Progredir na carreira, muitas vezes, implica deixar de fazer o que se gosta para se tornar um gestor de pessoas, de finanças etc. Na compra do carro, à medida que evoluímos optando por modelos maiores, mais potentes e mais confortáveis, o risco é acabarmos no banco de trás, deixando o volante aos cuidados de um motorista particular. Isso pode acontecer quando se chega ao topo das marcas premium, como no caso da Audi com o A8, mostrado aqui. Isso porque, nessa categoria, as fábricas oferecem automóveis que tratam os passageiros do banco de trás com a mesma reverência, ou até maior, que a dispensada ao motorista.
Como na carreira, em que o profissional passa a gozar de mais benefícios, no automóvel o proprietário também ganha regalias tentadoras. Poltrona de primeira classe, mesinhas, sistemas de entretenimento e ar-condicionado individual, entre outras coisas. Felizmente, existem planos de RH que possibilitam ao funcionário crescer como técnico. E os carros de luxo permitem que você assuma o volante a qualquer momento. Principalmente a bordo de um A8, que tem uma série de motivos para dispensar o motorista particular.
Durante nosso teste, usamos o banco traseiro só o tempo suficiente para experimentar o espaço na
segunda fila. Reclinamos o banco com ajustes elétricos, mas não tocamos no ar-condicionado, nas cortinas elétricas e nas luzes de leitura, nem ligamos para o sistema de aquecimento, ventilação e massagem. Porque é bom viajar relaxado, sem se preocupar com o trânsito – mas é melhor dirigir. Principalmente quando o carro é um A8.
Controlar o Audi não é sacrifício algum. O banco do motorista também tem as funções de aquecimento, ventilação e massagem do banco de trás. São cinco modos de compressão: Ondas, Batidas, Expandido, Costas e Ombros. No Ondas, os estímulos percorrem as costas do motorista da altura dos rins até os ombros. Nos modos Batidas e Expandidos, o encosto pulsa em intervalos breves (no primeiro) e longos (no segundo) em pontos diferentes das costas e dos ombros. No Costas e Ombros, o toque é o mesmo de Batidas, mas concentrado nas regiões específicas.
Além da massagem, o isolamento acústico é perfeito. E o sistema de som Bose (de série) ou Bang & Olufsen (opcional) reproduz com a mais alta qualidade. Todos os comandos do carro são acionados com suavidade. A direção com assistência elétrica é leve. Os botões dos vidros elétricos são fáceis de manusear. Em movimento, o motorista consegue perceber que está no comando de um veículo grande, pesado e bem-assentado. O A8 tem 5,13 metros de comprimento e 1 920 kg e se apoia em pneus 255/45 R19. Mas as respostas do motor V8, de 435 cv e 61,2 mkgf de torque, fazem o A8 parecer ágil como um sedã compacto.
Na pista de testes, o sedã andou feito esportivo. Nas provas de aceleração de 0 a 100 km/h ele ficou
com o tempo de 4,3 segundos, e nas retomadas de 60 a 100 km/h marcou 2,5 segundos. Seus números são tecnicamente os mesmos do Audi S7 Sportback que nós testamos no ano passado. Nessas situações, além do motor, a transmissão também teve papel importante, aproveitando bem toda a força gerada. O A8 tem tração integral Quattro e câmbio automático de oito marchas. Não medimos a velocidade máxima. Segundo a fábrica, porém, ela é limitada nos 250 km/h. Nas frenagens, ele se comportou como todo Audi que levamos para a pista. Ou seja, precisou de pouco espaço para parar. Vindo a 80 km/h, freou em 25,6 metros.
Nas simulações de consumo, o rendimento foi bom para a categoria do carro. O A8 fez as médias de 6,6 km/l na cidade e 10,5 km/l na estrada.
O Audi que está chegando agora ao Brasil foi apresentado no início do ano, no Salão de Detroit. Sua plataforma ainda é a mesma da terceira geração, lançada em 2009, com monobloco e a carroceria inteiramente de alumínio, em dois tamanhos: A8 e A8 L (5,26 metros de comprimento). E o motor 4.0 V8 é de 2012. Ele tem turbocompressor (com intercooler), injeção direta de combustível e comandos de válvulas variáveis na admissão e no escape.
Na linha 2014, o sedã passou por profundas mudanças. Seu design ganhou linhas mais retas, com cantos vivos e vincos realçados, aproximando-se do estilo adotado nos últimos lançamentos da marca, como o novo TT. Seus faróis são de led, o que não é uma novidade na marca. Mas desta vez o A8 estreia o sistema Matrix Led, que reúne conjuntos de lâmpadas (25 no total para o farol alto), lentes e refletores para conseguir a melhor iluminação em cada situação, sem ofuscar a visão dos motoristas que trafegam à frente ou no sentido contrário. Para isso, o sistema tem uma câmera que reconhece as condições da via e controla a intensidade das lâmpadas, bem como o direcionamento dos fachos.
Por dentro, o painel mudou totalmente, do console (que agora se projeta em direção ao painel central, como no Porsche Panamera) ao contorno do gabinete dos instrumentos (mais retilíneo, como a carroceria), passando pelo volante, que era de três raios e agora é de quatro, e pela alavanca do câmbio redesenhada. Há também um relógio analógico abaixo da central multimídia, que dá um ar ainda maior de sofisticação ao ambiente, embora seja um relógio comum (alguns Mercedes exibem relógios suíços IWC). No mais, o acabamento continua com madeira (no painel), couro (nos bancos) e alumínio (frisos). Uma nova geração, a quarta, é esperada para 2016, mesma época em que a BMW deve apresentar seu representante no segmento, o novo Série 7. Por enquanto, o A8 continua moderno. Ele tem sistema de visão noturna, head-up display e suspensão a ar adaptativa, entre outras tecnologias. Mas, na comparação com o rival Mercedes-Benz Classe S, que chegou à sexta geração em 2013, o Audi fica em desvantagem. Porque, além dos recursos que o A8 possui, o Classe S traz ainda scanner de piso, sistema de visão 3D (50 metros à frente) e todas as suas lâmpadas, desde a luz de leitura no console de teto até os faróis principais, de led.
Essa desvantagem é um problema para a Audi porque, assim como na vida profissional, se o comprador de um sedã de alto luxo pode escolher em que posição quer viajar, no mercado ele pode optar pelo concorrentes, na hora da compra.
Direção, freio e suspensão
Direção precisa, freios com desempenho exemplar e suspensão a ar que se adapta ao terreno.
Motor e câmbio
O motor tecnicamente sofisticado encontra um câmbio automático de oito marchas e tração integral. O resultado é um desempenho de esportivo.
Carroceria
Apesar de ser um projeto de 2009, a reestilização atualizou seu visual, sem parecer que foi adaptada.
Vida a bordo
O A8 é bem-equipado e seu acabamento é de primeira qualidade.
Segurança
Sedã vem com ESP, airbags, head-up display e sistema de visão noturna.
Seu bolso
A garantia segue a cobertura das marcas rivais. Seu preço é interessante para o segmento.
OS RIVAIS Mercedes-Benz S500
Lançado em 2013, tem mais tecnologia embarcada. Custa R$ 627.250
Jaguar XJ Supersport
Tem motor 5.0 V8 com 510 cv de potência e sai por R$ 555.800
VEREDICTO
O A8 não é tão moderno quanto o Mercedes Classe S, mas não dá para dizer que ele é ultrapassado. No segmento, o Audi ainda é uma opção interessante.