Produção nacional de carros da BYD pode atrasar em até um ano
Previstos originalmente para surgirem no fim de 2024, os primeiros BYD montados no Brasil poderão ser montados apenas no fim de 2025

Parecia otimista? Parecia. Em março de 2024, quando a BYD lançou a pedra fundamental da sua fábrica em Camaçari (BA), a previsão era de que a montagem de carros nas instalações que antes pertenciam à Ford começaria no último trimestre de 2024. O plano não se concretizou e o início efetivo pode atrasar, no total, um ano.
A BYD sustentou a estimativa original até o momento de uma visita às obras no início de dezembro, semanas após notícias sobre a situação degradante dos trabalhadores chineses nas obras. O novo prazo para o início das operações na fábrica brasileira foi março deste ano, um prazo que também não será cumprido.

Foi no final de dezembro que veio à tona o caso dos trabalhadores chineses contratados por empresa terceirizada pela BYD em condições análogas à escravidão nas obras da fábrica. A denúncia do Ministério Público Federal saiu junto com embargo parcial das obras.
Um consórcio brasileiro foi contratado para regularizar o canteiro de obras e terminar a construção da fábrica, mas não sem um novo atraso na empreitada. Agora, o início da operação de montagem de carros da BYD na Bahia está previsto só para o segundo semestre, com a possibilidade de ficar para o último quarto do ano.

Se em um primeiro momento a BYD parecia ter pressa para ter carros nacionais, agora há um intervalo de tempo mais folgado para normalizar todos os prazos. A estimativa de três meses atrás, de produzir 150.000 carros no Brasil já em 2025, tornou-se impossível.
A escalada da produção continua conforme previsto há um ano. Primeiro os carros serão montados no regime SKD, no qual os carros chegam semidesmontados, com carroceria armada e pintada para serem finalizados no Brasil. Antes do final do ano, porém, começará a montagem em CKD, com os processos de armação da carroceria e a pintura já nacionalizados.

A BYD não faz distinção entre híbridos e elétricos para iniciar a produção no Brasil, mas já escolheu quais linhas de produtos terão prioridade. A intenção é montar no Brasil todos os SUVs da linha Song (Pro, Plus e Premium) e também os Dolpbin (Mini, GS e Plus).

Há tempo, inclusive, dos primeiros Dolphin Mini e Dolphin nacionais já serem as versões reestilizadas, que serão apresentadas na China em breve. Inclusive, as dimensões do Dolphin e do Dolphin Plus tendem a ser unificadas (o Plus tem dianteira mais comprida), o que facilitaria o compartilhamento de peças entre os dois.
O BYD Song Pro também caminha para ter uma versão mais atual na China, mas é um lançamento ainda mais recente que o Dolphin no Brasil.

A operação de produção nacional não livrará a BYD das importações. Além de continuar trazendo os carros mais caros ou de vendas mais modestas, grande parte dos componentes continuará sendo importada da China. Mas há esforço para a nacionalização de peças.
Algumas, como vidros e pneus, serão facilmente atendidos por fornecedores brasileiros. Mas a BYD também planeja a fabricação de peças dentro do complexo de Camaçari conforme a operação no local for amadurecendo. Além de aproveitar galpões que eram usados pela Ford, a chinesa também constrói novos prédios. O planejamento original previa a fabricação de ônibus, caminhões e baterias no local. Isso, aparentemente, ainda não mudou.