Sindicato teme que BYD transforme fábrica na Bahia em centro de distribuição
Trabalhadores acreditam que o aumento da frota de navios e da produção na fábrica Zhengzhou para 1 milhão de unidades/ano podem ameaçar a fabricação local

O presidente do sindicato dos metalúrgicos de Camaçari, Julio Bonfim, divulgou uma nota oficial no qual expõe preocupação sobre os rumos da fábrica da BYD em Camaçari, na Bahia. Segundo reportagem do portal Automotive Business os trabalhadores temem que a unidade da BYD na Bahia se torne no futuro uma espécie de centro de distribuição de peças e de veículos produzidos na China.
“O que está em jogo é saber se Camaçari será, de fato, um polo industrial de produção de veículos, ou se correremos o risco de nos tornarmos apenas um centro logístico de distribuição de peças e veículos semi-montados vindos da China”, diz a nota.
O sindicato argumentou para a reportagem da Automotive Business que há alguns indícios que justificam essa preocupação. Dentre eles, um alto nível de automação que está programado para existir no armazém que será construído na unidade de Camaçari; uma alegada intenção da empresa de aumentar a sua frota de navios de carga como o Explorer #1. Inclusive em 27 de abril, o quarto navio RoRo (roll-on/roll-off) da BYD iniciou oficialmente sua primeira viagem oceânica para o Brasil, com mais de 7.000 veículos partindo de Jiangsu, na China.

E também o aumento da capacidade produtiva de uma fábrica da BYD em Zhengzhou, na China, para 1 milhão de unidades/ano.
Porém o mais preocupante segundo o sindicato é o pleito da BYD junto ao Governo Federal de redução fiscal para montagem local de kits em CKD e SKD na Bahia – tornando a operação menos nacionalizada e desenvolvida no médio prazo.

Procurada pela nossa reportagem a BYD enviou a seguinte nota oficial: “A BYD reafirma seu compromisso com a reindustrialização de Camaçari e o desenvolvimento sustentável da região. Com investimento de R$ 5,5 bilhões, a fábrica terá capacidade inicial para entregar 150 mil veículos por ano.”
“A operação terá início com a montagem dos veículos, enquanto a planta avança para a produção completa, com nacionalização progressiva dos modelos mais vendidos no Brasil. A estimativa é que sejam criados 20 mil postos de trabalho diretos e indiretos ao longo do projeto, consolidando a planta baiana como o maior polo industrial da BYD fora da China.”
A previsão inicial de produção era de que as operações começassem no fim de 2024. Depois, a promessa era do início da montagem em sistema SKD até março, que também não ocorreu e agora a previsão oficial é que a produção inicie ainda em 2025.
Na quarta-feira, 7, representantes do sindicato e da montadora têm reunião marcada para discutir o futuro da fábrica.
“O sindicato dos metalúrgicos continuará atuando com firmeza, cobrando transparência da empresa. Não aceitaremos que o futuro da nossa cidade seja comprometido por estratégias comerciais de importação disfarçadas de industrialização”, conclui a nota do sindicato.