Estas tecnologias podem salvar os motores a combustão
Os motores térmicos ainda ficarão por um bom tempo entre nós, mas as tecnologias a seguir serão fundamentais para tornar isso possível

Do tempo em que não se controlavam emissões até hoje, os motores a combustão evoluíram muito, se tornando mais limpos e eficientes. Pressionadas pelas leis ambientais e pelo mercado, as fábricas de automóveis desenvolveram tecnologias que aperfeiçoaram o funcionamento dos motores e de seus sistemas agregados até os limites conhecidos e viáveis economicamente. A partir daí, os elétricos entrariam em cena.
Por isso, nas últimas décadas praticamente não houve desenvolvimento dos motores a combustão. Acontece que a eletrificação também tem seus desafios e contradições e a troca de tecnologias nesse caso é muito mais complexa que a passagem de uma fase a outra, em um programa de redução de emissões. São diversos fatores envolvidos. E, diante disso, fábricas, legisladores, consumidores estão revendo suas posições.
Motores a combustão ainda terão importante participação na mobilidade. De acordo com o engenheiro João Carlos Dias Junior, head de pesquisa e desenvolvimento da Horse Brasil (grupo Renault), os motores a combustão estarão em uso por muitos anos. Segundo ele, apenas com o aperfeiçoamento das tecnologias atuais será possível aumentar a eficiência térmica desses motores em cerca de 10%, chegando a 40%.
Essas tecnologias, se aperfeiçoadas, podem salvar os motores a combustão:
Hibridização – Os motores elétricos são vistos como aliados para a manutenção dos térmicos na ativa, nos diferentes níveis de hibridização, híbridos leves (MHEV), plenos (HEV) e plug-in (PHEV).

Turbo – Sistemas de gerenciamento eletrônico (com controle da válvula de alívio e da geometria variável) e mecânico (layout interno) podem ser melhorados para aumentar a eficiência deste dispositivo que contribui para a eficiência energética do motor.

Catalisador – A maior carga catalítica (metais preciosos como platina e ródio) beneficia as reações químicas, que também podem ser favorecidas pelo aumento da porosidade da cerâmica que serve de base para a peça e com a introdução de um sistema de preaquecimento do componente.

Materiais – O trabalho nos diversos componentes do motor passa pela redução de atrito, que já avançou muito, e também pelo aumento de sua resistência diante da elevação da temperatura interna do motor (necessária para o aumento da eficiência). Alguns exemplos: válvulas de sódio, uso intensivo de aço inox e bicos injetores que suportem pressões ainda maiores que as adotadas atualmente.

Software – O gerenciamento eletrônico mais eficiente de sistemas como alternador, aquecimento e refrigeração do motor, ar-condicionado e do próprio ciclo termodinâmico do motor irão contribuir muito para o aumento da eficiência.
Fechando o cerco
Há sistemas que já foram adotados em alguns países, mas ainda podem ter sua aplicação ampliada, como os que atendem pelas siglas ORVR (On-Board Refueling Vapor Recovery, ou Sistema Integrado de Recuperação de Vapores de Abastecimento) e RDE (Real Driving Emissions, em tradução livre, Emissões em Uso Real).
ORVR: É um sistema de válvulas e filtros posicionado dentro do tanque de combustível, que retém até 98% dos gases emitidos pela evaporação do combustível, como o benzeno. Esses gases, que são gerados tanto durante o abastecimento quanto com a evaporação natural no tanque de combustível (mesmo com o carro desligado), são redirecionados para
o motor e usados durante
a combustão.
RDE: Também conhecido como RDE Test, ele mede as emissões em tempo real, como se fosse um ensaio de laboratório para a homologação do motor. Este sistema não existe para ser instalado como um equipamento dos carros, mas contribui para reduzir as emissões dos motores, ainda na fase de desenvolvimento. Na Europa, esse tipo de teste faz parte do protocolo para a indústria, juntamente com o ensaio de laboratório. No Brasil, ele está em fase de implementação.