Até meados de 2016, pouco se ouvia falar sobre SUVs médios. Na época, os protagonistas eram os compactos, que cresciam a cada dia em quantidade de representantes e volume de vendas.
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Em setembro daquele ano, porém, isso começou a mudar com a chegada do novo Jeep Compass, que prometia revolucionar a categoria como irmão maior do Renegade, que era um sucesso no mercado. E ele não apenas conseguiu como virou um dos modelos mais vendidos do país.
Desde então, de olho nesse segmento, outras fabricantes entraram para a briga, mas a disputa nunca chegou a ficar equilibrada. Só que, mais uma vez, o mercado está mudando com a chegada de concorrentes realmente alinhados ao SUV feito em Goiana (PE), que passou por mudanças em abril deste ano para tentar manter a liderança e se preparar para a vinda dos novos rivais.
O primeiro a chegar foi o Toyota Corolla Cross. Lançado em março, o modelo fabricado em Sorocaba (SP) é o primeiro SUV nacional da marca e tem opções de motor 2.0 aspirado ou um conjunto híbrido. Em seguida, no final de maio, foi a vez do Volkswagen Taos desembarcar por aqui. Único importado entre os três, ele vem da Argentina em duas versões, mas apenas com motor 1.4 TSI.
Com a promessa de uma boa disputa, reunimos os três modelos em versões com preços semelhantes: Compass Limited 1.3 turbo flex, Corolla Cross XRX híbrido e Taos Highline. No caso do Jeep, a versão apresentada nas imagens externas é a Longitude, imediatamente abaixo da Limited, que a fábrica não dispunha para empréstimo.
Será que os novatos têm força suficiente para encarar o líder?
3º – Toyota Corolla Cross XRX Hybrid • R$ 188.590
O Toyota tem a seu favor a ótima fama da marca e a força do nome Corolla, que apesar disso aparece tímido na tampa traseira, à esquerda do sobrenome Cross. Mas só isso não adianta em um segmento com clientes tão exigentes.
Claramente o Corolla Cross tem outros bons atributos para brigar com Taos e Compass, como o fato de ser o único híbrido da categoria no Brasil (isso até a chegada do Compass 4xe, previsto para ainda este ano). O conjunto é formado por um motor 1.8 flex de 101 cv e 14,5 kgfm, e dois elétricos, com 72 cv e 16,6 kgfm; a potência combinada é de 123 cv. O câmbio é CVT.
As saídas são boas e suaves, especialmente pela ajuda do torque instantâneo do motor elétrico, mas passam longe de empolgar e o modelo parece perder o fôlego conforme a velocidade aumenta. Em nossos testes, com gasolina, ele levou 13,4 segundos para ir de 0 a 100 km/h – o pior tempo entre os rivais deste comparativo.
O comportamento mais pacato do SUV parece convidar o motorista a dirigir sem pressa para mostrar do que ele é capaz em conforto e consumo, onde registrou as melhores médias do segmento: 18,3 km/l em ciclo urbano e 16,9 km/l no rodoviário. A direção é leve e a suspensão é mais macia que a do sedã, mas dá pancadas secas em fim de curso, principalmente nas distensões em elevações. Essa maciez também aumenta a movimentação lateral da carroceria.
Por dentro o SUV segue à risca o desenho do sedã. O painel é bonito e bem acabado, mas ao mesmo tempo recorre a detalhes sem refinamento, como o toque seco de alguns botões. O quadro de instrumentos não é todo digital (apenas a tela central), o revestimento de portas, bancos e painel poderia oferecer um tom escuro, e o freio de estacionamento no pé é um tanto antiquado.
Assim como por fora, há vãos irregulares entre peças e sustentações aparentes para estruturas vindas do sedã, grave para um carro de R$ 188.590 – o mais caro.
O Toyota leva bem os ocupantes traseiros, com espaço de sobra para as pernas, mas o menor para os ombros. Também é dele o menor porta-malas, com 440 litros, uma grande desvantagem para um modelo familiar. É um bom SUV, mas que foca nos consumidores mais conservadores.
