Poucos sabem, mas o americaníssimo Ford Mustang se livrou por pouco da tração dianteira e do DNA japonês. Desenvolvido pela Mazda, o projeto provocou a ira dos entusiastas do pony car e por isso acabou originando o Ford Probe, em 1989. A tradição do motor V8 e da tração traseira foram respeitadas e marcaram presença na quarta geração do Mustang, em 1994.
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Baseado na plataforma da geração anterior, o novo Mustang apresentava evoluções estruturais para aumentar a rigidez do monobloco.
As proporções originais do modelo foram mantidas, com três volumes de linhas arredondadas no cupê (um falso hardtop) e no conversível. Era impossível ficar indiferente ao resgate de detalhes como o emblema do cavalo galopante na dianteira e as lanternas triplas.
A eliminação dos motores de quatro cilindros indicava um retorno às origens: o Mustang de entrada era impulsionado por um V6 de 3.8 e 145 cv, enquanto o GT recebia o tradicional V8 Windsor de 4.9 e 215 cv. O câmbio manual de cinco marchas era item de série, mas ambos ofereciam o automático de quatro marchas como opcional.
As duas versões tinham freios a disco nas quatro rodas, com ABS opcional. A suspensão dianteira McPherson e a traseira por eixo rígido tinham acerto voltado para o conforto, sem comprometer o comportamento: no GT os pneus 245/45 montados em rodas de 17 polegadas eram oferecidos como opcional.
O GT acelerava de 0 a 96 km/h em 6,1 segundos e chegava aos 220 km/h de máxima. Meses depois, surgiu a versão SVT Cobra, com 240 cv e aceleração de 0 a 96 km/h em 5,9 segundos. Pouco mais de 11.000 unidades foram produzidas até 1995.
O lendário Shelby GT350 de 1965 foi superado pelo Cobra R em 1995, com seu V8 de 5.7 e 380 cv. Precisava de apenas 5,4 segundos para acelerar de 0 a 96 km/h e chegava aos 243 km/h. Foram produzidas apenas 250 unidades do Cobra R em 1995, todas na cor branca.
O modelo 1996 marcou a chegada do V8 Ford Modular de 4,6 litros, com comando de válvulas nos cabeçotes de alumínio.
Apesar de menor, o novo V8 mantinha a mesma potência do velho Windsor, com a vantagem do consumo menor. No SVT Cobra, o mesmo V8 recebia bloco de alumínio e saltava para 305 cv graças ao duplo comando e quatro válvulas por cilindro.
Em 1998, o motor do GT foi recalibrado para render 225 cv. No ano seguinte, o Mustang foi reestilizado com linhas retas e angulosas do estilo New Edge.
A potência do motor V6 saltou para 190 cv, enquanto o V8 chegava a 260 cv. O SVT Cobra entregava nada menos que 320 cv e uma importante novidade: suspensão traseira independente. A virada do milênio marcou o retorno do Cobra R, agora com o V8 Modular de 5.4 e 385 cv.
Era um carro de pista homologado para as ruas: ia de 0 a 100 km/h em 4,7 segundos e chegava aos 273 km/h de máxima em total segurança graças aos apêndices aerodinâmicos, molas Eibach, amortecedores Bilstein, freios Brembo e enormes pneus 265/40 R18.
O GT Bullitt foi apresentado em 2001 com claras referências ao Mustang pilotado por Steve McQueen no filme homônimo.
Mais de 3.000 unidades foram pintadas na cor verde, sempre com as rodas Torq Thrust de 17 polegadas em tom grafite. O motor modular era recalibrado para render 265 cv e a suspensão trazia amortecedores Tokico.
A aposentadoria do Chevrolet Camaro e do Pontiac Firebird em nada afetou o Mustang: a lendária versão Mach 1 retornou em 2003, com as clássicas rodas Magnum 500.
Nesse mesmo ano, o SVT Cobra oferecia 390 cv graças a um compressor Eaton. O sucesso da quarta geração chegou ao fim em maio de 2004, totalizando 1.679.285 unidades produzidas em dez anos de vida.
Ficha técnica – Ford Mustang GT 1995
Motor: longitudinal, 8 cilindros em “V”, 4.942 cm3, alimentação por injeção eletrônica
Potência: 215 cv a 4.200 rpm
Torque: 39,4 kgfm a 3.400 rpm
Câmbio: automático de 4 marchas, tração traseira
Carroceria: aberta, 2 portas, 4 lugares
Dimensões: comprimento, 457 cm; largura, 178 cm; altura, 132 cm; entre-eixos, 262 cm; peso, 1.565 kg
Pneus: 245/45 ZR17