Com preços na faixa dos R$ 100.000, Chevrolet Cruze Sport6 LTZ, Ford Focus Titanium e VW Golf Highline são carros para consumidores maduros, com 40, 45 anos de idade. Ou seja, gente que está numa fase financeira da vida em que as vontades podem perfeitamente passar à frente das necessidades.
Equipamentos, espaço interno e prazer ao dirigir têm peso fundamental na análise. Dito isso, o passo seguinte é escolher o modelo que oferece mais pelo que custa. Aperte o cinto e acelere com a gente.
3º VW Golf Highline 1.4 TSI: R$ 112.174
Não fosse a involução técnica trazida com o processo de nacionalização, no início de 2016, o Golf poderia não amargar a lanterna do comparativo, afinal ninguém se desgarrou neste confronto.
Sem a suspensão traseira multilink, o Golf não tem a resposta dinâmica do Focus nem o equilibrado acerto entre esportividade e conforto do Cruze. Sem o câmbio automatizado de dupla embreagem, não oferece as trocas instantâneas do Focus nem o funcionamento silencioso e rápido do Cruze. Mas ele ainda é um Golf.
O acabamento interno, a escolha de materiais e a montagem da carroceria do Volkswagen são melhores do que se vê nos rivais. Até o som do fechamento da porta – abafado e seco – transmite uma agradável sensação de precisão e qualidade.
Mas além da marcha à ré técnica, há outra pedra no pneu do Golf: o preço alto. A versão Highline 1.4 TSI custa, básica, R$ 107.600 – completa, chega a proibitivos R$ 141.006.
Ou seja, diferentemente de seus competidores, o Golf com motorização de ponta já começa acima dos R$ 100.000 – as versões abaixo desse valor são equipadas com os motores 1.0 TSI e 1.6 MSI.
Para alinhar o preço do Golf ao dos rivais, consideramos a compra de um de seus únicos opcionais vendidos de modo avulso, o teto solar, de R$ 4.574. Este, aliás, é item de série no Focus e no Cruze. Feito o ajuste, o preço da versão considerada do Golf no comparativo ficou em R$ 112.174 – intermediário entre os R$ 109.490 do Focus e os R$ 115.990 do Cruze.
No entanto, para o Golf se aproximar dos seus rivais em conteúdo, é preciso investir ainda mais dinheiro e adquirir, no mínimo, o pacote Elegance, de R$ 6.187, com chave presencial, seletor de (quatro) modos de condução e central multimídia com tela de 6,5 polegadas. O pacote Exclusive, de R$ 13.548, equivale ao Elegance mais farol alto automático (presente no Cruze) e faróis de xenônio (de série no Focus).
Por fim, o pacote Premium (R$ 28.832) traz ainda piloto automático adaptativo, monitoramento frontal com frenagem de emergência, ajustes elétricos para o banco do motorista, assistente de estacionamento automático e sistema de infotainment com tela maior, de 8 polegadas.
Não é só uma má fama herdada das antigas gerações: o seguro de um Golf ainda é caro. De acordo com a Bidu Corretora de seguros – e seguindo o perfil padrão de QUATRO RODAS -, o custo de uma apólice do Golf é de R$ 5.342. Para efeito de comparação, a mesma simulação aplicada ao Focus e ao Cruze revelou valores mais amigáveis: respectivamente, R$ 4.614 e R$ 3.697.
Ao volante, ele ainda agrada em cheio quem valoriza a dirigibilidade sólida dos VW mais sofisticados, com ótimos números de desempenho e consumo. O problema é o preço que se cobra por isso. Os fãs do Golf são fiéis, mas os rivais souberam reagir e, hoje, oferecem mais por menos.
2º Ford Focus Titanium Plus 2.0: R$ 109.490
Se você prioriza a esportividade – ainda que isso signifique abrir mão de uma boa dose de conforto -, o Focus é o seu número. A suspensão traseira multilink é a que permite o melhor contorno de curvas. Nas mais longas, o piloto sente com nitidez o melhor apoio da traseira, o que adia o momento em que os pneus começam a escorregar no asfalto. Por outro lado, o acerto mais firme de molas e amortecedores dão ao Focus a suspensão menos confortável do trio.
A direção segue o mesmo tempero: mais direta e pesada, amplia a sensação de carro na mão. Para facilitar as manobras, no entanto, uma tecla no console eleva o nível de assistência, deixando o volante mais leve.
Baseada em um sistema de dupla embreagem com caixa seca, o câmbio Powershift de seis marchas reforça a tocada esportiva com trocas rápidas e possibilidade de operação manual por meio de borboletas no volante.
Sensível ao extremo, o pedal do acelerador exige do motorista algum tempo de adaptação. Sobre piso de baixa aderência, como cascalho solto, por exemplo, o controle de tração trabalha constantemente.
