Neue Klasse X é o primeiro modelo da futura BMW e chega em 2025
O SUV será o primeiro modelo a usar a nova plataforma modular de todos os BMW elétricos; visual do conceito antecipa muito do modelo final
Primavera é sinônimo de renascimento. E, talvez, não seja por acaso que o BMW Neue Klasse X seja apresentado justamente no primeiro dia da primavera europeia. Mesmo tendo surgido primeiro com as formas de um revolucionário sedã, o SUV pode se tornar o primeiro modelo da futura BMW, uma escolha que se entende pela maior procura global por este tipo de carroceria.
“Queremos que seja um veículo com impacto global”, justifica Stephan Durach, VP de Desenvolvimento na BMW, que depois conclui com a explicação do nome desta nova geração de carros da sua marca: “em 1961 a BMW apresentou a Neue Klasse original, que reformulou a empresa por completo e a sua oferta de veículos… e, agora, sabemos que algo semelhante vai acontecer”.
Depois do seu lançamento comercial, na transição de 2025 para 2026, vários outros modelos virão, com as dimensões que vão desde as que hoje tem um Série 1 ao extremo oposto, o Série 7. Será “a” plataforma da BMW – as marcas Rolls-Royce e Mini terão as suas próprias arquiteturas pela especificidade dos seus veículos.
A primeira pergunta que é feita a um designer no momento em que este apresenta um novo carro-conceito é invariavelmente a mesma: “o quão próximo é este conceito do carro que será produzido em série?”. Kai Langer, diretor de estilo exterior na BMW, não foi nada discreto na resposta que teve o seu quê de original: “digamos que se a minha mãe visse o conceito e o modelo final não saberia distingui-los”. E fica quase tudo dito.
Para além do design de dois volumes normal num modelo X da BMW, vemos (tal como vimos no Neue Klasse sedã, de 2022) um estilo muito limpo tanto no exterior quanto no interior, que será comum a toda esta nova família de modelos.
O formato SUV, com maior altura em relação ao solo, combina bem com o longo entre-eixos e com a cabine mais arejada. O console central é discreto, já que não existe câmbio ali, e não há túnel central traseiro para atrapalhar os passageiros, já que não é preciso unir a frente e a traseira com sistemas de escape ou transmissão. Tudo isso torna o interior muito espaçoso.
Além disso, a extensa superfície vidrada (janelas laterais e teto panorâmico que percorre quase toda a extensão da cabine) inunda o interior com luz natural e melhora substancialmente a visão dos ocupantes para o exterior.
A aerodinâmica é uma questão-chave nos carros elétricos já que, quanto menos resistência ao ar houver, mais tempo durará a carga da bateria e maior distância o veículo poderá percorrer. O Vision X final deverá, por isso, ter uma aerodinâmica 20% melhor do que a do atual iX3.
O novo visual dos futuros modelos X fica logo marcado pela nova grade, cuja forma de duplo rim foi redesenhada, surgindo agora com um aspecto retrô e mais vertical, como uma escultura tridimensional com contornos iluminados (o efeito luminoso é ativado quando o motorista se aproxima do veículo com a chave).
Na traseira, as lanternas horizontais estendem-se quase até ao centro da tampa traseira, dispondo de elementos em 3D, cuja luminosidade variável é individualmente controlada para reforçar a sua personalidade.
De lado, chama a atenção a pureza de linhas, já que não há sequer maçanetas. Para abrir as portas, basta pressionar botões posicionados nas colunas, como no Mustang Mach-E. Isso, porém, não deverá seguir para o modelo final, assim como os retrovisores digitais.
A posição de condução elevada é ideal para uma vista privilegiada do quadro de instrumentos, que fica na base do para-brisa, percorre toda a largura do painel e apresenta todas as informações mais relevantes. Para complementar, há um head up display com projeções em 3D, além da central multimídia, com uma tela em formato fora do comum.
