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Corrente ou correia? Veja as diferenças, como cuidar e quais carros usam

Duas peças distintas que cumprem a mesma função. Uma é de borracha e a outra de metal. Conheça tudo sobre cada uma e como cuidar para não ter prejuízos

Por João Vitor Ferreira
Atualizado em 7 set 2024, 08h33 - Publicado em 1 set 2024, 15h08
Correia e corrente
É correia ou corrente? A duas peças tem a mesma função e seu uso depende do projeto elaborado pela montadora (Acervo/Quatro Rodas)
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Quando falamos de corrente ou correia dentada o assunto pode render mais do que muitas discussões de bar. Há quem defenda a peça metálica, outros preferem a praticidade da borracha. no geral não é que uma seja melhor do que a outra, apenas são peças com a mesma função, mas adaptadas para contextos diferentes.

O que é e para que serve a corrente e correia?

Se você não conhece a funcionalidade dessas peças, saiba que elas são muito importantes para o funcionamento do motor do seu carro. A corrente ou a correia dentada são responsáveis pelo sincronismo entre o motor (virabrequim, bielas e pistões) e o cabeçote (onde estão as válvulas de admissão e escape).

O sincronismo correto permite que as válvulas se abram no tempo certo, sem que as válvulas estejam abertas no momento que o pistão sobe para comprimir a mistura de ar e combustível ou para expulsar os gases, por exemplo.

Corrente
Correntes são mais duráveis e seu uso está voltando a virar moda nos novos projetos (Acervo/Quatro Rodas)

Caso a corrente ou correia arrebente, o problema é garantido. O sistema passa a funcionar de maneira descoordenada, podendo até se chocar e comprometer o funcionamento do motor, necessitando de uma retífica.

Correia dentada e corrente são a mesma coisa?

Não, elas não são a mesma coisa, porém tem a mesma função no carro.

A corrente é feita de metal, é mais pesada e gera um ruído maior dentro do motor. A peça era usada nos carros de décadas passadas, como nos anos 1970 e 1980, e foi caindo em desuso com o tempo, apesar de ser bem mais resistente. Se olhar para uma, verá que ela se assemelha muito a uma corrente de bicicleta ou motocicleta.

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A solução da indústria para as desvantagens da corrente metálica foi criar uma peça mais leve e barata. Assim surgiu a correia dentada feita de borracha. Ela é mais leve e silenciosa, mas em contrapartida costuma durar 60.000 km, em média, contra os quase 200.000 km da corrente.

Porém, em projetos modernos, como os dos motores da Volkswagen, Ford e Chevrolet, a correia tem duração maior, podendo passar dos 100.000 km. O segredo foi deixar essa correia banhada em óleo, o que pode levar a outros problemas que veremos mais adiante.

Apesar da correia dentada ter sido a principal escolha da indústria automotiva nos últimos anos, a corrente está voltando a ser usada. O que determina a escolha entre uma e outra é o projeto do motor e o que a montadora quer com aquilo.

Correia dentada
Mais leves e baratas, as correias dentadas podem custar até 10x menos que uma corrente (Christian Castanho/Quatro Rodas)

Por ser mais leve, a correia dentada ‘rouba’ menos potência do motor, resultando em melhor desempenho e menos emissões — algo que toda montadora procura atualmente. Além disso, o kit para troca de correia dentada é muito mais barato.

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Em uma pesquisa rápida no Mercado Livre, podemos encontrar o kit (composto pela correia e tensores) para o Volkswagen Polo Track 1.0 por R$ 430.

Outras montadoras preferem utilizar as correntes metálicas. O ruído elevado já não é um problema tão grande, já que um bom isolamento acústico faz com que ele mal seja percebido dentro da cabine.

Somado a isso elas também são mais robustas e resistentes. Diferente das correias de borracha, são raros os casos onde elas arrebentam (no pior dos casos, pode ocorrer um esticamento), o que garante a integridade do motor e passa mais confiança para o proprietário, mesmo que isso não dispense as revisões regulares para saber se não existe nenhuma folga no sistema.

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Porém, mesmo que demore mais de 150.000 km (ou mais de 200.000 no caso dos motores Firefly da Fiat) para trocar a corrente, quando precisar fazê-la, não será barato.

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O Hyundai HB20 1.0 com motor Kappa (aspirado) é um dos carros populares que utilizam corrente metálica para fazer o sincronismo das válvulas e seu kit pode custar mais de R$ 1.500.

E a correia banhada a óleo?

Essa foi a solução usada na indústria para aumentar a durabilidade da correia dentada. Ao banhá-la em óleo lubrificante, sua expectativa de vida quase dobra e, dos meros 60.000 km, podem facilmente passar dos 100.000 km. No caso do Ford Ka com motor 1.5 Dragon, a promessa é que a correia banha óleo durasse até 240.000 km.

Mas existe um porém. É preciso ficar atento ao óleo lubrificante usado no seu motor. Por serem de borracha, a correia dentada é sensível a produtos químicos e usar óleo com especificação diferente da descrita no manual, além dos problemas no motor, irá degradar a peça mais rapidamente, aumentando — e muito — o risco de rompimento.

Correia dentada banhada a óleo
A correia banhada a óleo foi a solução da indústria para aumentar a durabilidade da peça, porém o uso de lubrificante errado no motor pode comprometer seu uso (Divulgação/Quatro Rodas)

Antes de se romper, porém, a correia dentada pode se esfarelar e seus pedaços acabarão entupindo os dutos de passagem do óleo do motor. Assim, com menos fluxo de óleo, o motor pode se fundir antes que a correia arrebente. Será um reparo igualmente caro.

