É assim que se dirige um carro adaptado para PcD
Dirigimos um Nissan Sentra que pode ser conduzido apenas com as mãos. Marca teve crescimento de 600% nas vendas para público PcD
A Nissan fechou o ano de 2017 com 8.509 unidades vendidas a pessoas com deficiência.
Esse número representa um crescimento de 600% nas vendas da marca para este público, quando comparado com 2016.
A nipônica sempre atuou neste segmento, mas o transformou numa das peças-chave de sua estratégia com o lançamento, em junho de 2017, do programa Nissan Mobilidade Para Todos.
A chegada de novos produtos, como o Nissan Kicks nacional, e a introdução de versões elegíveis às isenções, como os modelos Nissan March e Nissan Versa com câmbio CVT, possibilitaram o crescimento da fabricante no segmento de pessoas com deficiência.
Ao volante de um carro adaptado
Dirigimos um Nissan Sentra adaptado para ser conduzido apenas com as mãos. A adaptação, feita pela Cavenaghi, inclui um comando horizontal afixado na coluna de direção e preso aos pedais.
Por meio de uma alavanca, o motorista consegue operar o acelerador e freio. Ao puxar a haste, o pedal da direita é acionado. Fazendo o movimento contrário, controla-se o freio.
A principal dificuldade é reaprender o controle de pressão na peça, dosando a quantidade adequada de frenagem. Mesmo com as mãos, o condutor consegue realizar as mesmas manobras de um motorista comum.
No entanto, claro, a velocidade de resposta dos comandos é menor para quem não tem experiência, já que toda a operação do veículo é feita apenas com as mãos.
Uma das grandes dificuldades que senti foi manter a aceleração e, simultaneamente, acionar as setas. Como ambos os comandos acabam sendo executados com a mão esquerda, é imprescindível utilizar um pomo giratório no volante, instalado no quadrante inferior direito.
Para utilizar o volante com apenas uma mão, seja a esquerda ou a direita, esse pomo é indispensável (custa entre R$ 170 e R$ 500), na Cavenaghi. Já o comando horizontal sai a R$ 1.181.
Por uma semana dirigi exclusivamente o carro adaptado, com o intuito de adaptar totalmente o modo de conduzir. A adaptação para PcD não interfere nos comandos originais do veículo. Ou seja, é possível pilotar utilizando o volante e pedais de forma convencional.
Durante esses sete dias, percebi que eu estava rodando mais devagar, porém com muita cautela e segurança. Não deixei de utilizar setas em curvas e estava planejando melhor as frenagens. Até o consumo médio de combustível caiu durante esse período.
Também me ocorreu que há um problema grave na forma como veículos para PcD são comercializados no Brasil. O teto de R$ 70.000 para a obtenção de isenção integral de impostos incorre em versões básicas dos veículos que se qualificam.
Com isso, equipamentos essenciais para facilitar a vida de quem sofre com limitações de movimentos acabam não sendo contemplados.
Controle automático de cruzeiro, trocas sequenciais, vidros elétricos em todas as janelas e até câmera de estacionamento, dependendo do carro, acabam ficando de fora. E deveria ser o contrário: toda essa tecnologia é essencial para quem tem a mobilidade reduzida.
Também avaliamos um Versa adaptado para ser conduzido apenas com as mãos