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Como a guerra na Ucrânia pode afetar a produção de carros no mundo todo

Responsável por produzir 70% do gás neon do mundo, Ucrânia pode deixar de exportar a matéria por conta da invasão russa

Por João Vitor Ferreira
7 mar 2022, 20h36
Linha da Toyota em Sorocaba foi adaptada recentemente para produzir o novo Corolla Cross
No Brasil, a marca paralisou as quatro fábricas (Divulgação/Toyota)
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A guerra entre Rússia e Ucrânia pode fazer com que a indústria automotiva sofra, novamente, com a escassez de semicondutores justamente no momento que o mercado está se recuperando.

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Acontece que a Ucrânia é um dos principais fabricantes de gás neon do mundo, substância fundamental para fabricação dos chips. 70% de todo o gás neon utilizado pelas fabricantes de chips é produzido em território ucraniano, aponta levantamento da TrendForce.

Mesmo que não seja usado em larga escala pelos produtores de semicondutores, é um gás extremamente necessário no processo de fabricação e muito difícil de substituir.

Abundante em nossa atmosfera, o neon é extraído do ar através da destilação fracionada, onde o gás é liquefeito e separado de outras substâncias. Na fabricação dos chips, é usado no processo conhecido como litografia, onde o projeto do circuito elétrico é reduzido para menos de 220 nm e grafado nos wafers usando laser ultravioleta. O gás neon atua transportando a radiação do laser para o chip.

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Se a produção do neon realmente for interrompida, a curto prazo a produção se manterá normalizada, já que ainda há matéria prima estocada. Porém, com o fim dos estoques, é provável que os preço do gás, assim como o dos chips, aumentem. A consequência é uma menor oferta de semicondutores no mercado.

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“É claro que as pessoas vão procurar fontes alternativas de neon o mais rápido possível, mas isso não é algo tão simples”, disse Carla Bailo, CEO do Centro de Pesquisa Automotiva, ao Automotive News. “Eventualmente, se os semicondutores não chegarem, voltaremos para onde estávamos no ano passado”, completou Bailo.

Fábrica de semis Taiwan Semiconductor Manufacturing Co., Ltd.
Semicondutores levam até seis meses na linha de produção. (Divulgação/Quatro Rodas)

Como em um efeito dominó, no final, esse aumento, provavelmente, chegará até os veículos. Somado a isso, a Ucrânia também tem empresas que produzem diversos componentes para as montadoras, entre eles boa parte dos chicotes elétricos usados pela indústria automotiva na Europa. 

Segundo a Reuters, a guerra já obrigou diversas fábricas do componente, organiza os fios elétricos do automóvel, no leste da Ucrânia a congelarem sua produção. Isso está refletindo em gargalos de abastecimento para montadoras europeias, como Volkswagen, Porsche, BMW e Audi, levanto até a interrupções na produção. Estima-se que a Ucrânia seja responsável por 7% da exportação mundial dos chicotes elétricos.

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