Carro a combustão pode usar compressor de ar-condicionado de carro elétrico?
Compressores de ar-condicionado de um carro elétrico podem ser adotados nos carros a combustão?

Marcos Maruju, São Paulo (SP)
Conforme explica Pedro Venâncio, engenheiro e parte do Comitê de Veículos Elétricos e Híbridos da SAE Brasil, os compressores elétricos e mecânicos atuam da mesma forma: o gás refrigerante é admitido em uma câmara e é comprimido, aumentando sua pressão e temperatura. A diferença está em como esse mecanismo é acionado.
Nos veículos a combustão, o compressor funciona por uma polia conectada ao virabrequim, enquanto no carro elétrico existe um motor elétrico para transformar a energia que vem da bateria em rotação e compressão do fluido refrigerante.
É possível adotar um acionamento elétrico nos carros a combustão comuns, mas isso não seria necessariamente econômico.
“Analisando apenas o fato de que o compressor elétrico não consome potência do motor a combustão para funcionar, pode-se esperar um benefício no consumo de combustível. No entanto, essa economia é em parte compensada pela demanda adicional de energia na bateria 12 V, já que veículos a combustão convencionais não têm baterias de tração”, explica o engenheiro.
A demanda adicional de energia seria suprida pelo próprio motor, afinal é ele que carrega a bateria de chumbo, o que teria um impacto negativo no consumo final do carro.

Nos híbridos leves (ou MHEV), a adoção de um compressor elétrico pode ser viável, mas é um desafio complexo. Para que isso ocorra, Venâncio explica que é preciso garantir que a bateria do veículo esteja corretamente dimensionada para o uso do compressor, com uma capacidade maior (medida em kWh).
Outro detalhe é que os MHEV trabalham com sistemas de no máximo 48 V e os compressores demandam uma corrente elétrica superior. Some isso ao fato de o motor a combustão estar sempre tracionando esses carros, o que significa que o compressor mecânico tem energia disponível sempre que necessário.