Teste de desempenho – Toyota Corolla Cross XRX Hybrid
Aceleração
0 a 100 km/h: 13,4 s
0 a 1.000 m: 34,8 s – 151 km/h
Velocidade máxima: n/d
Retomadas
D 40 a 80 km/h: 5,4 s
D 60 a 100 km/h: 6,9 s
D 80 a 120 km/h: 9,7 s
Frenagens
60/80/120 km/h a 0: 14,7/25,9/58,3 m
Consumo
Urbano: 18,3 km/l
Rodoviário: 16,9 km/l
Ruído interno
Neutro/RPM máx.: 47,6/- dBA
80/120 km/h: 59,9/68,7 dBA
Aferição
Velocidade real a 100 km/h: 96 km/h
Rotação do motor a 100 km/h em D: n/d
Ficha técnica
- Preço: R$ 188.590
- Motor: flex, dianteiro, transversal, 4 cil., 16V, 1.798 cm³, 101 cv a 5.200, 14,5 kgfm a 3.600 rpm. Elétricos (2): 72 cv e 16,6 kgfm
- Câmbio: automático CVT, tração 4×2
- Suspensão: McP`herson (dianteira) e eixo rígido (traseira)
- Freios: disco ventilado (dianteira) e disco sólido (traseira)
- Direção: elétrica
- Rodas e pneus: liga leve, 225/50 R18
- Dimensões: comprimento, 446 cm; largura, 183,5 cm; altura, 162 cm; entre-eixos, 264 cm; porta-malas, 440 l; peso, 1.450 kg
2º – Jeep Compass Limited 1.3 • R$ 176.990
Líder do segmento, o Compass já emplacou mais de 260.000 unidades desde que estreou por aqui, virando figurinha fácil pelas ruas e caindo no gosto do mercado. A linha 2022 chegou com a proposta de melhorar ainda mais as vendas e se preparar para a concorrência.
O Compass é dono do motor mais potente, já que o novo 1.3 turbo entrega até 185 cv e 27,5 kgfm. Com esse conjunto, o SUV oferece agilidade na cidade e em rodovias, graças ao ótimo escalonamento do câmbio de seis marchas e à turboalimentação, que oferece bom torque a partir dos 1.750 rpm. Prova desse vigor está na aceleração de 0 a 100 km/h, feita em 10,3 segundos em nossos testes.
Por outro lado, seu peso superior ao dos demais modelos é sentido no deslocamento e na suspensão, ainda mais macia em relação ao Corolla e que dá uma sensação incômoda de balanço lateral.
O peso da direção e o grande diâmetro do volante podem fazer com que o Compass seja mais cansativo no dia a dia, mas há quem goste da sensação de robustez que deixa o carro mais na mão. Os 1.589 kg também influenciam no consumo: 9,3 km/l na cidade e 13 km/l na estrada. É o pior do comparativo, mas não é de todo ruim, considerando a relação de peso/potência do modelo.
Ao lado do motor, as mudanças no interior deram nova alma ao SUV, que tem a cabine mais bonita e refinada entre os três modelos mostrados aqui, com misto de texturas e materiais de boa qualidade na montagem, mesmo sendo o mais barato do comparativo. O nível de equipamentos está na média dos concorrentes, mas os sistemas semiautônomos de condução são opcionais – com eles, o Compass chega aos R$ 188.790.
Assim como Corolla e Taos, o Jeep trata bem quem vai atrás. Entretanto, seus quase 5 cm a menos de entre-eixos em relação ao Taos interferem diretamente no espaço para as pernas na segunda fila, que também é 5 cm menor. Assim, ele é o menos espaçoso do trio, mesmo que ninguém passe aperto. O porta-malas de 476 litros fica entre os dois rivais, mas tem o assoalho mais alto, o que facilita a acomodação de bagagens mais pesadas.
O Compass não é o SUV da moda por acaso, já que tem muitas qualidades. Mas ele não está mais sozinho.
Teste de desempenho – Jeep Compass Limited
Aceleração
0 a 100 km/h: 10,3 s
0 a 1.000 m: 31,7 s – 165,1 km/h
Velocidade máxima: 203 km/h (dado de fábrica)
Retomadas
D 40 a 80 km/h: 4,5 s
D 60 a 100 km/h: 5,7 s
D 80 a 120 km/h: 7,2 s
Frenagens
60/80/120 km/h a 0: 14,8/26,9/61,3 m
Consumo
Urbano: 9,3 km/l
Rodoviário: 13 km/l
Ruído interno
Neutro/RPM máx.: 46,2/65,7 dBA
80/120 km/h: 63,8/67,7 dBA
Aferição
Velocidade real a 100 km/h: 98 km/h
Rotação do motor a 100 km/h em D: 1.800 rpm
Ficha técnica
- Preço: R$ 176.990
- Motor: flex, dianteiro, transversal, 4 cil., 16V, turbo, 1.332 cm³, 185/180 cv a 3.750 rpm, 27,5 kgfm a 1.750
- Câmbio: automático, 6 marchas, tração dianteira
- Suspensão: McPherson
- Freios: disco ventilado (dianteira) e disco sólido (traseira)
- Direção: elétrica
- Rodas e pneus: liga leve, 235/45 R19
- Dimensões: comprimento, 440,4 cm; largura, 181,9 cm; altura, 162,5 cm; entre-eixos, 263,6 cm; porta-malas, 476 l; peso, 1.589 kg
1º – Volkswagen Taos Highline 250 TSI • R$ 181.790
O estreante do segmento é também o grande vencedor do comparativo, mas isso não quer dizer que ele é melhor em tudo em relação aos rivais. Os principais atributos que levaram o Taos ao topo do pódio são a melhor dirigibilidade e o maior espaço para passageiros e bagagens.
