A Stellantis quer entrar de vez no segmento de carros elétricos baratos e buscou a expertise de quem tem experiência no assunto. Em 2023, o conglomerado comprou 20% da montadora chinesa Leapmotor e abriu a Leapmotor Internacional, a qual tem 51% dos direitos, para poder vender seus carros fora da China.
As vendas na Europa já começaram. Atualmente são 200 pontos de vendas espalhados pelo continente atuando em 13 países: França, Alemanha, Bélgica, Grécia, Itália, Luxemburgo, Malta, Holanda, Portugal, Romênia, Espanha, Suíça e Reino Unido. A ideia é expandir para 500 pontos até o final de 2025.
No Brasil a empresa fará sua estreia em 2025 com o SUV C10, modelo já vendido na Europa. Há planos também de trazer o hatch T03, outro que já está disponível no Velho Mundo. Mas o foco é ir além, criando uma nova série de modelos compactos, do segmento A europeu, que correspondem a cerca de 65% do mercado por lá.
Para ter sucesso — e lucro — nos negócios, a Stellantis e a Leapmotor vão “copiar” a estratégia de quem se tornou referência nesse ramo. A BYD se tornou uma pedra no sapato das grandes montadoras por conseguir produzir seus carros de maneira barata e reverter isso em lucros.
O fundador e CEO da Leapmotor, Zhu Jiangming, revelou que a razão pela qual seus carros são acessíveis é porque eles mesmos conduzem suas próprias pesquisas e inovações tecnológicas. Resumindo, todo o desenvolvimento na área de P&D e fabricação de peças e componentes é “caseira”, algo que a BYD também faz.
Dessa forma, as montadoras não precisam repassar grande quantias aos fornecedores, além de reduzir custos com desenvolvimento de tecnologias. Isso reflete diretamente no preço final do produto sem afetar a margem de lucro.
“Seja um modelo de ponta ou de baixo custo, o lucro bruto é o mesmo, com o objetivo de permitir que os usuários comprem um produto mais bem equipado e de melhor qualidade a um preço razoável”, disse Zhu.
Esse tipo de estratégia iniciada pela BYD chamou muita atenção no mundo automotivo. No Japão, um grupo de empresas do setor automotivo se reuniram para “dissecar” um BYD Yuan Plus, lá vendido como Atto 3. Eles se impressionaram ao ver que praticamente todas as peças eram produzidas pela própria montadora, as únicas exceções eram o pneu e os vidros.
Com essa estratégia, os planos da Leapmotor são altos, e a empresa quer se tornar uma das referências no mercado global de carros elétricos. E com a ajuda da Stellantis, as coisas podem ser facilitadas. Já existe uma fábrica na Polônia produzindo carros da Leap, o que ajuda reduzir custos de importação, uma vez que muitos governos têm aumentado os impostos para carros chineses.
A Leapmotor também pode contar com a experiência das diferentes marcas da Stellantis. Os chineses já começaram a trabalhar em parceria com a Maserati para ajustar seus próximos carros. Elas já até iniciaram testes em Balocco, na Itália, e em Yancheng, na China.