O desenho das calotas aro 14 entrega: este é o Renault Kwid Life, a tal versão básica de R$ 32.490.
Se tivesse sido lançada há dez anos, ela nem sequer teria calotas, para-choques pintados e as rodas seriam de 13 polegadas, com pneus mais baratos. Mas são outros tempos.
A Renault foi esperta. Preferiu não mudar o design do Kwid, seu ponto forte.
A suspensão elevada e as caixas de roda grandes, reforçadas pelas molduras plásticas – que combinam com os retrovisores e maçanetas sem pintura – fazem o compacto parecer maior e mais caro do que realmente é.
Em compensação, a lista de equipamentos de série é curta, como manda a tradição dos carros populares. Como nos últimos Clio, abre-se a porta com a chave na fechadura – não há chave telecomando.
E não se encontra muita coisa: em vez de rádio há uma tampa e um porta-objetos, e o quadro de instrumentos não tem conta-giros ou computador de bordo.
O Kwid Life é tão simples que só tem três botões: o do hodômetro parcial, no quadro de instrumentos, e os de destravamento das portas e do pisca-alerta no console.
Os botões dos vidros elétricos foram trocados por manivelas, que ficam nas portas só porque os franceses, que adoram soluções ousadas, ainda não descobriram como colocá-los no painel.
Na falta de ar-condicionado, sobram os comandos da ventilação com ar quente – que no Mobi Easy, de R$ 34.690, é opcional.
Poderia ser pior: o Fiat Mobi Easy, de R$ 34.690, não tem ar quente, nem comandos internos para ajuste dos espelhos e desembaçador traseiro.
O Kwid Life, por sua vez, é o único carro à venda no Brasil sem modo antiofuscante no espelho interno. Contudo, tem Isofix e é o único de seu segmento com airbags laterais de série. É uma exceção ambulante.
O motor é o mesmo 1.0 SCe de três cilindros, que gera 66/70 cv e 9,4/9,8 mkgf de torque, com a diferença de que não há compressor de ar-condicionado agregado a ele.
Ser obrigado a manter o vidro aberto torna o motor bem mais audível, mas deixa as revisões mais baratas: o preço total dos seis primeiros serviços baixa de R$ 2.336 para R$ 2.066 no Life.
Em movimento, o Life é como qualquer outro Kwid: ágil nas saídas, mas lento nas frenagens. O pedal do freio só responde a contento no final do curso, o que pode ser um pouco assustador.
Mas a direção mecânica será lembrada em toda manobra: ela não é tão leve quanto se esperaria de um automóvel de 758 kg. Em movimento, porém, a falta da assistência é imperceptível.
Na prática, o Kwid Life só faz sentido para frotas de prestadoras de serviço.
Para o consumidor vale a pena pagar mais para ter na garagem a versão Zen, de R$ 36.740, com direção elétrica, vidros dianteiros elétricos, rádio e ar-condicionado, que deixaram de ser luxo para os carros de entrada há mais de dez anos.
Veredicto
Apesar do foco no preço, o Kwid Life tem quatro airbags e Isofix na pequena lista de itens de série. Mas falta um mínimo de conforto.
Teste de pista
- Aceleração de 0 a 100 km/h: 15,2 s
- Aceleração de 0 a 1.000 m: 36,7 s – 138,3 km/h
- Velocidade máxima: 156 Km/h
- Retomada de 40 a 80 km/h: 8,9 s
- Retomada de 60 a 100 km/h: 14,5 s
- Retomada de 80 a 120 km/h: 25,8 s
- Frenagens de 60/80/120 km/h a 0 m: 16,3/28,6/65,3 m
- Consumo urbano: 14,6 km/l
- Consumo rodoviário: 18,2 km/l
Ficha técnica – Renault Kwid Life
- Preço: R$ 32.490
- Motor: flex, dianteiro, transversal, 3 cilindros em linha, 12V, 999 cm3; 66/70 cv a 5.500 rpm, 9,4/9.8 mkgf a 4.250 rpm
- Câmbio: manual, 5 marchas, tração dianteira
- Suspensão: McPherson (dianteiro) /eixo rígido (traseiro)
- Freios: discos sólidos (dianteiro), tambor (traseiro)
- Direção: mecânica; diâmetro de giro, 10 m
- Rodas e pneus: aço, 165/70 R14
- Dimensões: comprimento, 368 cm; altura, 147,4 cm; largura, 157,9 cm; entre-eixos, 242,3 cm; peso, 758 kg; tanque, 38 l; porta–malas, 290 l