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Qualidades e defeitos do BMW Série 3, carro de luxo mais vendido do Brasil

Design consagrado e alto nível de acabamento ajudam a explicar o sucesso do Série 3, mas a falta de espaço e de potência pode surpreender desatentos

Por Eduardo Passos
1 ago 2023, 17h00

Enquanto adota estilo ousado em seus novos carros elétricos, a BMW sabe bem a importância de valorizar seu legado, reservando a modéstia, principalmente, para os carros a combustão. É o caso do novo BMW Série 3, que vende como nenhum outro modelo da marca alemã no Brasil e, mais do que isso, é o carro de luxo mais vendido do país. E é fabricado no Brasil.

O sedã consagrado ganhou reestilização no ano passado com retoques pontuais, além de acréscimos tecnológicos que tendem a mantê-lo um sucesso de público. Mas nem tudo é perfeito e, por isso, citamos cinco pontos positivos e outros cinco, negativos, do 320i M Sport, seu topo de linha.

BMW 320i
Visual foi levemente renovado em 2022 (Fernando Pires/Quatro Rodas)

Ponto positivo: estilo

Em time que está ganhando não se mexe. Se o ditado segue valendo, faz sentido que a BMW seja elogiada por manter o design-base da atual geração do 320i, lançada em 2019. As mudanças externas do facelift se destacam nos faróis, que ganharam linhas mais retas e perderam a saliência que identificava o modelo anterior.

Também foram alterados levemente os para-choques, que ganharam estilo mais quadrado que, inclusive, é a receita aplicada em outros BMW a combustão, como o M2 e sua carroceria bem angulada. O Série 3 segue facilmente reconhecível, não havendo motivos para que alguém mude de ideia quanto a achá-lo bonito. Quem não gosta tende a ser exceção.

Ponto negativo: potência

O enorme capô do sedã esconde motor 2.0 turbo que, tanto pelas especificações quanto pela “grife” da fabricante, logo dão ideia de farta performance — mas não é bem assim. Ainda que vá de 0 a 100 km/h em 7,4 s (ajudado pela tração traseira), o 320i é menos potente que um Jeep Renegade básico, e isso fica evidente em altas velocidades.

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BMW 320
2.0 turbo tem mais imponência do que performance de fato (Fernando Pires/Quatro Rodas)

Enquanto o SUV fabricado em Pernambuco conta com 185 cv e 27,5 kgfm com motor 1.3 turbinado, o sedã catarinense não passa dos 184 cv, levando vantagem no torque: 30,6 kgfm. Passa longe de ser lerdo, mas pode enganar quem espera algo a mais.

Ponto negativo: ausência de eletrificação

É cada vez mais raro modelos de luxo que não tragam opções eletrificadas aos seus clientes. No caso do BMW Série 3, ela até existe: o 330e une o mesmo 2.0 turbo ao conjunto elétrico, totalizando fartos 292 cv e 42,8 kgfm, mas seu preço supera os R$ 400.000.

Apesar da fábrica no Brasil, esta versão veio importada da Alemanha
Única opção híbrida do Série 3 custa R$ 409.950 (Fernando Pires/Quatro Rodas)

Topo de linha do 320i, a versão M Sport e seus R$ 361.950 passam longe de serem baratos, e tanto o custo quanto a performance criticável justificam a necessidade de um incremento. Esse reforço poderia ser feito por um motor elétrico.

 

Ponto positivo: tecnologia

Recursos como controle de cruzeiro adaptativo não passam de obrigação em um carro que custa R$ 361.950. A atualização do Série 3, por outro lado, se destaca da média ao trazer as telas curvadas estreadas pelo BMW iX e que vêm ganhando quase todos os lançamentos da alemã.

Telas curvas roubam a cena na cabine do sedã
Telas curvadas roubam a cena na cabine do sedã (Fernando Pires/Quatro Rodas)

São 27,2” de displays, e é até difícil encontrar tantas funções para essa amplidão. Sempre com interfaces futuristas, dá para personalizar quais informações são mostradas em cada lugar. Também é possível controlar a central via comando de voz ou comandos físicos no console. Ainda há um head-up display que consegue juntar mais de uma informação.

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Alavanca de câmbio deu lugar a um discreto seletor de marcha
Alavanca de câmbio deu lugar a um discreto seletor de marcha (Fernando Pires/Quatro Rodas)

No fim das contas, o display é competente a ponto de que se precise apenas de um terço das telas disponíveis para ter o conteúdo necessário.

Ponto positivo: acabamento

A unidade testada traz bancos e paineis revestidos por uma elegante tonalidade vinho de couro. Quem prefere outros tons tem quatro opções extas, sempre no couro Vernasca de alta qualidade e evidente sensação de luxo.

Bancos dianteiros têm ajuste de apoio da costelaTúnel central não permite três pessoas atrás
Bancos dianteiros têm ajuste de apoio da costela (Fernando Pires/Quatro Rodas)

O requinte se repete em toda a montagem do carro: há detalhes em alumínio, ótima qualidade na montagem dos painéis, ausência de rangidos e comodidades como bancos elétricos que ajustam até a pressão nas costelas do condutor. Em termos de acabamento, não há reclamações.

Ponto negativo: espaço traseiro e do porta-malas

Com 4,7 m de comprimento, o BMW 320i faz jus a sedãs clássicos, que tinham a pequenez das dimensões como preocupação marginal. Isso, porém, não se traduz em espaço aos ocupantes traseiros.

