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Dodge Polara era mais popular, mas demorou para ficar bom no Brasil

Afetada por uma série de defeitos iniciais, a boa reputação do Dodginho consolidou-se ao longo de nove anos de produção

Por Felipe Bitu Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO
13 jul 2025, 08h14
Dodge Polara
No mundo inteiro, ele teve gêmeos das marcas: Hillman, Chrysler, Talbot, VW, Sunbeam e Plymouth, além de Dodge (Fernando Pires/Quatro Rodas)
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Primeiro automóvel de passeio da Chrysler do Brasil S.A., o Dodge Dart surgiu em 1969 e obteve grande destaque no segmento de luxo, até então dominado pelo Chevrolet Opala e Ford Galaxie. Ciente da demanda por modelos menores e mais acessíveis, como Ford Corcel e VW TL, a empresa de São Bernardo do Campo (SP) iniciou a gênese do Dodge 1800, o “Dodginho”.

Dodge Polara
Carroceria de duas portas era uma exigência do mercado brasileiro (Fernando Pires/Quatro Rodas)

Diversos modelos foram considerados: entre o japonês Mitsubishi Colt Galant, o francês Simca 1000 e os ingleses Hillman Hunter e Hillman Imp. Prevaleceu o novíssimo Hillman Avenger, lançado na Inglaterra em 1970 e no ano seguinte na Argentina, mercado onde foi denominado Dodge 1500 devido ao motor de 1,5 litro.

Foi apenas em novembro de 1972 que os brasileiros finalmente conheceram o Dodge 1800, uma das estrelas do 8º Salão do Automóvel de São Paulo. Sua concepção era a mais tradicional possível: motor de quatro cilindros em linha de ferro fundido, comando de válvulas no bloco e câmbio manual de quatro marchas com tração traseira.

Dodge Polara
A ergonomia e precisão dos comandos sempre foram suas maiores virtudes. Padrão de acabamento era bom para a época (Fernando Pires/Quatro Rodas)
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Primazia nacional, a carroceria duas portas também seria oferecida no Hillman Avenger, que até então existia apenas como sedã de quatro portas e perua de cinco. Seu monobloco foi um dos primeiros no mundo a utilizar desenho auxiliado por computador (CAD), com célula de sobrevivência e zonas de deformação programada.

Outros detalhes apontavam a preocupação com a segurança: o circuito de freios era duplo, a coluna de direção bipartida, o espelho retrovisor interno era colado ao para-brisa e as maçanetas internas das portas eram embutidas. O espaço interno só era atrapalhado pelo túnel central no assoalho e o porta-malas comportava 316 litros, com bom vão de acesso.

Dodge Polara
Pequeno por fora e grande por dentro… (Fernando Pires/Quatro Rodas)
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O deslocamento de 1,8 litro era a forma de compensar a baixa taxa de compressão (7,5:1) imposta pela péssima gasolina brasileira da época. Em vão: a potência máxima era de 78 cv a 4.600 rpm e o torque máximo de 13,4 kgfm a 3.000 rpm e resultaram em 0 a 100 km/h em 20,3 s e máxima de 141,16 km/h. O desempenho aquém do esperado era incompatível com seu bom comportamento dinâmico, favorecido pelas suspensões com molas helicoidais nas quatro rodas (dianteira McPherson e traseira com eixo rígido), pela rápida caixa de direção com pinhão e cremalheira e pelos freios dianteiros a disco, sem assistência a vácuo.

Eleito como vilão, o carburador Solex 32 foi substituído por um Lucas inglês em 1974. Com apelo jovem, a versão SE foi apresentada no mesmo ano, mas falhas no controle de qualidade comprometeram sua imagem, no ano de estreia do rival VW Passat.

Dodge Polara
… mesmo sendo menor que os rivais (Fernando Pires/Quatro Rodas)
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A impressão que dava era a de que os primeiros proprietários foram cobaias do desenvolvimento do Dodginho: os que permaneceram fiéis não se cansavam de elogiar acabamento, conforto, câmbio e e dirigibilidade. Foi pensando na clientela fiel que a Chrysler reconheceu os problemas e promoveu uma revisão geral no Dodginho para 1976. Rebatizado como 1800 Polara, recebeu uma suspensão traseira mais baixa, pneus radiais e seu motor recalibrado para render 93 cv. Ia agora de 0 a 100 km/h em 14,05 segundos, com máxima de 158 km/h sem comprometer o consumo.

Dodge Polara
(Fernando Pires/Quatro Rodas)

O Dodginho entrou em sua fase final no modelo 1978: foi atualizado com grandes faróis retangulares, indicadores de direção nas extremidades dos para-lamas dianteiros e lanternas traseiras redesenhadas. O acabamento interno ficou mais requintado, mas o novíssimo Ford Corcel II cativou uma parcela considerável do seu público.

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Deficitária, a filial brasileira da Chrysler foi adquirida pela Volkswagen alemã em 1979, mesmo ano em que o Dodginho recebeu um câmbio automático de quatro marchas. Em 1980 surge o requintado Polara GLS, mas já era tarde: 92.665 Dodginhos foram produzidos até 1981, já sob o comando da Volkswagen Caminhões. A produção argentina foi mantida até 1990, mercado onde ele foi comercializado como Volkswagen 1500 a partir de 1982.

Ficha Técnica – Dodge 1800 Standard 1975

Motor: longitudinal, 4 cilindros em linha, 1.799 cm3, alimentado por carburador horizontal de fluxo descendente
Potência: 82 cv a 4.600 rpm
Torque: 14,5 kgfm a 3.000 rpm
Câmbio: manual de 4 marchas, tração traseira
Carroceria: fechada, 2 portas, 5 lugares
Dimensões: comprimento, 412,5 cm largura, 153,8 cm; altura, 137,6 cm; entre-eixos, 248,9 cm
Peso: 958 kg
Pneus: 6,45 x 13 diagonais

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