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Clássicos: Engesa 4 era engolidor de buracos com mecânica do Opala

Orgulho nacional, o jipão estava tão à frente de seu tempo que seu projeto básico continua até hoje sendo usado por outro fabricante

Por Felipe Bitu
Atualizado em 19 jul 2021, 10h21 - Publicado em 18 jul 2021, 20h41
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  • ENGESA EE-12 / ENGESA 4
    Desenhado em computador, mas parece que usaram apenas régua e esquadro (Fernando Pires/Quatro Rodas)

    A década de 1980 representou um momento muito criativo para nossa indústria automobilística, marcado pela ascensão de fabricantes nacionais dispostos a suprir as carências de um mercado fechado a importações. Foi nesse período que a Engesa (Engenheiros Especializados S/A) apresentou o jipe Engesa 4.

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    Fundada em 1958, a Engesa iniciou suas atividades produzindo peças e maquinários para a indústria petrolífera. A dificuldade de acesso aos campos de extração motivou a empresa paulista a desenvolver a Tração Total, um sistema 4×4 para utilitários cujo sucesso a levou para o mercado de veículos militares, como o EE-9 Cascavel, EE-11 Urutu e EE-3 Jararaca.

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    O bom relacionamento da Engesa com as Forças Armadas foi essencial para o projeto EE-14, viatura operacional desenvolvida para carregar até 1/4 de tonelada. O utilitário ganhou ainda mais força quando a Ford encerrou a produção do Jeep, em 1983: foi a oportunidade perfeita para a apresentação do Engesa EE-12 no Salão do Automóvel de 1984.

    ENGESA EE-12 / ENGESA 4
    Pneus Pirelli Candango eram opcionais (Fernando Pires/Quatro Rodas)

    A nova nomenclatura indicava que o produto final havia sido redimensionado para o transporte de até 1/2 tonelada. Produzido pela Fábrica Nacional de Vagões, seu chassi tubular foi desenvolvido pela própria Engesa, com suspensões de curso longo graças a um sofisticado sistema de ancoragem dos eixos rígidos por braços longitudinais e transversais, similar ao dos Mercedes Classe G.

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    ENGESA EE-12 / ENGESA 4
    Instrumentação básica: conta-giros fazia falta (Fernando Pires/Quatro Rodas)

    O resultado não poderia ter sido melhor: a ausência de componentes protuberantes nas extremidades do chassi proporcionava ângulos de entrada e saída muito superiores aos dos veteranos Jeep e Toyota Bandeirante. A dirigibilidade urbana era favorecida pela direção leve, com diâmetro de giro máximo de 12 metros e pelo conforto das molas helicoidais.

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    Sua tração 4×4 era similar ao sistema Tração Total, com apenas uma velocidade na caixa de transferência. A ausência de redução era compensada pela primeira marcha da caixa Clark 240V com relação 6,33:1 e diferenciais Dana com relação 4,88:1: arrancadas em uso normal eram realizadas em segunda marcha. Tudo impulsionado pelo motor de quatro cilindros e 2,5 litros do Chevrolet Opala.

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    ENGESA EE-12 / ENGESA 4
    A moderna suspensão possibilitava ângulos de entrada e saída de 70º/50º (Fernando Pires/Quatro Rodas)

    A aceleração de 0 a 100 km/h era realizada em 43,9 segundos e sua máxima chegava a 108,6 km/h, números absolutos que nada significavam frente à sua capacidade de superar trechos alagados com até 60 cm de profundidade, rampas com até 60% de inclinação e inclinações laterais de até 30%. O consumo médio de gasolina era de 4,77 km/l na cidade e de 6,35 km/l na estrada.

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    Sua versão civil foi rebatizada como Engesa 4 e as vendas tiveram início no final de 1985. Testado novamente em 1987, o Engesa 4 mostrou evolução considerável: a redução de atrito na transmissão atenuou o nível de ruído e melhorou o desempenho. O tempo de aceleração de 0 a 100 km/h caiu para 27,5 segundos e a máxima saltou para 116,9 km/h. No final do mesmo ano, foi apresentada sua primeira evolução: o Engesa 4 Fase II.

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    ENGESA EE-12 / ENGESA 4
    Apesar da simplicidade, era o mais confortável dos jipes nacionais. Entre-eixos de 2,16 metros tornava o espaço traseiro crítico (Fernando Pires/Quatro Rodas)

    O comprimento do modelo 1988 saltou de 3,56 para 3,76 metros graças ao acréscimo de 10 cm na distância entre os eixos e mais 10 cm no balanço traseiro. As novas medidas resultaram em mais espaço no banco traseiro e maior conforto de marcha. Redesenhado, o painel de instrumentos trocou botões por teclas e o volante passou a ser do tipo acolchoado.

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    A espera por uma versão movida a diesel acabou no Salão do Automóvel de 1988, ocasião em que o Engesa 4 foi apresentado com o aclamado motor Perkins Q20B de quatro cilindros e 90 cv. Uma versão ainda maior passou a ser oferecida na virada da década de 1990: conhecida como Fase III ou Jordânia, tinha cerca de 40 cm a mais no comprimento.

    ENGESA EE-12 / ENGESA 4
    Motor de 4 cilindros do Chevrolet Opala: confiabilidade total (Fernando Pires/Quatro Rodas)

    A Engesa encerrou suas atividades em 1993, após reveses que resultaram na decretação de sua falência. Algumas unidades foram montadas pela paranaense Envesa nos anos 90 e o projeto acabou sendo resgatado pelas empresas paulistas Columbus e Ceppe nos anos 2000. O espírito do Engesa 4 sobrevive no Agrale Marruá, produzido atualmente tanto para uso militar quanto para uso civil.

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    Ficha Técnica do Engesa 4 1986

    Teste QUATRO RODAS – Agosto de 1987

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