Como contamos ontem, a GAC é mais uma chinesa que terá fábrica no Brasil. Em 2023, a montadora produziu, sozinha, mais carros do que todos os que foram emplacados em nosso país no mesmo período. Agora, seus executivos excursionam por diferentes estados para definir onde será sua fábrica.
Em outubro de 2023, o chefe do GAC Group, junto a outros executivos, veio ao Brasil para uma imersão de 10 dias. A ideia era literalmente conhecer o mercado e, para isso, foi marcado um retorno em maio deste ano. Na segunda viagem, houve encontros com a Associação Brasileira do Veículo Elétrico e com empresas do setor automotivo em São Paulo. Também houve reuniões com a Huawei e visitas aos governos do Espírito Santo e do Amapá.
No caso do Amapá, a reunião contou com a presença do governador Clécio Luís, aparentemente empenhado em ter a primeira fábrica de carros do estado. As vantagens amapaenses seriam a conexão hidroviária tanto com Manaus (via rio) quanto com o mar, além de maior proximidade com os países do Hemisfério Norte.
Na prática, seria uma escolha ousada, pois o Amapá é o único estado brasileiro sem conexão rodoviária com os outros. Ainda que o escoamento por navios possa ser eficiente, haveria desafios para a formação de uma cadeia de suprimentos, mão de obra e testagem, por exemplo. Mas o investimento de 1 bilhão de dólares prometido para o Brasil não envolve só a fábrica, e é possível que os amapaenses contem com alguma outra atividade da GAC, ligada à sustentabilidade.
Os carros que a GAC quer vender no Brasil
Um detalhe interessante na reunião em Macapá é que, através dela, conseguimos evidências dos carros que pretendem lançar no Brasil.
A GAC prometeu que fábrica de carros elétricos a carros puramente a combustão e, aparentemente, os escolhidos foram apresentados ao governador. Isso porque as imagens do encontro contêm uma televisão ao fundo, onde uma apresentação de slides era exibida e marcada.
Obtivemos as fotos em alta resolução e, a partir delas, conseguimos descobrir os carros que eram selecionados pelos chineses. São nove ao todo, com destaque para os quatro da submarca Aion, especializada em carros elétricos de alta tecnologia. O Aion Y Plus (204 cv/22,9 kgfm), é o menor de todos, mas o SUV compacto se destaca pela autonomia superior a 500 km.
Acima vem o Aion LX Plus, um SUV grande, cuja bateria traz tecnologia à parte, prometendo até 1.000 km com seus 144 kWh na versão de 245 cv. Também há versão com bateria menor (cerca de 600 km de alcance), mas com tração integral e dois motores que somam 489 cv: é o suficiente para ir de 0 a 100 km/h em 3,9 s.
O Aion S Plus, por sua vez, é um sedã médio que, em 2023, vendeu mais de 200.000 unidades na China. Para tanto, o preço deve ser razoável, de modo que há alcance superior a 500 km e um motor, com 207 cv e 35,7 kgfm.
Por fim, o Aion Hyper GT é um sedã grande executivo, com elevada aerodinâmica que ajuda no alcance de até 710 km. Ele tem somente tração traseira, mas 340 cv e 44,0 kgfm que levam-no de 0 a 100 km/h em 4,9 s parecem suficientes.
Híbridos e gasolina
Ao contrário de GWM e BYD, a GAC planeja fabricar carros não-eletrificados no Brasil. Eles também foram destacados pelos executivos em outra apresentação, e todos pertencem à submarca Trumpchi (que se diferencia da Aion justamente na questão do combustível).
O maior deles é a minivan M8, cuja atual geração oferece versões com motor 2.0 turbo sozinho (252 cv/40,8 kgfm) e o mesmo 2.0 turbo em arranjo híbrido convencional (237 cv/39,9 kgfm) ou em arranjo híbrido plug-in (373 cv/64,2 kgfm). No último caso, ela é chamada de E9, e a ausência desse nome nos slides indica que ela não esteja nos planos.
Falando dos SUVs a combustão, temos o compacto GS3, que é oferecido com mecânica única, de motor 1.5 turbo (177 cv, 28,0 kgfm) e câmbio DCT de sete velocidades. O Emkoo, SUV médio, vem logo acima e, além do 1.5 a gasolina, também oferece o 2.0 turbo da M8 em voo solo ou em arranjo híbrido (desenvolvido em parceria com a Toyota). Mesmas opções do Emkoo valem para o Empow; esse um sedã médio.
Por fim, há destaque para o SUV grande GS8, que ganhou nova geração: o utilitário é outro que repete a fórmula da M8, mas sempre com motor 2.0 turbo atuando sozinho e opção de tração dianteira ou integral.
Planos
A GAC sequer tem um canal de comunicação estabelecido no Brasil, com o escritório chinês não tendo respondido QUATRO RODAS até a publicação dessa matéria. De todo modo, a visita do vice-presidente Geraldo Alckmin à China serviu para que o prazo de cinco anos fosse dado de modo oficial.
Logo, caso a GAC cumpra sua promessa, é até 2029 que teremos fábrica, centro de pesquisa e desenvolvimento e depósitos de peças funcionando no país. Seja no Amapá, no Espírito Santo ou em algum outro estado, já vemos que os planos são ambiciosos.