O HB20 Motorsport surpreendeu duas vezes no último Salão, em novembro.
Primeiro, por uma marca voltar a investir no automobilismo nacional. Segundo, por isso acontecer justamente com uma fabricante de poucas tradições na pista usando um hatch compacto.
A Copa HB20 irá correr em oito etapas (veja o calendário no final da matéria) em 2019. A estrutura usará o conceito de sente-e-corra, com os pilotos pagando R$ 200.000 por temporada.
Todos usarão o mesmo carro, um HB20 1.6 16V preparado especificamente para competição, e QUATRO RODAS pôde acelerar um protótipo do bólido com exclusividade, com direito até testes de desempenho.
O HB20 Motorsport é baseado na versão R-Spec, que empresta, além do motor, o visual com para-choques, rodas e faróis exclusivos. O câmbio automático, porém, deu lugar a um manual de seis marchas.
O quatro-cilindros aspirado passou por mudanças discretas para alcançar 160 cv e 17,8 mkgf, sempre com etanol — a versão de rua gera 128 cv e 16,5 mkgf. A injeção eletrônica foi trocada por uma de competição da Pro Tune, e o mapa prioriza potência e força a altas rotações.
A preparação feita pelo especialista gaúcho Alexandre Rheinlander incluiu retirada do ar-condicionado, troca de coxins, bicos injetores de maior vazão, filtro de ar de competição e escapamento direto 4 em 1.
Os vidros laterais e traseiros deram lugar a peças de policarbonato, quase todo o acabamento interior foi removido e o carro recebeu gaiola de proteção, banco de competição com cinto de seis pontos e equipamentos para extinção de incêndio.
O resultado foi um carro que surpreendeu por duas vezes na pista.
A aceleração de 0 a 100 km/h em 10,2 segundos foi apenas 0,4 segundo mais rápida que a do HB20 1.6 de produção. A melhora nas retomadas foi igualmente tímida, enquanto as medições de frenagem foram prejudicadas pela ausência de ABS.
Pode parecer frustrante uma evolução tão pequena de desempenho, mas não é nas retas que o HB20 Motorsport brilha.
Por isso levamos o compacto para a pista do Haras Tuiuti, no interior de SP, onde suas curvas de baixa, média e alta velocidade fizeram o esportivo brilhar.
Mesmo com pneus de rua Pirelli P1 195/55 R15 do veículo avaliado, os 121 kg a menos deixaram o HB20 extremamente ágil.
A direção é pesada (não há assistência), mas direta, e a calibragem da suspensão deixou o hatch com um comportamento bem neutro.
No limite a traseira sai de forma progressiva, mas é possível que esse ajuste mude para facilitar saídas de curva. Em algumas situações o pneu traseiro interno chega a sair do asfalto, comum em muitos carros de competição.
O mapa de injeção deixou o motor fraco em baixas rotações, mas acima das 3.500 rpm o quatro-cilindros berra com vigor, fazendo com que o carro destracione até em segunda marcha.
O ronco a 120 km/h na cabine, aliás, chegou a 107,8 dB, bem acima do limite saudável — mas um alento em meio a uma Fórmula 1 silenciosa.
Como o HB20 testado manteve o hidrovácuo, os freios demandam bastante aprendizado para o piloto, podendo exigir até correções na direção durante a frenagem para curvas fechadas.
O acelerador mais sensível facilita a tarefa obrigatória de manter o motor sempre acima dos 4.000 rpm, mas a aderência restrita dos pneus de rua demanda cuidado para não se perder tempo em reacelerações.
Por outro lado, a comunicação dos Pirelli P1 é previsível e gradual, ideal para pilotos que estão estreando nas pistas. Porém, segundo a Hyundai, os pneus que serão usados na competição terão o perfil mais baixo, 195/50 R15.
Um dos poucos pontos fracos é o câmbio de seis marchas, que manteve as relações originais, muito longas para uso em pista.
A marca afirmou que as relações serão encurtadas no modelo definitivo. A embreagem original será trocada por uma de competição, mas sem troca dos pedais, que facilitam o punta-tacco.
A fabricante não revelou o custo individual de cada carro, que não será vendido. Segundo especialistas, porém, uma preparação como essa custaria R$ 40.000, além do custo de um HB20 1.6 manual (R$ 55.590).
Apesar de ser um carro consideravelmente fácil de ser pilotado, o HB20 Motorsport vai exigir muita perícia para que os competidores extraiam os décimos de segundo que são essenciais em corridas, sobretudo as monomarcas.
Veredicto
O HB20 Motorsport é previsível mas, ainda assim, arisco na medida certa para uma competição que será porta de entrada. Com o câmbio mais curto, tem potencial para gerar boas corridas.
Teste
Aceleração
0 a 100 km/h: 10,2 s
0 a 1.000 m: 31,7 s – 160,9 km/h
Velocidade máxima
200 km/h (Dado de fábrica)
RETOMADA
3ª marcha, 40 a 80 km/h: 6,9 s
4ª marcha, 60 a 100 km/h: 10 s
5ª marcha, 80 a 120 km/h: 15,6 s
Frenagens
60/80/120 km/h – 0 m: 23,3/39,1/n/a (Veículo sem ABS)
FICHA TÉCNICA
Preço: R$ 95.590 (estimado)
Motor: flex, dianteiro, transversal, 4 cilindros, 1.591 cm³, 16V, 77 x 85,4 mm, 160 cv a 6.200 rpm, 17,8 mkgf a 5.400 rpm
Câmbio: manual de seis marchas, tração dianteira
Suspensão: McPherson (dianteira) e eixo de torção (traseira)
Freios: disco ventilado com pastilhas de competição (dianteira) e tambor (traseira), sem ABS
Direção: mecânica
Rodas e pneus: liga leve, 195/55 R15 (carro testado)
Dimensões: comprimento, 392 cm; altura, 140 cm; largura, 168 cm; entre-eixos, 250 cm; peso, 950 kg; tanque, 50 l
Calendário Copa HB20 2019
14/04, em Campo Grande (MS)
02/06, em Londrina (PR)
14/07, em Curvelo (MG)
18/08, em Santa Cruz do Sul (RS)
06/10, em Tarumã (RS)*
27/10, em Curitiba (PR)*
08/12, em São Paulo (SP)
— Uma etapa para completar o calendário será anunciada em breve.
*Sujeito a confirmação.