Vocalista do AC/DC estreia programa sobre carros
Em entrevista a QUATRO RODAS, Brian Johnson fala sobre sua coleção e elege seu modelo favorito

Todo fã de rock and roll conhece Brian Johnson. Vocalista do AC/DC desde os anos 80, este britânico nascido em Gateshead esbanja energia quando está em cima dos palcos com seus colegas de banda. Talvez só eles conheçam bem um outro lado de Johnson. Por trás da aparência simpática se esconde um maníaco por automóveis.
É justamente esta faceta do astro da música que será mostrada em “Carros Alucinantes”. O programa estreia no próximo dia 7 de agosto às 22h10 (horário de Brasília) no canal de televisão por assinatura Discovery Turbo, mostrando alguns dos carros mais cobiçados do mundo. Cabe ao próprio rock star pilotar estas máquinas e apresentá-las a uma legião de fanáticos que compartilham da mesma paixão. Tudo com muito carisma e bom-humor.
QUATRO RODAS foi o único veículo do Brasil a entrevistar Johnson juntamente com um pequeno grupo de jornalistas latino-americanos. Durante um papo bastante descontraído, Brian revelou bastidores das gravações e ainda falou sobre sua preciosa coleção de carros.
O que faz de “Carros Alucinantes” uma atração diferente dos outros programas de carros?
Procurei explorar as raízes dos projetos, abordar mais o lado histórico dos carros em vez de simplesmente falar sobre como eles são hoje. Muita gente se limita a falar só dos tempos atuais e se esquece do passado. Fico bravo quando um jornalista diz que o novo BMW M3 não é tão bom quanto o antigo. Me irrita porque a maioria das pessoas daria a vida para ter um carro desses, enquanto um jornalista dirige um carro diferente a cada semana. Quero mostrar que os carros não são apenas um monte de ferro, eles têm uma história por trás de tudo… Minha intenção é levar às pessoas a paixão que existia antigamente, tanto dos pilotos que competiam nas corridas há 50 ou 60 anos quanto de quem construía estes veículos. Sem contar que apresentar um programa de televisão foi a única maneira que arranjei para experimentar estes carros. Até porque não sou um bom jornalista! (risos)
Como você conseguiu administrar seu tempo entre as gravações do próximo disco do AC/DC e do programa?
Sabe que outro dia minha esposa me perguntou a mesma coisa? Dei uma pausa nas gravações (do novo disco do AC/DC) no dia 12 de maio para participar da Mille Miglia (tradicional prova de resistência disputada com carros clássicos) com um Jaguar e correr 1.000 quilômetros. No dia 19 de maio já estava de volta à minha rotina e depois corri as 24 Horas de Le Mans. Isso sem contar que agora estou gravando a segunda temporada do meu programa. Depois disso tudo vou me reunir com os garotos (da banda) e começar os ensaios para nossa nova turnê. E ainda arranjo tempo para me alimentar e descansar. Acho que é só isso! (risos)
Qual é a sensação de dirigir alguns dos carros mais cobiçados do planeta?
Me senti como uma criança em uma loja de doces! Sempre fui fanático por carros e não perco uma oportunidade de correr com eles. Mas poder dirigir carros que até hoje só tinha visto parado em museus foi uma sensação incrível. Isso só aconteceu graças a pessoas como Lord March e Richard Attwood, que me deixaram colocar as mãos em carros raríssimos, como o Porsche 917 vencedor das 24 Horas de Le Mans em 1971 – que hoje vale 30 milhões de libras. Como não escondi meus sentimentos durante as gravações, qualquer pessoa pode ver o quão nervoso eu estava dirigindo estes carros. Esta transparência, aliás, é uma das qualidades que mais aprecio no programa. É como se você estivesse conversando com um amigo. É essa a sensação que quero passar aos espectadores, sabe?
Qual é seu carro preferido?
É injusto pedir para escolher apenas um carro. Mas se fosse para eleger só um, ficaria com o Bentley (Le Mans Special) que quebrou o recorde de velocidade em 1931. Foi uma emoção incrível para mim. Na verdade todos os carros que dirigi são especiais de alguma maneira. Consegui me divertir ao volante de um Mini em Brands Hatch e também pilotando uma Lamborghini em Ímola. É muito complicado escolher um (veículo) preferido. Todo dia eu acordava e dirigia um carro diferente. E vou te dizer que foi muito chato fazer isso (risos)…
Quantos carros você possui hoje?
Hoje tenho 22, sendo seis deles de corrida – um dos mais raros é o Lola T-70 1965 Mark I, que teve apenas 15 unidades produzidas. Mas o meu preferido de todos é o Mini Cooper.
Parece que todo britânico adora o Mini Cooper. Por que tamanha paixão?
O Mini foi um carro desenhado por um homem só, assim como a maioria dos grandes carros já feitos na história. E o que ele (Sir Alec Ignossis, autor do projeto) fez foi algo revolucionário. Trata-se de um veículo feito para ser popular, mas que acabou sendo dirigido por celebridades, astros do rock e até reis e rainhas. É um carro democrático, que tanto os pais quanto os filhos dirigiram. É por isso que o Mini é querido por todos os britânicos. Outros modelos já tentaram igualar este feito, e alguns quase conseguiram – o Fusca, por exemplo, chegou bem perto, mas não tem o mesmo charme nem o conforto do Mini. Isso sem contar que o Fusca nunca foi um carro divertido de dirigir, ele sempre foi um meio de transporte e nada mais. Leve um Mini para um autódromo e você entenderá o que quero dizer. Tenho certeza que você vai sorrir do momento em que entrar na pista até a hora que ir embora. É um carro sensacional.