Quando se fala em equipamentos de precisão, logo vem à mente ferramentas delicadas, pequenas e com escalas de medição em unidades minúsculas. Mas máquinas grandes e pesadas também podem ser consideradas instrumentos de precisão, como demonstrado pelos competidores do Global Operator Challenge, um campeonato disputado por operadores de escavadeiras, tratores de esteira, retroescavadeiras e carregadeiras, do qual nós acompanhamos uma das etapas.
Como o nome diz, o evento é mundial. Ele é organizado pela fabricante das máquinas Caterpillar, que promove provas regionais em cerca de 30 mercados em que atua, apontando os vencedores de cada país, os quais disputam uma etapa continental e, passando, vão à grande final, que acontece nos Estados Unidos, onde fica a sede da empresa (o encontro está marcado para março de 2023).
Participamos da etapa latino-americana, que reuniu 14 profissionais de Brasil, Chile, Colômbia, México, Paraguai, Peru, República Dominicana, Suriname e Uruguai. As provas aconteceram em Pira-cicaba, no interior de São Paulo, onde a Caterpillar tem uma área de demonstração de máquinas, próxima a sua fábrica.
Durante um dia inteiro, os competidores foram desafiados a demonstrar suas habilidades realizando diferentes tarefas. Em uma delas, os operadores deviam comandar uma escavadeira para abrir uma vala de 6 metros de comprimento e 3 metros de profundidade, respeitando o espaço delimitado no chão e no menor tempo possível, sem exceder dez minutos.
Em outra, ao volante de uma retroescavadeira, era preciso cumprir um percurso com diversas tarefas como transportar uma viga de aço e depositá-la sobre dois pontos de apoio, deslocar objetos sem derrubar cones colocados pelo caminho e encher um latão de água com a pá da máquina. Teve até futebol com miniescavadeiras.
Tudo isso sob a pressão do tempo, dos juízes que acompanhavam cada manobra, anotando pontos ganhos e perdidos, adversários e de torcedores inflamados.
A contagem de pontos se baseou nos acertos das manobras e também no uso das tecnologias embarcadas nas máquinas. Os vencedores de cada etapa ganham o direito de participar da fase seguinte, com as despesas pagas.
O grande campeão recebe, além da viagem aos Estados Unidos (Las Vegas), passagens com acompanhante para visitar qualquer país onde exista fábrica da Caterpillar. O ganhador da etapa latino-americana foi o brasileiro Fernando Cezar do Nascimento, de Nova Santa Rita, no Rio Grande do Sul, que é operador de máquinas há 28 anos.
O objetivo da Caterpillar é incentivar e reconhecer os operadores que são os profissionais responsáveis por extrair o melhor rendimento possível das máquinas. As provas do campeonato, no fundo, são uma grande diversão para os operadores, que no dia a dia precisam de habilidade e controle emocional em tarefas bem mais desafiadoras como, por exemplo, aplainar 1 quilômetro de estrada com um gradiente de 10 cm de desnível, ou cavar uma vala ao longo de uma tubulação de gás.