Para quem sonha em ver seu carro durar anos com o frescor típico de um automóvel cheirando a novo, o primeiro passo no ritual de manutenção é seguir as revisões periódicas estipuladas pela montadora, respeitando os prazos de troca de peças. O manual do proprietário é uma bíblia para esse pessoal. No entanto, há uma série de regras não escritas – porém muito simples de seguir – que podem ser adotadas para deixar seu automóvel com cara de carro de exposição. E ninguém melhor que os especialistas em veículos antigos para ajudar a conservá-los direitinho. Veja a seguir alguns segredos desses amantes do tempo.
Carroceria
Para o colecionador Júlio Penteado, um procedimento simples para evitar que modelos antigos ou novos sofram com possíveis pontos de corrosão é levar o automóvel para trafegar por poucos quilômetros após sua lavagem. “Assim você garante que a água acumulada entre as juntas metálicas escorra e evapore”, afirma Penteado. E, durante as lavagens de seus veículos, o especialista também utiliza vez sim, vez não o sabão com cera líquida. “Nesse caso, além de auxiliar no retardo do envelhecimento da pintura, onde quer que a água entre, haverá um pouco de cera para auxiliar a proteger partes mais difíceis de secar.”
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Fernando Baptista, proprietário da Batistinha Garage, empresa especializada em restauração e customização de automóveis, também endossa a necessidade de lavar a lataria e rodar logo em segu da. “Mesmo que os automóveis atuais utilizem metal, pintura e vedações com qualidade muito superior se comparados a modelos antigos, a água da lavagem ainda assim pode ficar acumulada em diversos pontos do veículo, propiciando a formação de ferrugem”, afirma o especialista.
Muitos técnicos questionam a informação de que os carros atuais não precisam ter o motor aquecido antes de trafegar. “Dizem que hoje as diferenças de dilatação entre os componentes internos são menores. Mas, ainda assim, não saio de casa sem esquentar o carro”, diz Júlio Penteado. “Se o motor é projetado para funcionar em uma determinada temperatura de trabalho, eu faço de tudo para usá-lo somente nessa condição.” Melsi Maran, professor do Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (Senai), confirma essa prática de só exigir o rendimento máximo do motor após a temperatura de trabalho ser atingida, a fim de estender sua vida útil. Com a autoridade de quem dá curso a mecânicos e técnicos de montadoras, ele diz que antes de o motor estar aquecido, além de as peças não estarem totalmente dilatadas, o que pode gerar desgaste mais acentuado, o óleo lubrificante estará com a viscosidade muito acima da ideal, fazendo com que o motor trabalhe sob pressão alta nesse período. “Acelerações bruscas e altas cargas nessa situação podem danificá-lo com o tempo”, diz Maran.
Direção
Outro cuidado recomendado por especialistas em clássicos é o de colocar o veículo em movimento no momento em que estiver esterçando a direção. Um carro com direção hidráulica esconde o esforço que os terminais sofrem em manobras paradas. A redução no esforço ao manobrar com o veículo se movimentando (mesmo em baixas velocidades) ajuda a preservar a bomba, as linhas hidráulicas e as buchas do sistema, retardando assim a necessidade de manutenções no futuro.
Bateria
Um método simples para poupar a bateria dos automóveis é o de ligar o motor somente com os faróis desligados, medida que exige menor carga do equipamento. Outra medida aconselhada pelos especialistas é o de sempre acionar o pedal da embreagem no momento em que o motor do automóvel for ligado. Desse modo, ele fica mais “livre” para girar, sem a carga do disco de embreagem, platô e eixo primário da transmissão. Com menos peso para movimentar, menor quantidade de ener- gia elétrica é consumida, bem como se reduz o esforço do motor de arranque.
Freios, suspensão e pneus
Para alguns colecionadores de automóveis antigos, um dos melhores métodos de conservar os componentes de freio, suspensão e pneus é ser suave no estilo de dirigir. “As pessoas não imaginam como os custos com manutenção são diminuídos quando um veículo é conduzido calmamente”, afirma Júlio Penteado. “Gastar 5 minutos a mais para ir a um determinado destino diariamente pode prolongar em meses a substituição de componentes como buchas, por exemplo.”
As arrancadas suaves economizam combustível e embreagem, as frenagens progressivas poupam pastilhas e discos de freio e as curvas feitas sem muita aceleração exigem menos da suspensão. Os benefícios, porém, vão além do desgaste precoce de peças que são substituídas com frequência: a carroceria submetida a menos esforço em situações dinâmicas tende a ter os pontos de solda preservados e sua rigidez estrutural menos afetada.
Câmbio
Outro meio de conservar o câmbio e o diferencial de um veículo é ser suave nas acelerações e no momento das trocas de marcha. Além de sobrecarregar o sistema de transmissão, como as juntas homocinéticas, os trancos em arrancadas e as acelerações bruscas em pisos irregulares também desgastam prematuramente o sistema de amortecimento e as buchas de bandeja.