Sinalização do sistema Set-Stop indica quando o motorista quer estacionar
Projeto inédito, desenvolvido no Brasil, visa acabar com um dos piores mal-entendidos no trânsito das cidades: a hora da baliza!
Era um sábado movimentado em Indaiatuba (SP), quando, de costume, uma confusão se armou em uma das avenidas mais movimentadas da cidade, repleta de lojas, bares e restaurantes. O motorista, em um carro de luxo, reduziu a velocidade, acionou a seta e agitou o braço pela janela sinalizando que iria estacionar. Mas quem vinha atrás percebeu tarde demais e colou na traseira do seu carro, impedindo a execução da baliza. Resultado: uma fila de carros se formou e buzinas impacientes soaram repetidamente. Ou seja, uma cena corriqueira no trânsito de pequenas a grandes cidades.
Após um tempo de impasse, o condutor não teve outra opção a não ser desistir da vaga e dar a volta no quarteirão, torcendo para ela continuar ali até seu retorno. Quais as chances? “Fiquei inconformado. Mesmo em um carro com os recursos mais avançados disponíveis, o motorista foi obrigado a colocar o braço para fora, pois não tinha como avisar quem vinha atrás que queria estacionar”, explica o empresário Vagner Bento de Souza. “Aquilo ficou na cabeça e comecei a imaginar uma solução.”
Solução criativa
A partir desse episódio e pensando em uma solução para melhorar a mobilidade e segurança no trânsito, surgiu a ideia do Set-Stop, um projeto de sinalização inovador e inédito no mundo que indica a intenção de o motorista estacionar o veículo. O sistema busca permitir que quem vem atrás possa ver com antecedência que o carro da frente parou na pista com o propósito de estacionar. Dessa forma, ele consegue mudar de faixa e permitir a fluidez do trânsito, sem contratempos.
Se o modelo já existisse, situações como a que Bento de Souza presenciou, e que diariamente presenciamos, não aconteceriam: quem vai estacionar não correria o risco de perder a vaga e os demais motoristas na via não perderiam tempo. Mais do que isso, o risco de uma eventual colisão é reduzido e o fluxo de veículos nas zonas urbanas fica mais fluido. Eventos como esse se repetem em estacionamentos de shoppings e mercados – são muitas as cenas desagradáveis que testemunhamos todos os dias, e isso não se aplica somente aos grandes centros urbanos.
Como funciona?
Para acionar o sistema, o motorista move a alavanca de seta na direção que deseja estacionar, depois volta à posição desligada e a aciona novamente. Quem vem atrás vê a luz de seta piscar alternadamente com a luz de freio do lado correspondente. Já para o condutor que acionou, no painel, a luz de seta e a luz do freio de mão se acendem de modo alternado, indicando o acionamento do sistema. O projeto aproveita o que já existe no veículo – ou seja, não demanda equipamento adicional –, luzes, fiação ou botões. Isso permite que o sistema seja incorporado aos veículos com um custo baixo.
“Com cada vez mais veículos nas cidades, eu acredito que esse projeto tem o potencial de se tornar uma norma mundial”, diz Bento de Souza. A ideia e diferentes formas de acionamento foram patenteadas, e um protótipo da inovação foi finalizado recentemente. O próximo passo é apresentar a solução para as montadoras e discutir com o governo federal a sua homologação ou criação de um projeto de lei.
Assim como foi com o break-light e com o uso do cinto de segurança, tão enraizados na nossa cultura de trânsito, esse projeto tem tudo para dar certo. Incrível mesmo é pensar que até hoje vivemos sem o Set-Stop.
Ficou curioso? Vem conhecer melhor!