura ambiente, de aproximadamente 20ºC. Se o clima ficasse mais quente, subindo para os 40ºC, e mantendo a mesma pressão atmosférica, o aumento seria de apenas 7%. Ou seja, na onda de calor a bolha passaria de 0,94 L para 1,004 L, muito diferente das bolhas vistas nos vídeos, que facilmente passam dos 10 L.

Cálculo Autopian
Cálculo feito pelo site Autopian prova que, em uma temperatura de 40ºC, uma bolha de 0,94L teria um aumento de apenas 7% (Autopian/Reprodução)

O cálculo do Autopian não considerou a liberação de gases do vinil. Mas o próprio autor explica que “simplesmente não é plausível que uma fina camada de vinil possa liberar tantos galões de gás – muito menos mantendo sua integridade estrutural e permanecendo visivelmente inalterada de qualquer outra forma”.

Então o que causou as bolhas? Você pode até pensar que é obra de alguma ferramenta moderna de inteligência artificial, mas talvez não seja bem isso.

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Bolhas como essa são comuns durante o processo de remoção do vinil. Para isso, os profissionais inserem ar-comprimido entre o vinil e a carroceria, fazendo com que surjam essas grandes bolhas e ele descole com facilidade.

Possivelmente, o responsável por fazer a primeira compilação de vídeos de “carros grávidos” viu as bolhas desse processo de remoção e, sem entender do que se tratava, decidiu compartilhar em suas redes com a informação.

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Não podemos afirmar com certeza se realmente foi isso que aconteceu. Mas fisicamente está comprovado que não foi o calor que gerou bolhas tão grandes nos carros chineses.

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