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Camaro x DS3 x Punto x Jetta x Impreza

Entre cinco puros-sangues em suas respectivas categorias, qual é o campeão na relação custo-prazer ao dirigir?

Por Paulo Campo Grande | fotos: Marco de Bari
Atualizado em 19 mar 2024, 14h08 - Publicado em 8 nov 2012, 20h00
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    O que você verá aqui não é um teste comparativo clássico. Os carros apresentados têm características diferentes de tamanho, motorização e preço. O que os une é a capacidade de proporcionar prazer ao dirigir, dentro do razoável limite de 200 000 reais. Os cinco modelos alinhados mantêm boa relação custo/cv – todas abaixo dos 500 reais/cv. Para demonstrar do que cada um é capaz, levamos essa tropa para a pista da TRW, em Limeira (SP), onde realizamos nossas medições habituais, e para o Esporte Clube Piracicabano de Automobilismo (ECPA), em Piracicaba (SP), para ver como se comportam em uma tocada esportiva. Nessa segunda etapa, contamos com a colaboração do piloto Pedro Gomes, que correu a Stock Car entre os anos de 2000 e 2010 e que, desde o ano passado, disputa a Fórmula Truck. Acostumado a pisar fundo nas pistas, Gomes se surpreendeu com as respostas desses modelos de rua, como você pode acompanhar a seguir.

    O primeiro a entrar na pista do ECPA foi o Citroën DS3, por escolha do piloto, que pediu para dirigir o Chevrolet Camaro SS antes “só para esquentar o motor” enquanto os equipamentos de medição eram instalados no Citroën. O DS3 é o lançamento mais recente dos cinco, apesar de ter chegado aqui dois anos depois de estrear na Europa. Ele é o primeiro representante da linha premium da Citroën, identificada pela sigla DS, em alusão ao lendário modelo de mesmo nome, lançado nos anos 50. Seu estilo é ousado e o motor, tecnicamente avançado. O 1.6 16V Turbo gera 165 cv de potência e foi o responsável pelos primeiros comentários do piloto, que aprovou o funcionamento progressivo do turbocompressor. Gomes elogiou também a suspensão do DS3. “O conjunto mergulha e levanta na medida certa, o que passa confiança para o piloto”, afirmou. “Eu não esperava um carro tão bem acertado.” Em Limeira, o DS3 também fez boa figura. Bom de dirigir, ele acelerou bem (com o tempo de 7,6 segundos nas medições de 0 a 100 km/h) e ainda se revelou econômico (com as médias de 11,4 km/l na cidade e 16,9 km/l na estrada).

    Com seu porte atlético e visual agressivo, o Chevrolet Camaro dava a impressão de que seria o bicho-papão da turma. De fato, ele impôs respeito com o ronco grave do V8 6.2 de 406 cv e as melhores marcas nas medições de desempenho. Ele fez de 0 a 100 km/h em 5,6 segundos, em Limeira, e atingiu 146,7 km/h na reta de 650 metros do autódromo de Piracicaba. Mas, como os resultados em pista e o prazer ao volante não dependem apenas do motor, o Camaro perdeu o cartaz de macho-alfa por apresentar dirigibilidade inferior à dos rivais. Segundo Pedro Gomes, em um estilo de condução tranquilo, o SS se comporta bem. Mas em uma tocada mais agressiva ele fica difícil de controlar. “A suspensão é mole demais e dá batente [chega ao fim do curso] o tempo todo nas curvas.” Além disso, Gomes reclamou da atuação do ESP. O sistema eletrônico de estabilidade é muito invasivo, segundo o piloto, comprometendo um estilo de condução mais esportivo. Ele reprovou ainda a lentidão do câmbio, que demorava para realizar as trocas e deixava de fazer os punta-taccos, que ocorriam nas reduções quando o carro rodava em baixas velocidades.

    A crítica em relação à lentidão nas trocas não foi exclusividade do Camaro. Em menor grau, elas também foram feitas ao VW Jetta e ao Subaru Impreza, cujo câmbio manual não aceitava trocas rápidas. Os elogios do piloto para o Chevrolet foram para a boa posição de dirigir e a direção progressiva. De nossa parte, avaliamos o Camaro como confortável ao rodar, mas reprovamos a pegada do volante e a reduzida visibilidade, em especial a traseira.

    Nosso teste comprovou o ditado que afirma que não se deve julgar pelas aparências. O VW Jetta TSI, que ao contrário do Camaro tem visual discreto, foi o responsável pela mais grata surpresa do dia. Seus leves sinais aparentes de esportividade ficam na cabine. São os bancos de couro e as aletas de mudança de marcha, atrás do volante. Talvez por isso Gomes tenha se aproximado do Jetta sem expressar a mesma curiosidade que demonstrou em relação ao Camaro e suas primeiras palavras ao volante tenham sido para reclamar da posição de dirigir elevada. “Quanto mais perto do chassi, mais fácil sentir as reações do carro”, diz ele.