Mas pouco adiantaria um acelerador de respostas instantâneas se o motor não respondesse à altura. O Focus é o único do trio que ainda não aderiu ao turbo. Seu quatro cilindros 2.0 aspirado (178/175 cv) é alimentado com injeção direta de combustível, recurso que seus rivais também oferecem.
Na prática, a diferença dele para os demais começa pelo som. Sem a sobrealimentação, a condução esportiva faz com que as rotações estejam sempre altas, preenchendo a cabine com o ronco metálico do motor e abafado do escape de maneira mais explícita. Não à toa, é do Focus os números mais elevados nas medições de ruído interno.
Nas pista de testes, sempre com gasolina, o Focus esteve longe de ser lento, mas ficou atrás de Golf e Cruze em todas as provas de aceleração e retomada. O consumo também foi pior tanto no ciclo urbano quanto no rodoviário. O contraponto está na dirigibilidade, a mais agressiva entre os três.
Completo, o Focus Titanium Plus custa R$ 6.100 a mais que o Titanium básico R$ (R$ 103.390). Vale cada centavo, pois o pacote oferece itens como faróis de xenônio direcionais, sistema autônomo de frenagem na iminência de colisão, retrovisores externos com rebatimento elétrico e aquecimento, sistema ativo de auxílio de estacionamento e banco do motorista elétrico.
Já para quem busca um passaporte mais barato para rodar com um hatch de boa dirigibilidade, há a versão SE Plus 2.0 AT, de R$ 92.190, com o mesmo conjunto mecânico, mas, claro, com um severo corte de equipamentos.
1º Chevrolet Cruze 1.4 Turbo LTZ 2: R$ 115.990
De Cruze, você não contornará curvas como se estivesse no superestável Focus, mas rodará com nível de conforto superior ao Golf. Na cabine, não verá os mesmos materiais nem a montagem precisa notada no Volkswagen, mas terá um ambiente mais requintado do que o do representante da Ford, com direito, inclusive, a um envolvente painel em dois tons.
Foi assim, comendo pelas beiradas, que o equilibrado Cruze Sport6 manobrou entre os rivais e venceu o comparativo.
Na pista, deu a lógica. Com a mesma receita mecânica do Golf (motor 1.4 turbo e câmbio automático de seis marchas), ficou próximo do VW em todas as medições – e, por sua vez, ambos registraram números melhores que o Focus.
Na aceleração de 0 a 100 km/h (prova crucial de demonstração de virilidade de um carro de pegada esportiva), o Focus não conseguiu um tempo abaixo da casa dos 10 segundos (fez 10,3 s). Pior, portanto, que o Golf, que cumpriu o teste em 9,5 segundos, e que o Cruze, o único abaixo dos 9 segundos: exatos 8,8 segundos.
Mas lembre-se que o sobrenome do Cruze é equilíbrio. Apesar de acelerar e retomar melhor do que o Volkswagen, ele praticamente empatou com o alemão nas medições de consumo de gasolina. Na cidade/estrada, o Cruze registrou 12/15,8 km/l e o Golf, 12,3/15,9 km/l. O Focus que, lembre-se, andou menos, bebeu mais: médias de 10,6/15,1 km/l.
Assim como o Focus, o Cruze oferece ao consumidor a possibilidade de encontrar o mesmo conjunto mecânico aplicado em versões mais simples. Há a LT, de entrada, por R$ 92.990, com airbags laterais e controles de estabilidade e tração. Acima dela, há dois níveis de LTZ – no comparativo, foi considerado o segundo nível. Se você chegou até o Cruze LTZ 1, de R$ 105.990, vale avançar mais uma casa e partir para o LTZ 2, de R$ 115.990.
A diferença de preço (R$ 10 mil) se justifica pelo conteúdo: airbags de cortina, alerta de colisão frontal, detector de veículos em ponto cego, sistema ativo de permanência em faixa, farol alto automático, carregador de celular sem fio, sistema ativo de auxílio de estacionamento e banco do motorista com ajustes elétricos – alguns são exclusivos; outros, quando incluídos no Golf, elevam o preço do VW para a casa dos R$ 140.000.
A única grande falta do Cruze são os faróis halógenos convencionais em todas as versões – não há xenônio nem como opcional.
Com muitas das qualidades do Focus e do Golf, o Cruze sai vitorioso por equilibrar melhor conforto, esportividade, conteúdo e, obviamente, preço. Mas a vantagem é pequena e os rivais estão colados no vácuo.
Avaliação do editor
Motor e Câmbio – Na pista, o motor aspirado do Focus anda bem, mas não fez frente aos turbinados 1.4 de Golf e Cruze.
Dirigibilidade – Em condução esportiva, o Focus é o mais obediente, mas a suspensão rígida compromete o conforto no dia a dia.
