A Citroën não pretende deixar passar a onda de SUVs que inundará o mercado em 2015. No fim do ano que vem chega às lojas o DS 6, um utilitário esportivo que se une à linha de mesmo nome. Mas nem adianta procurar no carro o chevron, o logotipo da marca francesa. O modelo será o primeiro a ostentar exclusivamente o emblema DS na grade, conferindo status de marca à divisão de luxo do grupo PSA. Os planos haviam sido definidos em 2009, mas só agora a francesa destacará a faceta premium desses modelos. É a mesma estratégia da Lexus, que pertence à Toyota, e da Infiniti (Nissan), com a diferença que a linha DS não terá concessionárias de marca própria – será vendida na rede autorizada Citroën.
O DS 6 também estreia a nova identidade visual da marca, que se caracteriza pela grade cromada que invade a área dos faróis. Chamada de DS Wings, ela será adotada pelos demais modelos. DS 3, DS 4 e DS 5 só abandonarão o logo da Citroën em suas próximas reestilizações. Percebeu que os três têm um espaço após o DS? Não era assim. A diferença no nome surge com a independência da grife. E também será aplicada aos poucos. Mais ousada que os automóveis da marca-mãe, a DS costuma lançar seus conceitos poucos anos antes de os carros chegarem ao mercado. No caso do DS 6, as linhas finais vieram do conceito Wild Rubis, apresentado em 2013 no Salão de Pequim. Como a China é o principal mercado da DS, as estreias têm ocorrido por lá. E foi justamente uma unidade chinesa que levamos para um breve passeio, antes de o carro ser exibido publicamente no Salão do Automóvel de São Paulo.
Por isso é preciso fazer uma consideração: esqueça o interior caramelo. A cor é apreciada pelos chineses, mas a Citroën já a descartou no Brasil, alegando baixa receptividade pelos visitantes do salão. Aqui haverá duas opções: cinza e marrom, ambos em tom escuro. A especificação chinesa também eliminou da avaliação a análise da suspensão e da calibração do acelerador. A primeira é exageradamente macia, outra preferência dos asiáticos, e o pedal mostrou-se inadequado ao realizar acelerações progressivas. São ajustes que passarão por revisão antes de o carro desembarcar por aqui. No entanto, existe a possibilidade de termos o motor THP 200, uma versão anabolizada do 1.6 turbo de 165 cv. O DS 6 Exclusive das fotos desenvolve 202 cv a 6 000 rpm e torque de 27,5 mkgf a 4 500 giros. Essa opção é uma arma que pode fazer do francês um dos mais rápidos da categoria. GLA, Q3 e X1 têm, respectivamente, 156, 170 e 184 cv. A transmissão é a conhecida caixa automática de seis marchas com opção de trocas sequenciais e borboletas atrás do volante.
A ideia da Citroën, ou melhor, da DS é concorrer no segmento de compactos premium, faixa em que
os possíveis interessados estão de olho em um GLA, Q3 e X1. Como os preços nesse segmento variam entre R$ 110 000 e R$ 140 000, o DS 6 deve ficar na faixa de R$ 120 000, um pouco abaixo dos rivais alemães. Bem-equipado, o SUV repete a lista de série generosa do DS 4 e DS 5 – e conta com equipamentos que a concorrência não oferece. Um deles é o Grip Control, um comando que atua em controle de estabilidade, transmissão e mapas de gerenciamento do propulsor. Por meio de um seletor, o motorista indica o tipo de terreno em que está e a eletrônica adapta a tração às condições do piso. O volante é igual ao do DS 5, e é possível encontrar elementos parecidos com o painel do DS 4. Mas o interior é menos afeito à sofisticação elevada ao extremo. Voltado à comodidade, poucos carros tratam tão bem seus ocupantes. Há massageador embutido no assento do motorista, que também traz aquecedor, ajustes elétricos e couro nobre.
Para os passageiros de trás, saídas duplas de ar com ajustes independentes e comando para controlar a abertura do teto panorâmico. A tampa do bagageiro conta com motor elétrico e pode ser aberta por acionamento remoto. Outro recurso vindo do DS 5 é o freio de estacionamento elétrico, acionado por botão. A unidade avaliada veio com um sistema de ionização do ar-condicionado, tecnologia que elimina os odores externos e impede a proliferação de fungos na caixa de evaporação. Contudo, essa funcionalidade não deve ser disponibilizada por aqui – na China esse item é valorizado por causa dos níveis elevados de poluição em centros urbanos.
Após o SUV, o próximo lançamento será o DS 9, um sedã para concorrer com A3, Classe C e Série 3.
Como o DS 6, ele também terá vida própria, mas sem deixar o showroom da mãe Citroën.
VEREDICTO
Previsto para o fim de 2015, o DS 6 concorrerá no segmento de SUVs premium. Pode incomodar os rivais alemães se custar até R$ 120 000: conta com motor mais potente, tem traços elegantes e vem bem-equipado.