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Mais que um Logan hatch: relembre o primeiro teste do Renault Sandero

Testado pela primeira vez em dezembro de 2007, o Renault Sandero combinava a proposta de espaço e baixo custo do Logan com design mais atraente

Por Marcelo Moura
Atualizado em 9 fev 2023, 16h30 - Publicado em 8 out 2022, 10h19
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  • Renault Sandero Privilége 1.6 16V 2008, durante teste da revista Quatro Rodas
    (Marco de Bari/Quatro Rodas)

    O Renault Sandero completaria 15 anos à venda no Brasil em dezembro, mas não esperou sua festa de debutante. A fabricante francesa anunciou nesta semana que a última versão disponível do hatch compacto, o Sandero S Edition 1.0 (lançado em novembro de 2021), saiu de linha.

    Na verdade, o Sandero foi substituído pelo inédito Stepway 1.0, que custa cerca de R$ 6.000 mais barato. O hatch aventureiro declarou independência em 2019 e ainda tem opção de motor 1.6 16V com opção de câmbio manual de cinco marchas ou automático CVT. Na prática, porém, o Renault Sandero está fora de linha no Brasil e não terá nova geração.

    Como forma de homenagear o hatch que, literalmente, deu outra dimensão ao segmento de carros compactos, resgatamos o primeiro teste do Renault Sandero. E foi justamente uma unidade bem marcante para a época: era um Privilège 1.6 16V em um tom de azul bem chamativo. Foi publicado originalmente em dezembro de 2007

    Renault Sandero Privilége 1.6 16V 2008, durante teste da revista Quatro Rodas
    (Marco de Bari/Quatro Rodas)

    Renault Sandero Privilège 1.6 16V – À francesa com molho picante

    Assinale a alternativa correta:

    A) O Sandero é diferente do Logan e isso é bom.

    B) O Sandero é semelhante ao Logan e isso é bom.

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    C) As alternativas anteriores são verdadeiras.

    D) Todas as anteriores são falsas.

    Um carro nasce na escolha de tamanho e posição de rodas e para-brisa. Isso praticamente decide o espaço interno, as dimensões da carroceria e a proposta do modelo. Pois o Renault Sandero tem argumentos técnicos para dizer que é muito mais que um Logan de traseira encolhida: seu pára-brisa é mais inclinado e o entreeixos, 4 centímetros menor.

    O retrovisor esquerdo do Sandero é o direito montado ao contrário, como no sedã, mas o resto — vidros, lanternas, faróis, lataria e pára-choques — é diferente. O discurso também. Enquanto o Logan é carro para casados, o Sandero quer seduzir quem aparecer na rua.

    Renault Sandero Privilége 1.6 16V 2008, durante teste da revista Quatro Rodas
    (Marco de Bari/Quatro Rodas)
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    Para entender a diferença, o departamento de marketing da Renault criou dois personagens com nome e fotografia. O Logan é feito para o João Henrique, um homem de 45 anos sem nível universitário. Tem três filhos (de 3, 4 e 12 anos) e sua esposa é dona-de-casa. No fim de semana, pega filme na locadora.

    Só na concessionária ele encontraria o Paulo Freitas, um rapaz de 33 anos que assiste a filmes no cinema e também vai ao teatro. Vai com a namorada — que é quase noiva, algo que ele tenta evitar.

    Enquanto o João pode ser de qualquer lugar, o Paulo mora necessariamente em Moema, bairro jovem e emergente de São Paulo. Comprou o apartamento com o dinheiro que ganha na empresa, uma multinacional. “Passamos os últimos meses jantando em Moema para entender esse cliente”, diz Bruno Hohmann, gerente de marketing da Renault.

    Cebola com molho

    Renault Sandero Privilége 1.6 16V 2008, durante teste da revista Quatro Rodas
    (Marco de Bari/Quatro Rodas)
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    O Sandero aposenta o Clio 1.6. É menor que o Logan e tem as mesmas versões (1.0 16V, 1.6 8V e essa 1.6 16V), mas vai ficar ligeiramente acima na tabela de preços (o sedã vai de R$ 28.590 a 40.990).

    Achou caro? O quilo de cebola custa 1,50 real no supermercado, mas as pessoas pagam 20,50 reais pelo Blooming Onion — prato feito de uma cebola comum devidamente empanada, aberta em forma de flor e acompanhada de molho picante. Só indo jantar no Outback de Moema, em São Paulo, para entender.

    Renault Sandero Privilége 1.6 16V 2008, durante teste da revista Quatro Rodas
    (Marco de Bari/Quatro Rodas)

    O Renault Sandero é um Logan com molho picante. A carroceria ganhou dobras e vincos com a única de função de desenhar a carroceria com reflexos conforme bate a luz. Dobras perto da grade alongam o desenho dos faróis. Outras duas em V, perto do para-brisa, sugerem um ressalto de capô e, nas laterais, temos uma versão de baixo custo do estilo BMW.

    Renault Sandero Privilége 1.6 16V 2008, durante teste da revista Quatro Rodas
    (Marco de Bari/Quatro Rodas)
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    É parte da brincadeira nem todas as formas aparecerem ao mesmo tempo, por isso convido o leitor a ver o carro de perto. Ao vivo, ele fica mais agressivo e imponente. Não achei lindo, mas muita gente se rendeu a ele. E que desperta curiosidade, não tenha dúvida.

    Além de ser um jeito de aumentar a margem de lucro, a pimenta é importante na receita do sucesso do Sandero. “Mostramos à matriz que o Brasil é diferente de China, Romênia ou África do Sul. Aqui, beleza é fundamental”, afirma Cássio Pagliarini, diretor de marketing.