Segurança – Múltiplos airbags e controles de estabilidade e tração são de série nos três.
Seu bolso – O Cruze está longe de ser barato, mas é o que mais entrega pelo que custa. O valor do seguro do Golf ainda assusta.
Conteúdo – O Golf traz como opcionais o que os rivais oferecem de série. Mas inexplicavelmente o Cruze não pode ter faróis de xenônio.
Vida a bordo – O acabamento é bom nos três, com pequena vantagem para o Golf. Mais clara, a cabine do Cruze parece ser maior.
Qualidade – O Golf segue um passo à frente dos rivais em qualidade de montagem, com uma sensação maior de solidez e precisão.
Veredicto QUATRO RODAS
Mais do que fãs, os três modelos aqui reunidos tem a sua torcida organizada, o que comprova o poder de sedução dos hatches. Mais equilibrado, o Cruze, por pequena vantagem, levou a melhor. Os demais, cada um com seu jeito de agradar, saem de campo praticamente empatados.
Teste de pista (com gasolina)
Cruze Sport6 LTZ | Focus Titanium Plus | Golf Highline | |
Aceleração de 0 a 100 km/h | 8,8 | 10,3 s | 9,5 s |
Aceleração de 0 a 1.000 m | 30,2 s – 172,8 km/h | 31,3 s – 171,6 km/h | 30,7 s – 169,5 km/h |
Retomada de 40 a 80 km/h (em D) | 4s | 4,4 s | 4 s |
Retomada de 60 a 100 km/h (em D) | 5s | 5,4 s | 5,4 s |
Retomada de 80 a 120 km/h (em D) | 6,5 s | 6,8 s | 6,7 s |
Frenagem de 60 / 80 / 120 km/h a 0 | 15,8 / 27,9 / 65 m | 16,9 / 28 / 65,6 m | 14,7 / 26,6 / 62,3 m |
Consumo urbano | 12 km/l | 10,6 km/l | 12,3 km/l |
Consumo rodoviário | 15,8 km/l | 15,1 km/l | 15,9 km/l |
Ruído interno (neutro / RPM máximo) | 37,2 / 68,6 dBA | 38,9 / 72,8 dBA | 35,4 / 69,2 dBA |
Ruído interno (80 / 120 km/h) | 60,2 / 67,1 dBA | 63,3 / 67,8 dBA | 60,6 / 66,3 dBA |
Aferição real do velocímetro a 100 km/h | 94,5 km/h | 98,4 km/h | 96,1 km/h |
Rotação do motor a 100 km/h em 5ª marcha | 1.800 rpm | 2.100 rpm | 1.800 rpm |
Ficha técnica
Cruze Sport6 LTZ | Focus Titanium Plus | Golf Highline | |
Preço (configurações avaliadas) |
R$ 115.990 | R$ 109.490 | R$ 112.174 |
Motor | flex, dianteiro, transversal, 4 cil., 1.399 cm³, 16 V, turbo, 153/150 cv a 5.200/5.600 rpm, 24,5/24 mkgf a 2.000/2.100 rpm | flex, dianteiro, transversal, 4 cil., 1.999 cm³, 16V, 178/175 cv a 6.500 rpm, 22,5/21,1 mkgf a 4.500 rpm | flex, dianteiro, transversal, 4 cil., 1.399 cm³, 16 V, turbo, 150 cv a 4.500 rpm, 25,5 mkgf a 1.500 rpm |
Câmbio | automático, 6 marchas, tração dianteira | automatizado, dupla embreagem, 6 marchas, tração dianteira | automático, 6 marchas, tração dianteira |
Suspensão | McPherson (diant.) / eixo de torção (tras.) | McPherson (diant.) / multlink (tras.) | McPherson (diant.) / eixo de torção (tras.) |
Freios | disco ventilado (diant.) / disco sólido (tras.) | disco ventilado (diant.) / disco sólido (tras.) | disco ventilado (diant.) / disco sólido (tras.) |
Direção | elétrica, 10,2 m (diâmetro de giro) | elétrica, 11 m (diâmetro de giro) | elétrica, 10,9 m (diâmetro de giro) |
Rodas e pneus | liga leve, 215/50 R17 | liga leve, 215/50 R17 | liga leve, 215/50 R17 |
Dimensões | comp., 444,8 cm; larg., 180,7 cm; alt., 148,4 cm; entre-eixos, 270 cm; porta-malas, 290 l; tanque, 52 l; peso, 1.336 kg | comp., 436 cm; larg., 182,3 cm; alt., 146,9 cm; entre-eixos, 264,8 cm; porta- malas, 316 l; tanque, 55 l; peso, 1.399 kg | comp., 436 cm; larg., 182,3 cm; alt., 146,9 cm; entre-eixos, 264,8 cm; porta- malas, 316 l; tanque, 55 l; peso, 1.399 kg |