BYD inaugura pedra fundamental da primeira fábrica de elétricos do Brasil
Complexo que antes pertencia à Ford deve começar a operar em 2025 com volume inicial de 150.000 carros por ano, podendo chegar até 450.000
A BYD está dando seu primeiro passo para a nacionalização de seus produtos. Hoje, a montadora chinesa lançou a pedra fundamental da sua fábrica em Camaçari, na Bahia, que antigamente pertencia à Ford, de quem os chineses aproveitarão boa parte dos antigos fornecedores.
O martelo foi batido no dia 29 de junho, quando o governador do estado, Jerônimo Rodrigues, confirmou a compra da planta, que será a primeira destinada a carros elétricos do Brasil e terá um investimento de pelo menos R$ 3 bilhões, além de criar mais 1.200 empregos, como prometido por Wang Chuanfu, presidente da BYD.
A fábrica irá produzir o Dolphin, Yuan Plus e Song Plus, mantendo a importação do Seal, Tan e Han. Posteriormente, a empresa ainda pretende adicionar à linha de montagem o subcompacto Seagull e uma picape elétrica, que inicialmente serão importados da China. Também foi confirmado no evento de inauguração que a fábrica ficará responsável por fabricar ônibus e caminhões.
Focando em “abrasileirar” seus carros, a BYD divulgou que já está desenvolvendo um trem de força híbrido flex para o Song Plus, para aproveitar a grande oferta de etanol no Brasil. Mas não é só isso, como dito pela vice-CEO da montadora, Stella Li, e reforçado pelo presidente da empresa, Camaçari vai virar o “Vale do Silício brasileiro”, graças à instalação de um centro de pesquisa na cidade da região metropolitana de Salvador.
Antes, todas as demandas de nacionalização dos veículos vendidos no Brasil eram desenvolvidas na China. Agora, com a construção do novo centro de pesquisas, essa distância será encurtada, já que as soluções serão desenvolvidas em território nacional.
“A BYD tem muito orgulho de representar a reconstrução da indústria automobilística no Brasil. Somos uma empresa com mais de 90.000 engenheiros. Solicitamos 19 patentes por dia. E queremos apoiar a Bahia, especialmente a região de Camaçari, para se tornar o Vale do Silício do Brasil. Por isso construiremos um Centro de Pesquisa e Desenvolvimento em Salvador. Ao mesmo tempo, já estamos trabalhando duro para criar a solução brasileira para nossos carros híbridos plug-in: a combinação de etanol e energia elétrica. Dois recursos energéticos limpos para impulsionar o Brasil em direção a um futuro mais verde.” disse Chuanfu durante o evento de inauguração.
Além de inaugurar a pedra fundamental da fábrica, o evento também serviu para que o Governador Jerônimo Rodrigues assinasse uma lei que zera o IPVA de carros elétricos até R$ 300.000 e fixa em 2,5% a taxa para os modelos que custam acima disso. Com isso, a Bahia se junta à São Paulo, Rio de Janeiro e Ceará, que também oferecem condições especiais para o pagamento do imposto em modelos eletrificados.
História da BYD no Brasil
Como lembrado pelo CEO durante o evento, a BYD chegou ao Brasil há nove anos, com uma fábrica em Campinas, no interior de São Paulo, para a montagem de ônibus elétricos. Em 2017, aconteceu uma expansão e a empresa passou a construir painéis solares na mesma unidade. Três anos depois, em 2020, os chineses deram início à produção de baterias LFP, usadas em seus ônibus elétricos, em Manaus, no Amazonas.
A montadora entrou no ramo dos carros de passageiros em novembro de 2021 com o SUV Han. Um de seus lançamentos mais recentes, o BYD Dolphin, quebrou os recordes ao vender mais de 1.000 unidades em um mês, ultrapassando rapidamente o Volvo XC60 e se tornando o carro elétrico mais vendido do Brasil em 2023.
O próximo passo é a produção de seus carros no Brasil. De acordo com o planejamento, a fábrica começará a operar só no primeiro semestre de 2025, mas a BYD está tentando agilizar o processo para antecipar o início das operações para o final de 2024. Quanto à planta de Campinas, a montadora diz que ela continuará recebendo investimentos para ampliar sua capacidade de produção.
Durante o primeiro ano de fabricação, a capacidade de produção da unidade de Camaçari será de 150.000 veículos por ano, subindo para 300.000 no segundo. O objetivo final da BYD é chegar ao volume de 450.000 carros anualmente. A BYD ainda não pensa em exportação e todo esse volume será para abastecer o mercado local.