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Terceirizada nega condições análogas à escravidão em fábrica da BYD

Empresa, que teve seu contrato com a BYD rescindido, disse que houve mal-entendidos devido a falhas na tradução e diferenças culturais entre os países

Por Henrique Rodriguez Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO
Atualizado em 27 dez 2024, 13h59 - Publicado em 26 dez 2024, 11h52
FÁBRICA BYD CAMAÇARI
 (Henrique Rodriguez/Quatro Rodas)
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Contratada da BYD para construir sua fábrica em Camaçari (BA), o Jinjiang Group declarou nesta quinta-feira (26) que é inconsistente e que há mal-entendidos na tradução diante da caracterização como “condições análogas à escravidão” feita pelas autoridades brasileiras diante das condições que seus trabalhadores eram mantidos.

A declaração foi publicada na conta da construtora no Weibo, uma rede social chinesa, e é uma resposta ao relatório preliminar, publicado na última segunda-feira (23), como resultado de uma força conjunta composta pelo Ministério Público do Trabalho (MPT), pelo Ministério do Trabalho e Emprego (MTE), pela Defensoria Pública da União (DPU) e pela Polícia Rodoviária Federal (PRF), além do Ministério Público Federal (MPF) e da Polícia Federal (PF), que fiscalizou e embargou alojamentos e os locais da obra da fábrica da BYD.

Foram os órgãos federais brasileiros que anunciaram o resgate de 163 operários por estarem em condições análogas à de escravos, todos contratados da Jinjiang Construction Group, prestadora de serviços para a BYD, e que se estabeleceu como empresa no Brasil em fevereiro.

FÁBRICA BYD CAMAÇARI
Empresa de engenharia chinesa se instalou no Brasil para fazer a obra da fábrica da BYD e, agora, teve contrato rescindido (Henrique Rodriguez/Quatro Rodas)

Na última segunda-feira, a BYD disse que rompeu o contrato com a construtora Jinjiang e que vai garantir que todos os direitos dos trabalhadores sejam assegurados.

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Houve uma série de fiscalizações desde meados de novembro, quando também encontraram situações precárias e degradantes nos alojamentos, banheiros e cozinhas utilizadas pelos trabalhadores chineses. Os graves problemas de infraestrutura e higiene foram comprovados com imagens dos locais.

li yunfei
(Weibo/Reprodução)
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“Ser injustamente rotulado como ‘escravizado’ fez com que nossos funcionários sentissem que sua dignidade foi insultada e seus direitos humanos violados, ferindo seriamente a dignidade do povo chinês. Assinamos uma carta conjunta para expressar nossos verdadeiros sentimentos”, disse o Jinjiang em sua conta oficial no Weibo.

MPT
(MPT-BA/Reprodução)

De acordo com o MPT, “os trabalhadores eram obrigados a pagar caução, tinham 60% de seus salários retidos (recebendo apenas 40% em moeda chinesa), enfrentavam ônus excessivo para rescisão contratual e tinham seus passaportes retidos pela empresa. A rescisão antecipada do contrato implicava na perda da caução e dos valores retidos, além da obrigação de custear a passagem de volta e restituir o valor da passagem de ida”.

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“Para se ter uma ideia, caso um trabalhador tentasse rescindir o contrato de trabalho após seis meses, deixaria o país sem receber efetivamente nada pelo seu trabalho, já que o desconto da caução, da passagem de vinda ao Brasil e o pagamento da passagem de retorno, na prática, configuraria confisco total dos valores recebidos pelos trabalhadores ao longo da relação de trabalho”, revela o relatório.

byd
(MPT/Divulgação)

De acordo com a Reuters, a declaração da Jinjiang foi repostada por Li Yunfei, gerente geral de marca e relações públicas da BYD, em sua própria conta no Weibo. Ele acusou “forças estrangeiras” e alguns veículos de mídia chineses de “deliberadamente difamar marcas chinesas e o país e minar o relacionamento entre a China e o Brasil”.

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A declaração do Jinjiang Group ainda disse que diferenças culturais levaram à situação, e que as perguntas dos auditores brasileiros foram “sugestivas”. Também publicaram um vídeo mostrando um grupo de trabalhadores chineses em frente à câmera, com um deles lendo uma carta que, segundo o Jinjiang, os trabalhadores assinaram em conjunto. Nesta carta, diziam, por exemplo, que 107 trabalhadores haviam entregado seus passaportes à empresa para obter ajuda na solicitação de um certificado de identidade temporário no Brasil.

Carta assinada pelos trabalhadores foi publicada na Weibo
Carta assinada pelos trabalhadores foi publicada na Weibo (Weibo/Reprodução)

Há uma audiência virtual conjunta do MPT e do MTE marcada para a tarde de hoje (26) para que a BYD e a Jinjang apresentem as providências necessárias à garantia das condições mínimas de alojamento e para a regularização do que foi apresentado.

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