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    Bastaram poucas voltas com o sedã, porém, para o piloto mudar de humor. “Isso é que é eletrônica inteligente”, disse na volta aos boxes, assim que tirou o capacete. Segundo ele, o ESP do VW dá maior liberdade ao motorista, entrando em ação somente quando o perigo é iminente. E, além do senso de oportunidade da eletrônica, Gomes enalteceu também o comportamento geral do carro: suspensão, direção e freios. “Não imaginei que um carro com visual de tiozão se comportasse assim”, disse.


    O TSI é a versão mais brava do Jetta. Ele possui motor 2.0 16V, com injeção direta de combustível e turbocompressor, que gera 200 cv de potência, e câmbio automatizado de seis marchas, com dupla embreagem. Em Limeira, ele acelerou de 0 a 100 km/h em 7,1 segundos. E, no ECPA, andou ao lado do Impreza, dono de um motor de 270 cv.


    Assim como o Camaro, o Punto T-JET também tenta impressionar pelo visual. Ele capricha nos ornamentos, como as rodas estilosas e as saias laterais, por fora, e os pedais esportivos, por dentro. Mas não tem nem o porte nem o motor do Camaro. O motor do Punto é valente, mas é o de menor deslocamento dos cinco carros mostrados aqui. O 1.4 16V Turbo gera 152 cv. Na pista de Limeira, levou o Punto de 0 a 100 km/h em 9,3 segundos e, no ECPA, andou atrás dos rivais. Nem o seletor DNA, que altera a programação do motor entre os modos Dynamic, Normal e Autonomy, ajudou na pista. De acordo com Pedro Gomes, faltou fôlego para o Punto alcançar os outros. Mas o piloto aprovou o comportamento do Fiat. Segundo ele, apesar de ser o mais lento da turma, o T-JET apresentou um dos melhores ajustes de chassi dos cinco modelos. Ele destacou a suspensão bem calibrada, a direção direta e a rigidez da carroceria. Esta, aliás, foi a primeira vez que o piloto se referiu à participação da carroceria na manutenção do contato do carro com o piso durante o teste.

    O Subaru ImprezaWRX é outro modelo que tem saias laterais, tomadas de ar e aerofólio traseiro. Mas, ao contrário do Punto, ele não passa a sensação de que quer impressionar com isso. A tomada de ar no capô de fato serve para o radiador do turbo respirar e o efeito do aerofólio vai além daquele de retirar o pó do vidro traseiro. Por dentro, o Impreza é um carro despojado. Ele tem ar-condicionado, airbags e sistema de som – como os outros -, mas é simples no acabamento. Os materiais de seu painel e das laterais de portas são os mesmos que se encontram nas versões mais básicas da linha. Seus bancos são revestidos de couro, mas têm ajustes mecânicos e a cabine conta com isolamento acústico de eficiência apenas mediana. Sua vocação esportiva surge na posição de dirigir, baixa e perfeitamente alinhada com pedais e volante, bancos que apoiam bem o corpo e suspensão que copia o asfalto. A alavanca de câmbio tem engates um pouco longos, mas esse deslize está perdoado. Não é à toa que o Impreza foi apontado pelo piloto Pedro Gomes como seu preferido, no fim do dia. “Ele tem tudo para ser um carro de pista”, disse Gomes. Com referência à distribuição de peso entre os eixos e ao comportamento constante nas curvas, o piloto se mostrou igualmente impressionado: “Ele é muito equilibrado”. A transmissão 4×4 ajudou, mas a suspensão também fez sua parte, de acordo com o piloto, que elogiou o trabalho dos amortecedores.

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    Camaro SS

    634_cv_tx1.jpg

    Mesmo não tendo a melhor dirigibilidade, o chevrolet fez valer o torque e a potência do V8 que traz sob o capô.

    DS3

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    Graças ao conjunto bem acertado,
o citroën conseguiu superar o Jetta em tempo de volta e velocidade média.

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    Punto T-JET

    634_cv_tx3.jpg

    Apesar do comportamento equilibrado, faltou fôlego para o Fiat acelerar
e ele terminou o teste atrás dos rivais.

    Jetta TSi

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    Com maior volume de torque em baixas rotações, o VW chegou junto do Subaru, em velocidade no fim da reta.

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    Impreza WRX

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    A maior velocidade na curva (6) traduz sua melhor dirigibilidade, principalmente, se for comparado ao potente camaro.

    634_cv_tx8.jpg

    VEREDICTO

    É possível classificar os modelos de acordo com a capacidade de proporcionar prazer aos motoristas, seja em uma pista fechada, seja no dia a dia, na rua (observando as leis e a segurança). O Camaro fica em quinto lugar. Apesar da beleza e do motor, ele demonstrou pouca afinidade 
com curvas, além de ter a pior relação R$/cv. Em quarto vem o Punto, dono do motor mais fraco, mas com bom conjunto e o menor custo por cv. O DS é o terceiro. Apesar do belo visual e do bom comportamento, ele foi ultrapassado por Impreza e Jetta. O Impreza, mesmo sendo o preferido
do piloto Pedro Gomes, termina em segundo, não por demérito dele, mas pelo mérito do primeiro, o Jetta, que reúne as melhores condições de satisfazer o motorista nas diversas situações de uso.

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    >> Confira aqui o Desempenho dos carros

    >> Confira aqui a Ficha Técnica dos carros

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