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Por que o CEO da Ford disse estar assustado com os carros chineses?

CEO da fabricante afirma que a indústria passa por uma ameaça existencial e lembra da ascenção das marcas japonesas e sul-coreanas

Por Nicolas Tavares
Atualizado em 20 set 2024, 09h15 - Publicado em 20 set 2024, 07h00
Changan CS75 Plus iDD
Changan CS75 Plus iDD é versão híbrida do atual carro mais vendido da China (Changan/Divulgação)
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Não é novidade: a China está mudando a indústria automotiva com seus investimentos pesados em híbridos e elétricos. Mas muita gente só começou a perceber isso  agora, como é o caso do comando da Ford: os CEO Jim Farley e o CFO John Lawler acabaram de visitar o país, onde dirigiram um legítimo SUV elétrico chinês.

O jornal Wall Street Journal detalhou a reação dos executivos da Ford após o test-drive em um SUV elétrico da Changan.

A estatal chinesa é uma das parceiras da fabricante norte-americana no país, com uma joint venture criada em 2012 e que produz diversos modelos tanto da Ford quanto da Lincoln.

Changan CD701
Changan CD701 é um SUV que se transforma em picape (Changan/Divulgação)

A impressão deixada foi tão forte que Lawler teria dito a Farley que “isso não é nada como antes… estes caras estão na nossa frente.”

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O CEO, por sua vez, ficou tão impressionado que, em conversa com o ex-executivo do banco de investimento Goldman Sachs, John Thorton, teria dito de que os carros chineses são uma “ameaça existencial” para a indústria.

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O carro da Changan que os executivos dirigiram não foi revelado, mas teria deixado a dupla sem palavras por seu rodar macio e silencioso. A reportagem justifica a reação tardia aos chineses pelo fato de que nenhum deles é vendido nos EUA, o que dificulta o acesso.

Grade dianteira segue estilo dos novos Evos e Mondeo
Ford Focus chinês é fabricado pela Changan (Reprodução/Internet)

Farley ainda teria dito que “já viu este filme antes”, lembrando da ascensão das fabricantes japonesa e, em seguida, das sul-coreanas. Montadoras como Toyota, Honda e Nissan tornaram-se populares na América do Norte entre as décadas de 1980 e 1990 como alternativas mais baratas aos Ford e Chevrolet.

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Ambas eram vistas com desdém quando começaram a vender carros no mercado global e, com o passar dos anos e a melhora na qualidade, conseguiram conquistar o seu espaço na indústria. Farley sabe bem disso, pois começou sua carreira no marketing da Toyota.

Ford Capri SUV
(Divulgação/Ford)

Outro ponto levantado pelo executivo é como os chineses conseguiram realizar uma “engenharia elegante de baixo custo” e, ao “usar uma base de fornecedores de baixo custo para superar a concorrência no preço”, teriam conseguido ficar muito mais atraentes para o consumidor. Assim, as fabricantes ocidentais não estão conseguindo competir com as chinesas que estão “se movendo na velocidade da luz.”

As medidas protecionistas dos EUA e da Europa podem proteger a indústria ocidental por mais algum tempo até que algumas fabricantes consigam reagir. A pergunta é: por quanto tempo? Cada vez mais montadoras estão revendo seus planos de vender somente carros elétricos, consequência da queda nas vendas em 2023.

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No caso da Ford, ela busca lançar um carro elétrico barato no começo de 2027, mirando justamente nos modelos chineses. O desafio será conseguir chegar a um bom produto que ainda seja lucrativo o suficiente. E que não seja lançado tarde demais.

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