BMW 320
Túnel central não permite três pessoas atrás com conforto (Fernando Pires/Quatro Rodas)

A distância entre joelhos e bancos da frente é adequada, mas comprimento e inclinação do assento não são dos melhores, prejudicando o conforto. O túnel central tem altura bem elevada e rouba, quase totalmente, o espaço de quem vai no meio, tornando o carro, na prática, um de quatro lugares.

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Piorando as coisas, o porta-malas tem apenas 365 litros de capacidade. Menos que um Fiat Pulse.

BMW 320
Porta-malas é menor que o de SUVs compactos (Fernando Pires/Quatro Rodas)

Ponto positivo: tração traseira

Ainda que seja responsável pela perda de potência em relação ao BMW X1 (com 204 cv) e por roubar espaço interno, a tração traseira é cada vez mais rara e, por isso, merece celebração no caso do 320i.

A opção por tracionar o eixo de trás equilibra o sedã, ao mesmo tempo que favorece suas arrancadas que ocorrem sem giro em falso das rodas — sequer residual. O feeling é diferente e um tipo “em extinção”. Para melhorar…

Ponto positivo: dinâmica veicular

…o centro de gravidade próximo ao solo diminui a rolagem, e a elevada rigidez da carroceria permite controle mais preciso do “quase esportivo”.

bmw
Em estradas com muitas curvas a diversão é garantida (Divulgação/BMW)

Ao selecionarmos o modo Sport, as trocas de marcha ficam próximas ao redline, o volante ganha precisão e o ronco do motor agrada aos ouvidos. Em estrada sinuosas, por exemplo, o 320i mostra seu potencial ao encarar curvas de alta velocidade sem susto. A posição de dirigir completa a experiência, dando ao condutor um gostinho de piloto.

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Ponto negativo: visibilidade

Mas tudo tem um preço, e a visibilidade externa do Série 3 é ruim, de modo que necessita-se cuidado para não esbarrá-lo em obstáculo da cidade.

Novo BMW 320i M Sport
Capô saliente é armadilhas das balizas (Divulgação/BMW)

Ainda que haja câmera de ré e sensores de estacionamento, a falta de referência do capô extenso e da traseira atrapalham as balizas. Os retrovisores externos, ainda que não atrapalhem, também não amenizam a situação.

Uma boa solução vem dos chineses: o uso de câmeras ao redor da carroceria que geram visão 360º e não seriam nenhum absurdo em um modelo dessa faixa de preço.

Ponto negativo: sensibilidade a vias ruins

Seria injustiça (e loucura) avaliar as habilidades off-road de um sedã de luxo projetado na Alemanha. Mas estamos no Brasil, onde apenas 13% das estradas são pavimentadas, e o comprador de um Série 3 eventualmente encarará vias de má qualidade, ainda que por pouco tempo.

BMW 320
Pneus de perfil baixo sofrem com pouco (Fernando Pires/Quatro Rodas)

Nesse caso, haverá dor de cabeça. Mais do que o vão livre de 13,6 cm, o 320i M Sport não tem sensibilidade adequada para rodar em trechos de terra batida, por exemplo. Os pneus tendem à esportividade e patinam mesmo em pavimentos levemente molhados.

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Se pretende adquirir o carro de luxo mais vendido do Brasil, é bom ter um veículo reserva em casa. Caso contrário, as chances de ficar pelo caminho em algum lugar do nosso país são consideráveis.

Ficha Técnica – BMW 320i M Sport

Motor: flex, diant., long., 4 cil., 16V, turbo, 1.998 cm³, 184 cv a 5.000 rpm, 30,6 kgfm a 1.350 rpm
Câmbio: aut., 8 marchas, tração traseira
Suspensão: ind. McPherson (diant.), ind. multilink (tras.)
Direção: eletro-hidráulica, 11,4 m (diâmetro de giro)
Freios: disco ventilado (diant. e tras.)
Pneus: 225/40 R19 (diant.), 255/35 R19 (tras.)
Dimensões: compr., 470,9 cm; larg., 182,7 cm; alt., 143,5 cm; entre-eixos, 285,1 cm; vão livre do solo, 13,6 cm; porta-malas, 365 l; tanque de combustível, 59 l; peso, 1.460 kg

Teste – BMW 320i M Sport

Aceleração
0 a 100 km/h: 7,4 s
0 a 1.000 m: 28,1 s – 189,9 km/h
Velocidade máxima : 235 km/h
Retomadas
D 40 a 80 km/h: 3,4 s
D 60 a 100 km/h: 4,6 s
D 80 a 120 km/h: 5,0 s
Frenagens
60/80/120 km/h a 0: 13,5/24,2/54,9 m
Consumo
Urbano: 10,8 km/l
Rodoviário: 15,8 km/l
Ruído interno
Neutro/RPM máx.: 38,5/62,6 dBA
80/120 km/h: 62,1/65,4 dBA
Aferição
Velocidade real a 100 km/h: 96 km/h
Rotação do motor a 100 km/h: 1.400 rpm
Volante: 2 voltas
Seu Bolso
Preço básico: R$ 361.950
Garantia: 2 anos

Condições do teste:  alt. 660 m; temp., 24,5 °C; umid. relat., 55%; press., 1.012 kPa. Realizado no ZF Campo de Provas

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