Nós de QUATRO RODAS acompanhamos o novo Audi Q6 e-tron desde que ele era ainda um protótipo. Algo bem raro na cobertura automotiva, pois é comum que nós jornalistas tenhamos um primeiro contato no máximo com modelos pré-série na ocasião do lançamento.
E essa cobertura profunda e extensa tem um bom motivo: o Q6 estreia a plataforma PPE (Premium Platform Electric) que irá equipar os próximos lançamentos da marca e ainda é compartilhada com a Porsche, na qual estreou no Porsche Macan EV.
Inclusive eu fui até Nice, França, para dirigir o Macan e experimentar tudo que a nova plataforma pode oferecer. E ela definitivamente surpreende.
O que muda no design?
Considerando que, na prática, o Audi Q6 tem a missão de ser um Q5 elétrico, não há uma ruptura no design. A principal mudança está no conjunto óptico, que além de ser bipartido, traz as luzes diurnas superiores com oito opções de personalização – o que confere sofisticação. São 61 segmentos em led que oferecem essas possibilidades e há também animações exclusivas de boas vindas e de despedida.
As lanternas, por sua vez, são compostas pelas luzes superiores fixas, que atravessam a tampa do porta-malas, além de três quadrados iluminados formados por pequenos triângulos internos. Neles, as luzes se acendem e apagam de forma sutil, em um efeito brilhante, como um diamante.
E elas podem até se comunicar com outros veículos por meio de símbolos, porém essa função não está disponível para as unidades destinadas ao Brasil. E é uma falta, sem dúvida, pois trata-se de um recurso de segurança: a assinatura pode virar um triângulo central com barras diagonais aos lados em caso de emergência e o mesmo alerta se acende quando o veículo está estacionado e ligado, e outro veículo passa em movimento.
As linhas estão mais discretas também com o objetivo de reduzir o coeficiente aerodinâmico, que é de 0,28 cx, um ótimo número tendo em vista que se trata de um SUV.
Isso é possível também por conta das passagens de ar e até da cobertura opcional nas rodas, cujo tamanho varia do aro 18 ao aro 21. Também houve contribuição dos materiais utilizados na carroceria, incluindo aços especiais, alumínio e materiais sintéticos mais leves.
No interior há uma configuração mais horizontal e o quadro de instrumentos de 11,9” integrado a central multimídia de 14,5” trazem requinte para a cabine nada minimalista. Há ainda uma tela extra logo acima do porta-luvas, que exibe conteúdo de áudio e vídeo com filtro para que o motorista não se distraia e para se adequar às legislações brasileiras.
O head up display com realidade aumentada torna a vida a bordo mais interativa e segura pois além de informações convencionais como velocidade ou chamada de voz, indicam com precisão as orientações do GPS nativo.
O volante também tem novo visual e agora os seus comandos sensíveis ao toque também estão presentes no painel das portas, para o acionamento das portas e vidros elétricos.
Os comandos de voz ficaram mais inteligentes e os 84 leds espalhados pela cabine interagem com a direção e até servem para que as telas pareçam flutuar à noite. O sistema de som é da Bang & Olufsen, incluindo 30 alto-falantes projetados para que o para-brisa aja como amplificador natural e softwares que melhoram a qualidade de arquivos MP3 e corrijam falhas na transmissão FM.
Como anda o novo Q6 e-tron
Com dois motores elétricos, um assíncrono no eixo dianteiro e um síncrono no traseiro, o Q6 oferece 387 cv e 54,5 kgfm. São números suficientes para levar esse SUV de 2.470 kg da imobilidade até 100 km/h em 5,9 segundos, segundo a marca.
No centro da nova plataforma projetada com uma arquitetura de 800 volts está o conjunto de baterias com 100 kWh de capacidade e 12 módulos que podem ser reparados de forma individual, caso aconteça algum problema. O conjunto tem uma nova composição química que permite maior densidade de energia e propicia uma capacidade de carregamento em DC (recarga rápida) de até 270 kW – pode ser carregada de 10 a 80% em cerca de 21 minutos. Em um wallbox de 11 kW, o tempo de recarga se a bateria estiver zerada é de 10 horas.
A autonomia declarada pelo Inmetro é de 411 km e há três níveis de regeneração de energia que podem ser ativados pelo próprio volante. A suspensão é pneumática e os amortecedores são equipados com uma válvula de amortecimento variável que proporcionam uma resposta mais rápida a cada tipo de pavimento.
A experiência com o SUV, porém, foi muito rápida para um carro tão revolucionário em termos técnicos. A Audi montou um circuito com alguns obstáculos como forma de comprovar a estabilidade da carroceria. Em um trecho com o pavimento molhado o SUV se segurou bem, mesmo nas curvas acentuadas.
Na prova de slalon em pista seca a carroceria do Q6 cumpriu com êxito e praticamente não rolou trazendo segurança e diversão ao volante.
Na prova de frenagem o Q6 se saiu bem, porém não houve tempo hábil para testar os três níveis de regeneração de energia, que podem ser escolhidos por um comando no volante. Porém, a recuperação mais potente de energia por meio da frenagem regenerativa ocorre ao ativar o modo B no seletor de marchas, ativando o modo “one pedal”, no qual é possível conduzir apenas com o pedal do acelerador.
Versões bem equipadas
São duas versões, a Performance quattro e Performance Black quattro. A de entrada traz ar-condicionado de três zonas, bancos dianteiros elétricos, com memória para o motorista e revestimento em couro. As rodas de 20” são de alumínio.
Entre as tecnologias de auxílio a condução o Q6 e-tron oferece alerta de saída de faixa, de tráfego cruzado, piloto automático adaptativo, frenagem autonôma de emergência, câmera 360º e assistente de estacionamento automático.
A topo de linha é a que traz o head-up display com realidade aumentada e o sistema de som premium Bang & Olufsen 3D. Há ainda pedaleiras de aço inoxidável e o volante multifuncional em couro perfurado, com acabamento achatado na parte superior e inferior, com aquecimento e inscrição “S”, que também está presente nos bancos esportivos dianteiros.
A Performance custa R$ 559.990 e a Black sai por R$ 599.990. Pensando na concorrência histórica a Mercedes conta com o SUV elétrico EQB, que apesar de oferecer sete lugares, é ligeiramente menor que o Q6, mas é mais barato: R$ 449.900. Já na BMW é o IX XDrive 40 que poderia concorrer com o Q6, porém o preço é bem mais salgado pois custa R$ 699.950.