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Gasolina passa a ter mais etanol: o que muda e como pode afetar carros e motos?

A nova gasolina E30, com 30% de etanol, está autorizada para ser vendida no Brasil. Veja o impacto no desempenho e como pode afetar os preços

Por Henrique Rodriguez Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO
Atualizado em 1 ago 2025, 11h46 - Publicado em 1 ago 2025, 11h44
Posto combustível gasolina álcool diesel petrobras (6)
 (Fernando Pires/Quatro Rodas)
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A partir desta sexta-feira (1°), há novos percentuais para a adição de biocombustíveis nos combustíveis fósseis vendidos no Brasil. A mistura de etanol na gasolina passa dos 27% para 30%. No caso do diesel, o percentual de biodiesel adicionado aumenta de 14% para 15%.

Essa mudança vem sendo planejada desde o final de 2024 e um dos argumentos para isso é driblar a instabilidade do preço do petróleo no mercado internacional. Mas o aumento do percentual de etanol ou biodiesel não necessariamente levará a uma variação perceptível no preço dos combustíveis nas bombas neste momento. O impacto seria menor do que a variação de preços entre os postos.

O aumento do biodiesel no diesel é temido, pois o biodiesel torna o diesel mais suscetível oxidação, que pode levar à formação de peróxidos e ácidos se ficar armazenado por longo período. O diesel tem uma propriedade natural de absorção de água, que é ainda maior no biodiesel. O biodiesel também tem gordura animal em sua formulação (a proporção, no entanto, pode variar), o que gera ainda mais bactérias e adensa o combustível. Diesel contaminado é uma fonte de problemas para donos de carros e caminhões a diesel.

No caso dos carros, a nova gasolina é mais temida por veículos que não são flex. Ou seja: boa parte das motocicletas, dos carros importados e dos carros fabricados há mais de 20 anos. Para avaliar estas questões, o Instituto Mauá de Tecnologia (IMT) realizou um estudo com carros e motos com até 30 anos e algumas questões vieram à tona. 

Como foram os testes com a nova gasolina E30?

Para garantir a segurança e a compatibilidade da gasolina com 30% de etanol (podendo chegar a 32% em alguns ensaios), o Instituto Mauá realizou uma avaliação completa em uma frota diversificada. Foram utilizados 16 carros, com motores de 1.0 a 2.5, fabricados entre 1994 e 2024, incluindo modelos a combustão e híbridos, abrangendo as fases L2 a L8 do Proconve.

Vale destacar que o único carro carburado testado foi justamente o mais antigo, um 1.0 8V de 50 cv (o IMT não divulgou os carros testados). Apenas o carro 1996 (1.0 8V com 58 cv) tinha injeção eletrônica monoponto. Seis dos 16 carros testados tinham injeção direta e seis eram turboalimentados.

COMPARATIVO | haval h6 phev19 x SONG plus
Haval H6 e BYD Song Plus foram usados nos testes da nova gasolina (Fernando Pires/Quatro Rodas)
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Também testaram quatro híbridos reconhecidos por seus dados: BYD Song Plus PHEV, Haval H6 HEV, Mercedes C200 MHEV e o Toyota RAV4 HEV, os três primeiros fabricados em 2023 e o último em 2024.

O estudo também incluiu 13 motocicletas com motores de 100 a 600 cilindradas, fabricadas entre 2004 e 2024. A análise cobriu todos os cenários de uso, desde a partida a frio e marcha lenta até a performance em acelerações e retomadas de velocidade.

A Gasolina E30 afeta o desempenho ou o motor do carro?

Os resultados dos testes foram conclusivos: a gasolina E30, com 30% de etanol, não causa alterações significativas no desempenho, na dirigibilidade ou nos sistemas de injeção dos veículos. As pequenas variações observadas em aceleração e retomadas foram consideradas insignificantes e atribuídas à idade e ao estado de manutenção dos veículos, e não ao novo combustível.

Os veículos chegaram a ser colocados em câmaras frias reguladas para manter temperatura de -5°C para que fossem ligados com a temperatura do óleo do motor em 0°C. Os testes foram feitos tanto com a antiga gasolina E27 quanto com a E30.

