A BYD, que é a maior fabricante de automóveis da China, demorou para entrar no mercado de automóveis do Brasil. Agora, porém, quer recuperar o tempo perdido, a julgar pelos lançamentos que estão em curso. Este mês estreia o primeiro SUV híbrido plug-in da marca, o Song Plus DM-i.
E já chega sem pedir licença: se anunciando como o SUV híbrido plug-in mais barato do Brasil: ele custa R$ 239.990.
A unidade mostrada aqui foi uma das primeiras a desembarcar no país e, por isso, segundo a fábrica, ainda sem os ajustes finais das versões que vão chegar ao mercado a partir de dezembro.
À primeira vista, o Song Plus impressiona pelo visual, com destaque para os faróis full-led com projetores. A traseira segue bem o visual refinado do SUV elétrico BYD Tan: as lanternas são unidas por uma régua horizontal e, além da seta progressiva de led, as luzes de freio destacam elementos tridimensionais internos.
Esse belo cartão de visitas ainda inclui peças de aço escovado sobre a grade frontal, ao redor dos vidros e sobre a lanterna traseira. Tais elementos se juntam ao porte de SUV grande (como o Jeep Commander) para dar ares de sofisticação a um modelo que custa “só” R$ 22.700 a mais do que um Jeep Compass Limited turbo diesel.
Também vale a comparação com o Caoa Chery Tiggo 8 Pro, que é híbrido plug-in (mas com 317 cv) como o Song Plus e tem sete lugares, como o Commander. Ele custa R$ 279.990, R$ 10.000 mais caro que o BYD.
O padrão estético do exterior se repete na cabine, onde há pouco plástico duro e muito material que imita couro. A combinação de preto e branco com costuras laranja está alinhada ao gosto do consumidor chinês, e será interessante notar a recepção do brasileiro a essas cores.
O que não deve provocar reclamações, por outro lado, é o estofamento macio e o formato do assento que abraça os ocupantes.
Quem vai atrás também não fica desamparado: o Song Plus tem dimensões parelhas às de SUVs com sete lugares, mas leva apenas cinco ocupantes, o que significa farto espaço para as pernas.
Com cada vez mais modelos eletrificados à venda e leis ambientais cada vez mais restritas, é provável que quem busque variantes mais econômicas e confortáveis ao volante comece a optar pelos híbridos em vez de modelos movidos a diesel.
O Song Plus traz o conjunto mecânico DM-i, que une um motor 1.5 aspirado (110 cv/13,8 kgfm) ao elétrico (179 cv/32,2 kgfm). A BYD não revela dados de potência e torque combinados, e o carregamento da pequena bateria de 8,3 kWh tem potência máxima de 3,3 kW; ná prática, são 2h30 na tomada para uma autonomia de 51 km em regime 100% elétrico.
O SUV registrou 22,2 km/l (cidade) e 19,6 km/l (estrada); números muito bons, que renderiam mais de 1.000 km sem reabastecer. O que não agradou tanto foi a aceleração de 0 a 100 km/h, com 9,7 s.
A combinação do motor elétrico com transmissão CVT, no entanto, gera resultado interessante, no qual o modelo não tem arrancada de esportivo, mas há torque constante a até velocidades mais altas, permitindo ao motorista conduzir com agilidade semelhante na cidade e na estrada, sem “buracos”.
O volante esterça precisamente e o nível de ajuda da direção elétrica pode ser alterado, assim como a dureza do pedal de freio. A suspensão bem ajustada faz, a todo instante, com que o SUV tenha um rodar de carro de segmento superior, mais confortável. Com mecânica, estilo e interior apurados, a tecnologia embarcada não fica atrás. Em teoria.
Há um conjunto de câmeras com boa resolução e sistemas como piloto automático adaptativo, assistente de permanência em faixa e outros também funcionam sem ressalvas.
Durante nossa avaliação, porém, a unidade apresentou problemas. Enfrentamos dificuldades com o motor 1.5, que não ligava. Foi necessário desconectar a bateria de 12V duas vezes para que voltasse a funcionar.
Sendo uma unidade pré-série, é um imprevisto no qual a BYD merece o benefício da dúvida e, portanto, foi desconsiderado na avaliação do carro. O que chamou a atenção, todavia, foi a dificuldade de entender o que acontecia com base nas informações dadas ao motorista.
A multimídia de 12,8” tem excelente resolução e até a capacidade de ser girada em 90o. Não há, entretanto, suporte a Android Auto e Apple CarPlay e, pior ainda, a interface é mal traduzida.
Quando o motor deu problema, isso ficou claro: ainda que todos os menus estivessem em português, a mensagem de erro surgiu em inglês, com informações vagas (uma espécie de “check-up” na multimídia dizia que o Song Plus estava 100% saudável, ainda que a pane fosse evidente). Também há erros de tradução que podem até impossibilitar o ajuste de parâmetros do sistema híbrido, de tão confusa a interface.
Por meio de sua assessoria de imprensa, a BYD informou que “O veículo utilizado para a matéria se trata de uma unidade de desenvolvimento, onde algumas modificações ainda contemplam uma calibração de ECU/VCU definitiva. Neste caso, alguns erros de comunicação entre módulos são considerados aceitáveis. O erro encontrado no veículo foi a versão de software da ECU do motor, que era incompatível com o módulo de controle do sistema de combustível (PCM) que foi concebida para o mercado brasileiro”.
Veredicto – No segmento, o Song Plus tem luxo e conforto incomparáveis. Falta à BYD nacionalizar plenamente seu produto.
Teste Quatro Rodas – BYD Song Plus DM-i
Aceleração
0 a 100 km/h: 9,7 s
0 a 1.000 m: 32 s – 161,4 km/h
Velocidade máxima: 186 km/h
Retomadas
D 40 a 80 km/h: 4,2 s
D 60 a 100 km/h: 5,7 s
D 80 a 120 km/h: 8,2 s
Frenagens
60/80/120 km/h a 0: 14,8/26,4/59,4 m
Consumo
Urbano: 22,2 km/l
Rodoviário: 19,6 km/l
Ruído interno
Neutro/RPM máx.: 42/-dBA
80/120 km/h: 61,7/68,7 dBA
Aferição
Velocidade real a 100 km/h: 97 km/h
Rotação do motor a 100 km/h: –
Volante: 2,7 voltas
Seu Bolso
Preço básico: R$ 239.990
Garantia: 5 anos
Condições de teste: alt. 660 m; temp., 29 °C; umid. relat., 49,5%; press., 1.010 kPa. Realizado na Pista de Testes ZF
Ficha Técnica – BYD Song Plus DM-i
Motor: gas., diant., transv., 4 cil., 16V, 1.497 cm³, 110 cv, 13,8 kgfm. Elétrico, dianteiro, 179 cv, 32,2 kgfm
Câmbio: CVT, tração dianteira
Direção: elétrica progressiva com ajuste de dureza, 11,1 m (diâmetro de giro)
Suspensão: McPherson (diant.), multilink (tras.)
Freios: disco ventilado (diant.), disco sólido (tras.)
Pneus: 235/50 R19
Dimensões: compr., 470,5 cm; larg., 189 cm; altura, 168 cm; entre-eixos, 276,5 cm; peso, 1.700 kg; porta-malas, 574 litros; tanque, 52 litros