A chegada dos carros chineses no Brasil provocou muita expectativa e foi cercada de curiosidade e ansiedade. Sua filosofia de oferecer “mais equipamentos por um preço menor” chamou a atenção, mas seu avanço acabou barrado pela nova legislação do IPI. Mas agora, a história das marcas chinesas por aqui entrou em uma nova fase. Desde meados de abril é vendido o novo Celer, primeiro modelo de uma marca chinesa fabricado em território nacional. Agora, recebemos uma unidade para avaliação e teste em pista.
O modelo fabricado na planta de Jacareí, no interior de São Paulo, tem a mesma plataforma do carro antes importado da China, e agora incorpora a reestilização que foi introduzida na China já há algum tempo. Ele recebeu retoques típicos de um facelift, mas que contribuíram para melhorar o seu visual geral. Na dianteira, ele ganhou novo parachoque, grade frontal e faróis elípticos. Na traseira, as lanternas ganharam novo desenho e lâmpadas de LED.
Já as mudanças no interior foram mais profundas e foram dignas de modificações de uma geração para outra. O painel, embora continue sendo de plástico, ganhou três degraus e cada nível tem texturas diferentes, melhorando a percepção de qualidade. Cheias de curvas, o conjunto nem de longe lembra o antigo painel simplório e monótono. O cluster de instrumentos ganhou aros hexagonais, visualmente agradáveis. Mas o posicionamento das lentes faz com que, de dia, a leitura fique prejudicada pelo reflexo do sol. O console central também foi bem trabalhado e incorpora o Chery Media System, com rádio MP3 com USB. Como acessório, o comprador pode levar o Chery iConnect, que traz tela sensível ao toque com tv digital e conexão bluetooth. O equipamento estava disponível na versão que avaliamos, mas sua utilização acabou sendo restrita. O áudio aparecia hora sim, hora não, aparentemente devido a um problema de conexão com os alto-falantes.
O modelo nacional ganhou mudanças e ajustes próprios. O motor 1.5 16V agora é bicombustível, mas manteve números de desempenho bem parecidos – 13,2 s na aceleração de 0 a 100 km/h, dois décimos mais rápido e 7,9s na retomada de 40 a 80 km/h, um décimo pior. O desempenho mediano não o coloca em destaque, mas também não o condena, mas é bom saber que, no dia a dia, se você necessitar de agilidade, precisa pisar fundo e jogar os giros lá em cima. Torque e potência melhoraram pouca coisa, passando de 108 cv e 14 mkgf para 113/109 cv e 15,5/14,3 mkgf. O destaque nas provas de pista foi uma melhora sensível no consumo, passando de 7,1 para 9,7 km/l (no flex atual, teste com gasolina).
O câmbio era o ponto crítico da versão anterior, com folgas e engates longos e nada precisos. Embora seu acionamento ainda seja um pouco áspero, ele melhorou bastante, com engates mais curtos e bem mais precisos. Suspensão e freios, também alvo de críticas na versão importada, ganharam mudanças específicas para o mercado brasileiro. O freio transmite muito mais segurança, com respostas mais suaves e precisas. No teste, se mostrou também mais eficiente – na prova de 120 km/h a zero, ele melhorou de 66,6 para 63,8 metros. Os amortecedores e molas ficaram mais firmes, mas a carroceria ainda rola bastante nas curvas. Por outro lado, a absorção das irregularidades do solo melhorou sensivelmente.
Quanto aos itens de série, ele traz, por R$ 38 990 (hatch) e R$ 39 990 (sedã):
– ar-condicionado – airbag duplo – computador de bordo – vidros, travas e retrovisores elétricos – rádio mp3 com USB – faróis com ajuste elétrico
– freios ABS com distribuição eletrônica de frenagem – sensor de estacionamento traseiro
Outra novidade é a estreia da versão topo de linha Act, que apenas incorpora alguns itens. Por 2 mil reais adicionais, o comprador leva: – faróis de neblina – sistema de som com rádio mp3 com USB e CD Player e seis alto-falantes – rodas de liga leve
Veredicto: Embora contemple mais equipamentos que os rivais mais tradicionais do mercado nacional, ainda está longe de ser uma referência. Embora ofereça “mais por menos”, ainda é uma aposta.