É verdade que andar no asfalto com a picape tracionada (ligada no modo 4×4 ou 4×4 reduzida) pode provocar a quebra do conjunto de tração? – Valmir Farias, por e-mail.
Devem-se evitar manobras em piso asfáltico com o 4×4 engatado, com ou sem a reduzida acionada, mas só em veículos que não têm o sistema de 4×4 permanente.
Ao fazer uma curva, cada uma das quatro rodas percorre uma trajetória diferente e, portanto, tem rotação própria, permitida pelos diferenciais. Em veículos 4×4 part-time (em que a tração integral funciona quando acionada pelo motorista), quando a caixa de transferência é travada, os eixos dianteiro e traseiro giram na mesma velocidade, fazendo com que as rodas da frente se arrastem, pois não há diferencial central para equalizar as diferentes rotações.
Se o atrito for grande (caso do asfalto), progressivamente ocorrerá a torção destrutiva do eixo ou do cardã. Quanto maior a velocidade, maior essa torção. Na terra, a baixa aderência faz com que os pneus escorreguem mais, reduzindo o dano ao sistema.
Já os veículos 4×4 permanente (comumente chamados de AWD, de All Wheel Drive) possuem mecanismos em suas caixas de transferência (como o diferencial Torsen) que permitem seu uso em qualquer tipo de superfície.
Veículos dedicados ao off-road e picapes geralmente possuem sistemas de tração 4×4 temporária, sem diferencial central.
Já os modelos de alta performance como WRX, Lancer Evo e a linha quattro da Audi são equipados com tração integral permanente, e possuem dispositivos que permitem que os eixos dianteiros e traseiros girem em velocidades diferentes, melhorando a aderência mesmo no asfalto, em altas velocidades.
Isso, porém, não é regra. A VW Amarok, por exemplo, é uma picape equipada com tração integral permanente, chamada de 4Motion.