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Aceleramos o novo Chevrolet Corvette, mais rápido e europeu que nunca

Nova geração do esportivo norte-americano tem motor central-traseiro, mas promete ser mais que um brinquedo para as pistas

Por Joaquim Oliveira, de Las Vegas (EUA)
Atualizado em 1 abr 2021, 20h22 - Publicado em 24 abr 2020, 07h00
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    C8 acelera de 0 a 97 km/h (60 mph) em 2,8 segundos (Divulgação/Quatro Rodas)

    Mais de seis décadas (64 anos, precisamente) após a criação do Corvette original, eis finalmente o primeiro modelo com motor central, sonhado por seu criador, Zora Arkus-Duntov, que levou a cabo várias experiências com protótipos sem que nenhuma viesse a ser produzida.

    Além do motor central, porém, o Chevrolet chega à oitava geração totalmente renovado.

    Visualmente notamos que, para passar o motor para as costas do motorista, o Corvette avançou o habitáculo (em 4,2 cm) e as entradas de ar que existiam no capô e atrás das rodas dianteiras passaram para a seção posterior e para junto das rodas traseiras.

    Tudo porque o V8 de 6,2 litros (a que a General Motors chama, carinhosamente, de “Small Block”, e que agora é visível porque está apenas coberto por uma superfície translúcida) precisa de ar para respirar.

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    C8 acelera de 0 a 97 km/h (60 mph) em 2,8 segundos (Divulgação/Chevrolet)
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    No novo C8 temos também um aerofólio traseiro que, a uma velocidade de 190 km/h, gera uma pressão sobre o carro de 180 kg e que junto do fundo plano (pela primeira vez num Corvette) permite importantes ganhos aerodinâmicos.

    A construção continua a confiar numa espinha dorsal de alumínio, à qual são aliadas peças de fibra de carbono, fibra de vidro e magnésio, sendo o resultado final um ganho em rigidez na ordem dos 10%, mas tendo também o peso aumentado em cerca de 90 kg.

    2020 Chevrolet Corvette Stingray
    Cockpit completo e bem acabado abraça o motorista (Divulgação/Chevrolet)

    Se é verdade que o motor mudou de posição, também é certo que a Chevrolet quis manter o caráter do Corvette, que assenta muito no bloco V8 atmosférico (o único neste segmento) de 6,2 litros (apelidado de LT2 quando o anterior era o LT1).

    Ele continua a ter apenas um comando de válvulas simples no bloco e duas válvulas por cilindro, mas agora (tal como o LT1) está dotado de distribuição variável, injeção direta de combustível, desativação de cilindros e um sistema de lubrificação por cárter seco.

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    Este último, aliás, já existia nas versões topo de linha do C7, mas agora é sempre de série.

    Tudo para permitir que mesmo em acelerações transversais muito violentas – até 1,25 g – o propulsor continue sendo eficientemente lubrificado.

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    Central monitora o desempenho do carro em pista (Divulgação/Chevrolet)

    Sua potência máxima de 495 cv (na versão Z51 com escape de rendimento) é 35 cv maior que a do antecessor, e 65 kgfm de torque máximo (aumento de 1,4 kgfm), o que são incrementos modestos (num motor turbo é possível conseguir tanto ou mais rendimento só mexendo no software).

    Novidade absoluta é o câmbio automático de dupla embreagem de oito marchas (feita pela Tremec, que já fornecia o anterior manual de seis marchas), mas também no chassis há alterações importantes: molas helicoidais sobre os amortecedores (em vez das de lâminas do C7), servofreio elétrico e direção com assistência elétrica.

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    Bancos tipo concha com acabamento de luxo (Divulgação/Chevrolet)

    A suspensão dianteira pode ser elevada 4 cm (em apenas 2,8 s) para evitar que o C8 sofra em lombadas, buracos e rampas (funciona manualmente mas também pode ser automático em mil locais memorizados pelo GPS).

    O pacote opcional Z51 acrescenta diferencial traseiro eletrônico (gerencia o torque entre as duas rodas de acordo com as condições de aderência levando em conta a posição da direção e o ângulo de deriva na curva para que seja possível acelerar mais cedo sem que isso implique “sair de frente”), sistema de launch control, amortecedores magnéticos, freios redimensionados e pneus Michelin Pilot 4S.