“O sistema operacional será da geração 9, cada vez mais próximo da lógica de controle dos smartphones que todos usamos no nosso dia-a-dia”, disse Arturo Cisneros, responsável por tudo o que se relaciona com experiência do usuário na Neue Klasse. Haverá possibilidade de transferir informações de uma tela para a outra, por exemplo.
Ainda na cabine, há iluminação ambiente nas superfícies, além de linhas e pontos indiretos de luzes. No Neue Klasse conceito, existem apenas quatro lugares (e respectivos encostos de cabeça), mas no modelo final também haverá espaço para um terceiro passageiro central traseiro.
O interior estreará um novo material feito à base de plantas e minerais (e totalmente livre de petróleo) que será aplicado na parte inferior dos painéis das portas e do console central e, em estreia também, haverá plásticos de origem marítima (como os extraídos de redes de pesca, por exemplo) em peças moldadas através de injeção.
Compreende-se que a BMW não queira “levantar o véu” a mais de ano e meio da chegada do que se pensa que poderá vir a ser o futuro iX3, para não deixar a concorrência demasiado alerta.
Apenas se sabe que existirão novos motores elétricos (nesta que será a 6ª geração das motorizações elétricas da marca alemã) e que as baterias integrarão novas células, agora cilíndricas, de íons de lítio, com uma densidade energética 20% maior do que as usadas nos atuais elétricos da BMW (o que beneficiará a autonomia, que deverá aumentar em 30%).
Sabe-se ainda sobre a mudança para um sistema elétrico com tensão de 800 volts (de que, hoje em dia, só a Porsche/Audi e a Hyundai/Kia dispõem), que resultará em carregamentos de bateria 30% mais rápidos (num carregador ultrarrápido será possível um ganho de energia para 300 km de condução em apenas 10 minutos).
Uma das áreas de enorme evolução da família Neue Klasse é a da potência de computação, com novas ECU (Electronic Control Unit) para os sistemas de condução, chassis e propulsão com potências cinco vezes superiores às que existem nos atuais modelos. A ECU de condução será até 10 vezes mais rápida e, a dos sistemas de assistência à condução, até cinco vezes mais rápida.
Claus-Dieter Groll, o diretor do projeto Driving Experience na BMW, fala sobre a intenção de alterar por completo o significado de puro prazer de condução na marca: “a intensidade da ligação entre o motorista e o seu automóvel é a essência do prazer de condução que se mantém até hoje como um dos valores fundamentais da BMW”.
Será inaugurado também um inovador sistema de frenagem, sobre o qual apenas se sabe que terá intervenção direta sobre cada uma das rodas, “para que o controle geral do veículo seja o mais perfeito possível e os muitos elevados torque e potência não provoquem perdas de motricidade e para que a vetorização de torque e frenagem seletiva funcionem a favor da dinâmica geral do carro”, explica Groll. E tudo isto com uma notável redução de complexidade, dado que onde hoje existem 24 variantes de hardware em toda a gamas de modelos da BMW, no futuro serão apenas dois.
O responsável da dinâmica dos futuros Neue Klasse adianta ainda que “haverá uma completa manipulação da dinâmica lateral e longitudinal a partir de uma plataforma eletrônica central com funções de gestão do chassi (com direção ativa, estabilização de rolamento ativa, etc) e de controle dos quatro motores elétricos (um por roda) que as versões mais potentes irão utilizar.
A forte preocupação com a defesa do ambiente é patente em todos os aspectos da Neue Klasse, nomeadamente na construção do veículo. Também por isso, a fábrica de Debrecen, na Hungria, se tornará, em 2025, a primeira do mundo a produzir automóveis alimentada por um sistema energético sem qualquer origem fóssil.
Por comparação com o atual iX3, o modelo que resultará do conceito Vision X terá emissões de CO2 cerca de 35% inferiores no total do seu ciclo de vida (produção, utilização, reciclagem).