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Fiat Uno 1.3 SX era tão completo que tinha até computador de bordo

Muito sofisticada, a versão mais exclusiva do compacto abriu caminho para uma série memorável de esportivos da Fiat

Por Felipe Bitu | Fotos Fernando Pires
4 mar 2023, 09h00
Uno SX
Encontrar as calotas é um dos maiores desafios de quem restaura um Uno SX (Fernando Pires/Quatro Rodas)
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Apresentado em agosto de 1984, o Fiat Uno conquistou um feito que poucos modelos conseguiram: o de causar um impacto tão forte quanto seu antecessor, o Fiat 147. Charmoso e racional, o pequeno hatch desenhado por Giorgetto Giugiaro cativou o interesse do público nas versões S e CS. Mais requintada, a versão SX chegou apenas em outubro do mesmo ano.

Estrela da campanha publicitária da Fiat, o Uno SX era nitidamente inspirado na versão homônima italiana e se diferenciava das outras versões com uma discreta decoração externa composta por para-choque dianteiro com spoiler integrado, molduras pretas nos para-lamas, faróis auxiliares carenados e calotas integrais imitando rodas de liga leve.

Uno SX
Na traseira, os vidros laterais eram basculantes (Fernando Pires/Quatro Rodas)

O mesmo requinte se repetia no interior, com padronagem exclusiva para o revestimento dos bancos e laterais de porta, que, por sua vez, recebiam apoios de braço maiores, incorporando os alto-falantes e porta-objetos. Outra exclusividade era o volante com quatro raios e por trás dele um painel mais completo equipado com conta-giros e manômetro de pressão do óleo.

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“Fiquei impressionado quando descobri que os italianos utilizaram fibra ótica para transmitir os sinais de luz do painel para os comandos satélite”, conta Robson Cotta, ex–gerente de Engenharia Experimental da Fiat. “Não me recordo de outro modelo da época que tivesse o mesmo requinte tecnológico.”

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Fiat Uno SX
Ergonomia: volante de quatro raios, comandos tipo satélite e até cinzeiro deslizante. (Fernando Pires/Quatro Rodas)

Relativamente alta para a época, a carroceria aproveitava ao máximo os 2,36 metros entre os eixos e sua ampla área envidraçada resultava em excelente visibilidade. O monobloco mais rígido e as suspensões independentes nas quatro rodas garantiam um bom compromisso entre conforto de rodagem e o expressivo comportamento dinâmico já conhecido dos Fiat.

A versão SX trazia o mesmo motor Lampredi de quatro cilindros e 1,3 litro da versão CS, na posição transversal e com comando de válvulas no cabeçote. A diferença ficava por conta do carburador Weber de corpo duplo, que resultava em 71,4 cv na versão movida a gasolina e 70 cv na versão a etanol.

Era um acréscimo considerável frente aos 58,2/59,7 cv do Uno CS. Pesando 806 kg, o SX acelerava de 0 a 100 km/h em 15,3 segundos e alcançava a máxima de 155 km/h. A boa ergonomia dos comandos só era comprometida pelos engates do câmbio manual de cinco marchas, com sincronizadores lentos demais para uma tocada mais agressiva.

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Uno SX
Espaço interno surpreende ainda hoje (Fernando Pires/Quatro Rodas)

O câmbio foi mesmo o calcanhar de aquiles para a linha Fiat em quase duas décadas de operação no Brasil, com vários relatos de quebra prematura. Esse problema só seria sanado em definitivo em meados dos anos 1990.

Mesmo sendo mais rápido e veloz, as médias de consumo do SX eram excelentes para a época: 8,6 km/l na cidade e 13,1 km/l na estrada, sempre com etanol. E boa parte deste rendimento rodoviário era devido ao coeficiente de arrasto aerodinâmico de apenas 0,36, uma melhora substancial frente ao Fiat 147 e seu coeficiente de 0,50.

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Uno Sx
Velocímetro com escala até 220 km/h era inspirado no Uno Turbo italiano (Fernando Pires/Quatro Rodas)

A boa aerodinâmica era resultado da supressão das calhas no teto e dos vidros rentes à carroceria, reduzindo o nível de ruído e a turbulência em velocidades mais elevadas. Não havia sequer como compará-lo a concorrentes como Chevrolet Chevette ou Volkswagen Gol: em modernidade o Uno se equiparava a Ford Escort e Chevrolet Monza, modelos de categorias superiores.

A maior novidade da linha 1986 foi a introdução do computador de bordo, instalado no lugar do conta-giros: um display exibia informações como velocidade média, consumo médio, autonomia e outros dados relevantes. Considerado caro, poucas unidades o receberam.

Uno Sx
Relógio digital e luz para leitura de mapas (Fernando Pires/Quatro Rodas)
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O SX já havia perdido o apelo de novidade quando voltou a ser avaliado por QUATRO RODAS, em abril de 1986. Na falta de um motor com torque e potência à altura de seu comportamento dinâmico, restou à Fiat adotar um diferencial com relação mais curta, que acabou por reduzir sua velocidade máxima a 150 km/h.

Produzido até 1986, o Uno SX abriu o caminho para a chegada da lendária versão 1.5 R, responsável por consolidar a reputação da Fiat no disputado segmento dos hot hatches nacionais. A versão é hoje cada vez mais procurada pelos entusiastas e já entrou no radar de muitos colecionadores brasileiros.

Ficha Técnica

Fiat Uno SX 1984
Motor: transversal, 4 cilindros em linha, 1.297 cm³, comando de válvulas simples no cabeçote, alimentação por carburador de corpo duplo
Potência: 70 cv a 5.600 rpm
Torque: 10,6 kgfm a 3.000 rpm
Câmbio: manual de 5 marchas, tração dianteira
Carroceria: fechada, 2 portas, 5 lugares
Dimensões: comprimento, 364 cm; largura, 155 cm; altura, 144,5 cm; entre-eixos, 236 cm; peso, 806 kg
Pneus: 165/70 SR 13

Teste

Quatro Rodas 291
(Reprodução/Quatro Rodas)

Outubro de 1984
Aceleração
0 a 100 km/h em 15,3 s
Velocidade MÁX.: 155,8 km/h
Consumo: 8,6 km/l na cidade e 13,1 km/l na estrada
Preço: Cr$ 19.764.270 (janeiro de 1985)

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