Por ser feito sobre a plataforma do Jetta, o SUV herda todas as características dinâmicas do sedã. Entre elas a direção precisa, direta e leve, e um conjunto de suspensão que vai pelo mesmo caminho, com boa absorção dos impactos, mas firme, privilegiando a estabilidade e não deixando que a carroceria role com facilidade nas curvas. Isso também acontece graças à suspensão traseira multilink, que só ele tem entre os demais. Em resumo, o Volks é o que mais dá prazer ao dirigir, com uma tocada até esportiva, sem deixar de lado o foco familiar.
Essa característica é reforçada pelo conjunto mecânico, formado pelo motor 1.4 turbo flex de 150 cv e 25,5 kgfm, e pelo câmbio automático de seis marchas. Apesar dos 35 cv a menos em relação ao Compass, o Taos foi mais rápido e levou 10,2 segundos para ir de 0 a 100 km/h em nossos testes.
Ele também foi melhor em consumo, com as médias de 11,4 km/l na cidade e 14,3 km/l na estrada. Na prática, dá para notar os números com as acelerações mais rápidas e a maior sensação de leveza, também graças ao torque a baixas 1.500 rpm e ao menor peso, de 1.420 kg.
No espaço interno ele é imbatível, com as maiores medidas para acomodação de pernas e ombros de quem vai atrás, além do maior porta-malas, de 498 litros. O Taos também é dono do maior entre-eixos, apesar de empatar em comprimento com o Corolla.
Os itens de série estão na média da concorrência, incluindo sistemas de direção semiautônomos (presentes apenas no Corolla) e faróis de led (aqui mais avançados), mas tem seis airbags, contra os sete dos outros dois modelos. Fica faltando o de joelho.
O acabamento tem boa aparência, toque agradável e bons encaixes, mas só há partes emborrachadas nas portas. Além disso, o desenho sóbrio pode incomodar quem espera por alguma emoção a mais. O vencedor promete tratar melhor seus proprietários e tem projeto mais moderno, embora não esteja livre de deslizes.
Teste de desempenho – VW Taos Highline
Aceleração
0 a 100 km/h: 10,2 s
0 a 1.000 m: 31,3 s – 169,6 km/h
Velocidade máxima: 194 km/h (dado de fábrica)
Retomadas
D 40 a 80 km/h: 4,4 s
D 60 a 100 km/h: 5,6 s
D 80 a 120 km/h: 7,4 s
Frenagens
60/80/120 km/h a 0: 13,6/25,3/54,6 m
Consumo
Urbano: 11,4 km/l
Rodoviário: 14,3 km/l
Ruído interno
Neutro/RPM máx.: 38,3/63,6 dBA
80/120 km/h: 62,9/67 dBA
Aferição
Velocidade real a 100 km/h: 98 km/h
Rotação do motor a 100 km/h em D: 1.750 rpm
Ficha técnica
- Preço: R$ 181.790
- Motor: flex, dianteiro, transversal, 4 cil., 16V, turbo, 1.395 cm³, 150 cv a 5.000 rpm, 25,5 kgfm a 1.500 rpm
- Câmbio: automático, 6 marchas, tração dianteira
- Suspensão: McPherson (dianteira) e multilink (traseira)
- Freios: disco ventilado (dianteira) e disco sólido (traseira)
- Direção: elétrica
- Rodas e pneus: liga leve, 215/55 R18
- Dimensões: comprimento, 446,1; largura, 184,1 cm; altura, 163,6 cm; entre-eixos, 268 cm; porta-malas, 498 l; peso, 1.420 kg
Veredicto
Enquanto o Corolla Cross se vale do conjunto híbrido e da boa fama da marca, o Compass foca em bom acabamento e força de mercado. Já o Taos vence por ter o maior espaço, a melhor dirigibilidade e nível de equipamentos superior ao dos rivais.