“Caoa Chery italiana” muda cara dos SUVs e vende carro até em supermercado
DR Automobiles surgiu bem antes de a operação nacional ser criada e modifica frente dos carros chineses para vendê-los na Europa
Se Caoa Chery surgiu após Carlos Alberto de Oliveira Andrade – dono da empresa que leva suas iniciais – comprar 51% da filial brasileira, os chineses também arrumaram um parceiro para tentar a sorte na Itália. Mas, lá, a história é mais conturbada.
Para começar a entender todo o “rolo”, primeiro é necessário conhecer Massimo Di Risio, o responsável pela criação da DR Motors (depois, rebatizada como DR Automobiles). Filho de concessionário, o italiano fez carreira como revendedor e piloto.
Essa é apenas uma das semelhanças com o médico paraibano, que também fez sucesso como dono de autorizadas. Desde 1979, a Caoa se tornou a maior revendedora da Ford na América Latina, além de representar oficialmente Hyundai e Subaru por aqui.
Também coube ao empresário nordestino fazer modelos da empresa sul-coreana pela primeira vez – antes da operação oficial, que só chegou em 2012, com o HB20. Primeiro, o caminhão HR foi nacionalizado em Anápolis (GO), em 2007, seguido por Tucson, ix35 e, depois, o New Tucson.
Já a trajetória do italiano como fabricante começou em 2006, quando passou a fazer na Europa modelos da chinesa Gonow, uma subsidiária da GAC, com a marca Katay Gonow. Só que não é difícil perceber pela imagem acima que eram só cópias do Toyota Land Cruiser Prado.
Naquele mesmo ano, Di Risio apresentou o SUV DR5 no Salão do Automóvel de Bolonha – que, na verdade, era uma versão do Chery Tiggo. E se a Katay sumiu do mapa, a DR ganhou fôlego: foram 21 emplacamentos em 2007. Já em 2008, passou a 1.953.
Os planos da pequena DR Motors pareciam dignos de contos de fadas automotivos. Até 2010, manteve o bom crescimento e, no fim da década passada, chegou a vender 5.059 carros. Além do SUV, passou a oferecer o DR1 (um Chery S18) e a Citywagon.
Com a chegada desses novos produtos, o empresário italiano passou a ter uma rede própria de concessionárias. Até então, os veículos eram vendidos em hipermercados e, não bastasse isso, a montagem dos carros era feita em diferentes instalações no país.
Para melhorar a produção na Itália, Massimo Di Risio passou a negociar a aquisição da fábrica da Fiat em Termini Imerese – que produziu 500, Panda, Punto e Lancia Ypsilon. O valor seria de simbólico 1 euro, além dos investimentos, mas não deu certo.
Se por lá os negócios pareciam ir de vento em polpa, aqui no Brasil a Chery mal tinha cravado os pés de vez no mercado. Na nossa terra, a empresa chinesa estreou somente em 2009, sem ter nenhum representante local, com a primeira geração do Tiggo.
Entretanto, aquela que parecia ser a estratégia perfeita para aumentar a relevância da DR se tornou a pior decisão possível: em 2011, as vendas caíram a 2.961 unidades. Em 2012, foram só 736 e, em 2014, 349 carros (6.798% menos em relação a 2010).
Esse foi o mesmo período da derrocada das operações da Chery no Brasil. Em 2014, a empresa montou a primeira fábrica fora da China, em Jacareí (SP), mas a produção jamais chegou perto da capacidade máxima para até 150.000 veículos anualmente.
Para tentar dar a volta por cima, a DR Automobile passou a oferecer novos modelos – inclusive os que não fizeram sucesso no Brasil, como Face e QQ. Além disso, fechou parceria com a JAC para fazer o SUV T50, rebatizado por lá como DR4.
Por aqui, o jeito foi repassar as operações dispendiosas e nada lucrativas (foi assim que a Caoa entrou na jogada). De fato, as vendas melhoraram no Brasil, com aumento de 130% em 2019 quando comparado a 2018. Já na Itália, o ganho foi mais discreto.
De apenas 415 emplacamentos em 2018, segundo pior resultado nos 12 anos de vendas cheias desde a estreia, a DR Automobile saltou a 1.225 unidades emplacadas em 2018. E, no ano passado, foram 3.242 carros, segundo melhor desempenho desde 2007.
Por lá, a operação de Massimo Di Risio continua um tanto misteriosa, mas a oferta de carros é parecida à da Caoa Chery, com os nossos Tiggo 2, Tiggo 5X e Tiggo 7 – devidamente chamados DR3, DR5.0 e DR F35 –, ainda que tenham mudanças no desenho.
Aliás, essa é uma exclusividade dos italianos: se por aqui nossos carros são exatamente iguais aos chineses em termos visuais, por lá a empresa afirma ter um departamento de estilo capaz de influenciar as decisões da própria Chery. E há opções movidas a GLP (o popular gás de cozinha).
Para quem procura ainda mais excentricidade, é possível apelar à Evo, recém-lançada marca de (mais) baixo custo da DR Automobiles. Além de manter os veteranos Tiggo 3 e Tiggo 5 à venda, ela oferece versões próprias do JAC T50 e até do elétrico iEV40.
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