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No caso dos Chevrolet Tracker e Onix, como o que tínhamos no Longa Duração, o óleo usado tem que ter o selo de aprovação Dexos 1 Gen 2. Exija sempre o óleo especificado no manual do carro quanto a viscosidade, norma SAE e eventuais padrões de aprovação do fabricante.

Não confundir com correia do alternador!

Os nomes são semelhantes, mas a função no carro é diferente. As correntes e correias de comando trabalham para manter a sincronia dos pistões e válvulas. No caso da correia do alternador (ou poly-V), ela tem a função de transferir a força do motor para o alternador e gerar energia.

Essa energia gerada é usada para carregar a bateria de 12V e alimentar os sistemas elétricos do carro. Portanto, não confunda!

Alternador
Correia do alternador é um outra peça com outra função. Por isso, não confunda! (Reprodução/Internet)

Quais são os problemas que a corrente e a correia podem apresentar?

Se você comprou um carro 0km que usa corrente metálica, dificilmente terá algum problema enquanto estiver com o carro. Muitas vezes, ela só começa a apresentar defeitos na casa dos 150.000 km, ou seja, depois do primeiro dono. Em todo caso, sempre peça ao seu mecânico para olhar a corrente durante as revisões programadas.

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No caso da corrente, dificilmente ela terá sinais visíveis, como rachaduras ou partes soltas. No geral, ela apresenta folgas, ficando mais frouxa e esticada no sistema, fazendo com que o funcionamento dos pistões e válvulas perca sincronia e o ruído mude.

Se isso acontecer, o carro te dará sinais claros. O motor vai apresentar um barulho metálico anormal, que se modifica à medida que as rotações sobem. Você também notará uma perda de potência e aumento no consumo.

Corrente ou correia? Veja as diferenças, como cuidar e quais carros usam
Todos os motores da família EA211 da Volkswagen, o que inclui os 1.0 aspirado e turbo do Polo, usam correia dentada, que pode durar mais 100.000 km, de acordo com a fabricante. (Fernando Pires/Quatro Rodas)

Já a correia dentada — banhada a óleo ou não — traz sinais mais visíveis de desgaste. Você pode tirar a capa do motor e procurar por sinais como dentes danificados, ressecamento ou rachaduras. Se encontrar, procure um mecânico de confiança para fazer a troca, já que o risco de rompimento é grande.

Os sinais de desgaste também podem ser ouvidos. Fique atento para qualquer barulho agudo e estranho vindo do motor, que aceleram conforme as rotações aumentam. Eles indicam que a peça já está desgastada e necessitando de uma troca imediata.

Para evitar maiores dores de cabeça, sempre peça para checarem o estado da corrente nas revisões periódicas. Também evite fazer o carro pegar no tranco e usar produtos abrasivos ao limpar o cofre do motor, já que diminuem a vida útil da peça.

Caso transite por muito em estradas de terra ou em áreas de mineração, troque a correia com mais frequência, pois a sua durabilidade também é reduzida nessas condições.

Como preservar as correntes e correias?

Para as correntes e correias banhadas a óleo, utilize sempre o lubrificante especificado no Manual do Proprietário. O produto certo vai garantir não só o funcionamento ideal, como também não vai degradar a peça, fazendo com que ela fique frágil e arrebente com mais facilidade.

Além de usar o produto óleo correto, também faça a sua troca, bem como a do filtro, na período estipulado. Isso garantirá a melhor qualidade não só das correntes, como de todo o sistema de lubrificação do seu motor como um todo.

Onix Plus Longa
Já os motores mais populares da Chevrolet, entre eles o 1.0 turbo do nosso antigo Onix Plus de Longa Duração, utiliza a correia dentada banhada a óleo (Leonardo Barboza/Quatro Rodas)

Muitos especialistas aconselham a não fazer o carro pegar no tranco, já que isso gera uma carga excessiva nas correntes e correias. Outro conselho é fazer as trocas de marcha sempre no tempo certo e evitar cantar pneus – o que força, em cadeia, a junta homocinética, embreagens e a correia.

Quais carros usam correia dentada e corrente?

Se está na dúvida entre qual carro utiliza corrente e qual tem correia dentada, fizemos um apanhado com os 20 veículos mais vendidos do país no primeiro semestre de 2024, segundo a Fenabrave.

Jeep Compass
Os motores 1.3 turbo do nosso Jeep Compass, assim como o 1.3 aspirado da nossa antiga Fiat Strada, têm motor com corrente comando (Fernando Pires/Quatro Rodas)

Correia Dentada

  • Volkswagen Polo
  • Chevrolet Onix*
  • Fiat Mobi
  • Volkswagen T-Cross
  • Chevrolet Onix Plus*
  • Chevrolet Tracker*
  • Volkswagen Nivus
  • Volkswagen Saveiro
  • Fiat Toro 2.0 turbo diesel
  • Jeep Compass 2.0 turbo diesel

*correia dentada banhada a óleo

Corrente

  • Fiat Strada
  • Hyundai HB20
  • Fiat Argo
  • Hyundai Creta
  • Nissan Kicks
  • Renault Kwid
  • Renegade
  • Fiat Toro 1.3 Turbo
  • Jeep Compass 1.3 e 2.0 Hurricane
  • Toyota Hilux
  • Honda HR-V
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