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    Painel tem tela digital configurável de 12 polegadas (Divulgação/Chevrolet)

    O interior mudou tanto ou mais do que o exterior. Os bancos estão mais próximos do eixo dianteiro, o que favoreceu a posição de dirigir.

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    E o volante pequeno e achatado em cima e embaixo ajuda não só a empunhadura como também a visualização do painel (digital e configurável de 12”, enquanto a central tem tela de 8”).

    Como se não bastasse, o capô dianteiro é muito mais baixo (porque já não existe motor) e as colunas dianteiras estreitas, beneficiando a visibilidade dianteira.

    Claro que a traseira acabou prejudicada com a instalação do motor ali. Mas os projetistas resolveram essa limitação adotando uma câmera que projeta as imagens no retrovisor interno.

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    Câmbio automatizado tem seleção por teclas, no console, ou por alavancas no volante, no modo manual (Divulgação/Chevrolet)

    No console, há os botões P, R, N, D, O e M (manual) do câmbio, o seletor de modos de condução – que são cinco: Weather (que privilegia a segurança), Tour (para uma condução suave), Sport (comportamento mais esportivo), Track (alta performance) e MyMode (ajustes personalizados) – e um grupo de teclas do sistema de climatização enfileiradas no alto da elevação que cria uma divisão entre os espaços do motorista e do carona.

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    O passageiro, aliás, sente-se excluído de tudo o que acontece na cabine. E igualmente ruim ficou o espaço para a bagagem, que passou de 425 litros (atrás) para 357 (à frente e atrás).

    Desde os quilômetros iniciais ao volante, deu para perceber o primeiro grande progresso dinâmico do novo Corvette: a qualidade de rolamento.

    Nos modos mais confortáveis tem-se o refinamento de um Mercedes, algo que era desconhecido nas gerações anteriores. Assim, o C8 pode cumprir a função de carro do dia a dia sem dificuldades.

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    (Divulgação/Chevrolet)

    A direção é leve, o freio progressivo e o câmbio realiza trocas suaves e rápidas. Falta, no entanto, itens como piloto automático e sensor de colisão frontal, presentes nos rivais europeus.

    Mas, como quem compra um Corvette quer estar certo de que pode acelerar o carro em uma pista sem fazer feio, nós também dirigimos o muscle car no circuito de Spring Mountain (90 km de Las Vegas, no estado de Nevada), e o Corvette se mostrou em seu hábitat natural.

    Olhando a ficha técnica, foi possível ver um aumento do peso (em cerca de 90 quilos) e de potência (35 cv), o que não deveria resultar grande vantagem se não houvesse outros elementos que beneficiassem as acelerações.

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    Vincos laterais melhoram a aerodinâmica (Divulgação/Chevrolet)

    Mas há. O câmbio ganhou relações mais curtas e a aderência melhorou com o aumento do peso sobre as rodas traseiras (motrizes).

    Assim, nas provas de aceleração de 0 a 97 km/h (0-60 mph) o tempo que era de 3,9 segundos passou para 2,8 segundos (pleno “território” Ferrari).

    A resposta do acelerador é pronta e constante, com o pico do torque a 5.150 rpm.

    Na hora de parar, o sistema teve um desempenho aceitável sem contudo impressionar e, no limite da aderência, notamos uma leve tendência do carro abrir o traçado das curvas, ou seja, sair de frente, embora o C8 tenha ficado bem mais na mão que seu antecessor.

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    (Divulgação/Chevrolet)

    No fim das contas, o novo C8 aproxima-se dos melhores europeus em alguns aspetos, embora perca qualidade dinâmica ao contemplar um rodar mais confortável no dia a dia.

    De acordo com a GM, o C8 terá sua versão conversível em breve, dentro de seis meses, mais precisamente. Pela primeira vez o Corvette ganhará uma capota rígida que, segundo a fábrica, permite manter a mesma capacidade do porta-malas da carroceria cupê.

    Seja lá como for, essa versão não poderia faltar. Afinal, a configuração conversível era a única que havia no modelo original de 1953.

    Veredicto

    Graças ao equilíbrio de seu chassi e à versatilidade de sua suspensão, o C8 pode ser o carro de uso diário, mas também o brinquedo de fim de semana em uma pista.

    Ficha Técnica

    *Dados de fábrica

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