Alternativas à gasolina
Carro flex é de 2003, mas o etanol é misturado na gasolina brasileira desde 1976 (divulgação/Volkswagen)
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Na verdade, o aumento de 3 pontos percentuais na mistura não é capaz de interferir tanto no comportamento dos carros. Os resultados dos testes de desempenho mostram que houve ganho de desempenho em determinadas medições e piora em outras, enquanto carros mais modernos tiveram desempenho mais constante com os dois combustíveis – porque a injeção dos seus motores conseguem corrigir melhor a diferença da mistura.

Em relação às emissões, não houve diferença nos gases liberados pelo escapamento em comparação com a gasolina E27 atual. O principal ganho ambiental da E30 está no ciclo de carbono, uma vez que a cana-de-açúcar, matéria-prima do etanol, absorve CO2 da atmosfera durante seu crescimento, tornando o combustível mais limpo do poço à roda.

Carros ainda mais antigos que os testados, que eventualmente podem já ter componentes agredidos ou com vida útil menor por causa da presença do etanol, tendem a continuar com os mesmos problemas. Mas vale lembrar: o Brasil usa etanol misturado na gasolina desde 1976 e a proporção superior a 20% está estabelecida desde 1983.

Você pode ler o estudo completo do IMT aqui.

O que muda na gasolina E30?

Basicamente, é a proporção da adição de etanol anidro (sem água) à gasolina. Neste caso, a nova mistura é para as gasolinas comum e aditivada. O aumento do percentual de etanol na gasolina também significa um aumento natural da octanagem na gasolina vendida para o consumidor, que passa a ser de 94 RON – antes, era 93 RON.

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O etanol tem maior resistência à detonação e sua mistura na gasolina também é utilizada em outros países para regular a “octanagem” da gasolina pura em substituição a aditivos como o MTBE (metil-terc-butil éter).

GASOLINA.jpeg
(Divulgação/Quatro Rodas)

O aumento das octanas faz esperar uma melhora no desempenho e uma redução nas “batidas de pino” dos motores, mas isso depende muito mais da forma como o sistema de injeção e ignição do motor do carro se adapta ao combustível. Novamente, as variações no desempenho dos veículos testados pelo IMT foram mínimas.

E vale reforçar que o etanol misturado na gasolina não tem água, diferente do etanol vendido sozinho nas bombas (etanol hidratado), que pode ter entre 4 e 7,5% de água misturada. E a água pode ser agressiva a alguns motores.

Quando a E30 chega aos postos?

A mistura de etanol à gasolina pura é feita ainda nas distribuidoras. A mistura final, conhecida como “gasolina C” é a distribuída aos postos de abastecimento. Então a chegada da nova gasolina E30 aos postos dependerá do esgotamento dos estoques atuais e pode demorar algum tempo, a depender do ritmo de fornecimento de cada distribuidora.

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Gasolina E30 pode ficar mais barata?

De acordo com o governo federal, a gasolina E30 reduz a dependência brasileira em combustíveis fósseis importados. Na verdade, dizem que o Brasil voltará a ser autossuficiente em gasolina após 15 anos. As estimativas indicam que a redução do preço nos postos pode chegar a 20 centavos para o consumidor – mas esta é a diferença natural entre alguns postos.

Por outro lado, a redução poderá ser momentânea, e variar de acordo com o momento da safra da cana-de-açúcar. Também há regiões no Brasil que não têm usinas de etanol, onde o preço do combustível de origem vegetal não é competitivo.

Posto combustível gasolina álcool diesel petrobras (1)
(Fernando Pires/Quatro Rodas)

Com essa medida, espera-se um aumento de 1,5 bilhão de litros por ano na demanda por etanol. O impacto disso seria uma redução de 1,7 milhão de toneladas nas emissões de gases do efeito estufa por ano, o que equivaleria a retirar 720 mil veículos das ruas.

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A gasolina premium também muda?

Não, só as gasolinas comum e aditivadas. A gasolina premium continuará com com os 25% de etanol na mistura e com 95 RON de octanas. Ou seja, este ainda será o combustível mais indicado para carros que podem ser mais sensíveis ao etanol.

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