Carros da Volvo ficarão ainda mais chineses para cortar custos
Em busca de eficiência, a marca sueca intensifica o uso de componentes do grupo Geely
A Volvo está passando por um momento de reestruturação. A marca, que há décadas é símbolo de segurança e design minimalista, se prepara para dar um novo passo dentro do grupo chinês Geely: ampliar o compartilhamento de peças e tecnologias com outras marcas da holding.
A meta é aumentar a rentabilidade sem abrir mão da identidade que construiu sua reputação ao longo de um século. Mas isso pode significar que a Volvo ficará mais chinesa do que nunca.
O movimento faz parte de uma estratégia maior de sinergia industrial dentro do conglomerado asiático, que também controla nomes como Zeekr, Polestar, Lynk & Co, LEVC e Lotus. Embora todas façam parte do mesmo grupo, a Volvo até agora se destacava por desenvolver plataformas, motores e sistemas eletrônicos de maneira bastante independente. Essa autonomia, porém, tem um custo alto. Com a pressão por margens maiores e a transição para veículos elétricos e digitais, a marca reconhece que precisa aproveitar melhor os recursos disponíveis no ecossistema da Geely.
Anders Bell, chefe de desenvolvimento da Volvo, afirma que o compartilhamento deve ocorrer em áreas que não comprometam o caráter dos carros. Segundo ele, o DNA da empresa seguirá intocado. “Os aspectos do desenvolvimento que nos permitiram sobreviver por cem anos devem ser protegidos pelos próximos cem”, declarou.
Na prática, o que se espera é que componentes estruturais, eletrônicos e de software possam ser unificados entre as marcas, reduzindo custos de produção e acelerando o lançamento de novos modelos.
A Volvo quer se tornar uma fabricante de veículos definidos por software, conceito que coloca o código no centro de todas as funções do carro. É uma mudança de paradigma para uma marca que construiu sua história sobre a engenharia mecânica robusta. Os tradicionais motores de cinco e seis cilindros, por exemplo, já ficaram no passado — hoje, a prioridade é dominar a arquitetura digital que sustenta os elétricos da nova geração.
O Volvo EX90, é o exemplo mais claro dessa transição. É o carro mais caro da marca e foi o primeiro a nascer com a nova base tecnológica do grupo. Não por acaso, enfrentou dificuldades com o software nos primeiros meses de produção, exigindo atualizações imediatas logo após o lançamento. Ainda assim, a marca enxerga esses tropeços como parte de um processo de aprendizado. O sistema que equipa o SUV será a base também para o sedã ES90 e o futuro EX60, que será apresentado em janeiro de 2026.
A marca sueca, pretende elevar sua margem de lucro de 5,6% para 8%, uma meta que depende de um amplo programa de corte de custos. O plano prevê uma economia de 38 bilhões de coroas suecas e uma redução de cerca de 3.000 funcionários. A expectativa é que o aumento do compartilhamento de componentes e o avanço da digitalização ajudem a marca a alcançar esse equilíbrio financeiro.
Ainda que a aproximação com a Geely seja cada vez mais intensa, a Volvo insiste em reforçar que continuará fiel a seus valores. Os modelos elétricos da nova geração mantêm o interior limpo e funcional, inspirado no estilo escandinavo, e seguem priorizando a segurança e o conforto do motorista.
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