Como adiantado por QUATRO RODAS, a venda de veículos tem caído semana a semana no Brasil, após ter sido adotado o período de quarentena.
Na última semana, tivemos acesso adiantado ao relatório de venda de veículos da associação dos concessionários (Fenabrave). Os números indicam que entre o dia 1º e 20 de março foram emplacados 88.482 – considerando os 20 mais vendidos –, equivalente a uma venda média diária de 4.242 unidades.
Já na semana seguinte, a venda total foi de apenas 2.993 carros, representando uma média de 427 veículos por dia e registrando um tombo de 90,3%.
Com a menor procura, algumas concessionárias do país têm feito pacotes promocionais, que deve adicionar revisões gratuitas para quem comprar veículo. Mas é possível comprar um carro neste momento de quarentena?
A resposta “sim” é unânime em todas as concessionárias e também com o presidente da Federação Nacional das Associações dos Revendedores de Veículos Automotores (Fenauto), Ilídio dos Santos.
No entanto, há uma ressalva: a não regularização do carro.
De acordo com Santos, um dos motivos para a queda das vendas é que tanto os Detran (departamentos estaduais de trânsito) quanto os cartórios de registro estão fechados, devido à quarentena, o que inibe a transferência e regularização de veículos – sejam eles novos ou seminovos.
Assim como os zero-quilômetro, os seminovos também apontaram queda de 90,27% na última semana do mês anterior, segundo dados da Fenauto.
Em volume, as vendas diárias passaram de 60.954 na primeira quinzena para 5.014 na última semana de março.
Ilídio dos Santos afirmou que as associações estaduais de revendedores estão tratando com seus respectivos governos uma trégua na paralisação para que as transações voltem a ser realizadas e o mercado gire novamente.
Segundo ele, “todos que compram um carro querem fazer a transferência e sair com o veículo em seu nome”. Ou seja, se não houver como efetuar os registros, o mercado automotivo não terá melhora.
Durante a reportagem, QUATRO RODAS realizou contato com concessionárias de todo o Brasil. Em todas elas, o setor de vendas está trabalhando em casa, respeitando as orientações estipuladas pelo Ministério da Saúde.
De acordo com as lojas, a compra de veículos pode ser feita online. O interessado entra em contato com a concessionária e um material detalhado do veículo é enviado ao celular em formato de vídeo.
Caso a compra seja fechada, a concessionária emite nota fiscal e libera a retirada do veículo em seu setor de oficina, que está funcionando normalmente.
No entanto, o veículo não consegue liberação para emplacamento, tendo em vista que o Detran está fechado.
Uma deliberação feita pelo Contran (Conselho Nacional de Trânsito), no dia 19 de março, permite que veículos comprados a partir deste prazo rodem sem placa durante a quarentena, afirmando que a regularização pode ser feita após o departamento de trânsito voltar a operar em normalidade.
Mas a medida não foi suficiente para conter as desistências e também não resolve o problema no setor das revendas, onde lojas, em concordância com o presidente da Fenauto, afirmam que a queda das vendas de seminovos aconteceu por conta do fechamento do Detran.
Isso porque tanto quem compra quanto quem vende um carro usado não sente segurança de rodar ou ver rodar por aí um veículo que não está em nome do condutor.
Uma saída apontada pelo presidente da Fenauto é a assinatura de um termo de responsabilidade por comprador e loja, a fim de formalizar a compra do seminovo.
Isso, teoricamente, daria a garantia para que ambas as partes finalizem o processo de transferência quando a paralisação chegar ao fim.
Encontramos apenas uma concessionária que está realizando este processo, localizada em Belo Horizonte (MG). No entanto, até o momento, o método foi procurado apenas para troca ou venda de carro e veículos por pessoa física.
As outras lojas afirmam que, por não haver a possibilidade da regularização imediata da transferência, as buscas têm diminuído cada dia mais.
Nossa reportagem tentou contato com a Fenabrave (associação nacional dos concessionários), mas não obteve resposta até a publicação deste artigo.
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