    No começo do projeto, em 2002, uma leva de franceses da matriz veio ao nosso Salão do Automóvel entender o mercado. “As novidades eram Fiesta, Corsa e Fox, carros simples mas com desenho sofisticado”, diz Hohmann. Por causa do estilo, o Sandero tem entreeixos de 2,59 metros, 4 centímetros mais curto que o do Logan, diferente dos outros carros derivados da plataforma do Clio europeu. “Perdemos ganho de escala, mas ficou mais bonito”, diz Pagliarini.

    Bandeja suja

    Renault Sandero Privilége 1.6 16V 2008, durante teste da revista Quatro Rodas
    (Marco de Bari/Quatro Rodas)

    O Renault Sandero foi desenvolvido na França e será vendido na Europa, mas teve a América do Sul como prioridade. Isso explica a escolha do nome Sandero, palavra que parece espanhol mas, na verdade, não tem significado (diferente de sendero, que significa trilha).

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    Como sul-americanos, nós da redação agradecemos a deferência. Mas achamos o nome Sandero feio. Proponho uma troca: vocês mantêm a tradição francesa no batismo (sempre gostamos de Clio, Scénic e Mégane) e a eliminam para sempre no jeito de guardar o estepe.

    Renault Sandero Privilége 1.6 16V 2008, durante teste da revista Quatro Rodas
    (Marco de Bari/Quatro Rodas)

    Ao contrário dos franceses, brasileiro odeia a bandeja por baixo do carro. Tirar a roda por ali é demorado (um perigo, em estradas ermas) e estraga o carro (porque a ferramenta bate na lataria quando você gira o parafuso para baixar ou subir a bandeja). O estepe estará certamente imundo, provavelmente vazio (pois é difícil calibrar) e talvez não esteja (porque alguém roubou). E está para nascer o suporte que não faça barulho. Por que não seguiram o exemplo do Logan, nome francês e estepe dentro do porta-malas?

    Renault Sandero Privilége 1.6 16V 2008, durante teste da revista Quatro Rodas
    (Marco de Bari/Quatro Rodas)

    Em motores, freios, parte elétrica, refrigeração (e garantia de três anos), a mecânica do Sandero é igual à do sedã. A suspensão traseira mudou para não mudar, com molas recalibradas para repetir o comportamento do Logan, 23 centímetros mais longo e 55 quilos mais pesado. Tão parecido que o hatch nem rodou tanto em testes de durabilidade.

    “Não foram centenas de quilômetros, como é de costume”, diz Pagliarini. “Apenas o suficiente para testar vedação de carroceria e confirmar os resultados encontrados nos testes de simulação virtual.” A mecânica é a mesma, mas o entreeixos menor é suficiente para dar alguma agressividade ao Sandero. Você mexe o volante e ele responde mais rapidamente. Coisa pouca. A sensação de estar num Logan com molho virá, mesmo, na decoração do interior.

    Renault Sandero Privilége 1.6 16V 2008, durante teste da revista Quatro Rodas
    (Marco de Bari/Quatro Rodas)

    O painel do Sandero tem um aplique de plástico cinza-claro que forma um largo sorriso. Mais arredondado que no Logan, o aplique prateado no console central avança sobre as saídas de ventilação. Um olhar atento mostra que a prancha do painel é nova — lisa na parte de cima, onde o sedã tem um degrau.

    A cobertura dos instrumentos também perdeu os vincos. Os relógios são brancos, com aros cromados, e o painel de porta dianteiro ganhou um puxador em forma de travessa (na porta de trás e na versão mais barata do Sandero, continua aquele buraco desconfortável de encaixar os dedos, usado no sedã). As mudanças não tiram a sensação de estar num Logan. Mas trazem sabor, e isso faz diferença.

    Renault Sandero Privilége 1.6 16V 2008, durante teste da revista Quatro Rodas
    (Marco de Bari/Quatro Rodas)

    E o Sandero lembra o Logan no que ele tem de melhor: espaço interno. As fotos de divulgação com fundo neutro, sem nenhuma referência em volta, fazem o Sandero parecer um carro pequeno, como o Celta. A proporção entre as formas é mais ou menos essa, mas o Sandero é como um Celta gigante, com comprimento de Peugeot 206 SW, altura de Fox, entreeixos de Stilo e largura de Golf. Você precisa ver ao lado de outros carros.

    Ou seja, se você cravou um “c” no nosso teste, parabéns. Acertou.

    Sandero Privilège 1.6 16V – R$ 40.990 | Preço corrigido: R$ 96.928 (IPCA)

    Renault Sandero Privilége 1.6 16V 2008, durante teste da revista Quatro Rodas
    (Marco de Bari/Quatro Rodas)

    Teste Quatro Rodas – Renault Sandero 1.6 16V Privilège 2008

    Desempenho

    Frenagem

    Ruído interno

    Consumo

    Renault Sandero Privilége 1.6 16V 2008, durante teste da revista Quatro Rodas
    (Marco de Bari/Quatro Rodas)

    Ficha técnica – Renault Sandero 1.6 16V Privilège 2008

    Motor: flex, dianteiro, transversal, 4 cil., 16V, 1598 cm³, 112/107 cv a 5.750 rpm, 15,5/15,1 kgfm a 3.750 rpm
    Câmbio: manual, 5 marchas, tração dianteira
    Direção: hidráulica, 3 voltas; Diâmetro de giro (m) – 10,5
    Suspensão: ind. McPherson (diant.), eixo de torção (tras.)
    Freios: disco ventilado (diant.), tambor (tras.)
    Pneus: 185/65 R15
    Peso: 1.087 kg
    Dimensões: comprimento, 402 cm; largura, 175 cm; altura, 153 cm; entre-eixos, 259 cm; porta-malas, 320 l, tanque, 47 l

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